O metanol (álcool metílico), um álcool de uso industrial incolor e sem cheiro, é usado criminosamente para baratear custos na falsificação de destilados como gim, uísque e vodca; um risco constante de contaminação na cadeia de consumo de álcool. No corpo humano, ele se transforma em ácido fórmico, um veneno que ataca o nervo óptico e o sistema nervoso central.
"A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave. A ingestão pode causar cegueira e até levar à morte em poucas horas." – Organização Mundial da Saúde (OMS). A dose letal é de apenas 1 a 2 mL/kg em adultos.
Por que Minas Gerais precisa de alerta máximo
Embora o atual surto de intoxicação por metanol em bebidas destiladas esteja concentrado em São Paulo, onde se registram múltiplas vítimas, a realidade de Minas Gerais exige vigilância redobrada, com base em dados de toxicologia e histórico de tragédias:
1. O precedente histórico da contaminação em MG
Minas Gerais já enfrentou uma grande crise de contaminação de bebidas. Em janeiro de 2020, o caso de uma grande cervejaria, em Belo Horizonte, revelou a fragilidade da fiscalização e o risco de toxinas na produção.
→ O agente: Naquele caso, o problema não foi o metanol, mas o dietilenoglicol e o monoetilenoglicol, substâncias igualmente tóxicas usadas como anticongelantes.
→ As consequências: A contaminação levou a um surto de Síndrome Nefroneural, resultando em óbitos e sequelas permanentes como cegueira e insuficiência renal em dezenas de consumidores.
O precedente da cervejaria prova que o estado é vulnerável a agentes tóxicos introduzidos na cadeia produtiva, resultando em tragédias de saúde pública.
2. Metanol circula na cadeia clandestina
Estudos de toxicologia realizados em municípios de Minas Gerais e São Paulo através do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com apoio parcial do ICAP (International Center for Alcohol Policies), indicaram a presença de metanol em bebidas artesanais e clandestinas, como cachaças de alambique e licores. Isso mostra a vulnerabilidade historicamente comprovada ao metanol.
A substância tóxica já circula na cadeia ilegal de produção de bebidas no estado. O risco é que o metanol, sendo mais barato, seja usado em larga escala por falsificadores, podendo ser distribuído rapidamente até cidades do interior como Arcos.
Os sintomas que enganam: não confunda com ressaca
Não é para se preocupar com qualquer sintoma de ressaca. O importante é entender que metanol é perigoso porque seus sintomas iniciais se parecem com uma forte embriaguez ou ressaca, atrasando a busca por socorro. Veja a diferença:
A Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) emitiu um comunicado alertando especificamente para a cegueira irreversível causada pela neuropatia óptica por metanol.
Recomendação médica: aja imediatamente
Não existe dose segura para o metanol. A intervenção rápida é a única chance de reverter o quadro.
O Dr. Daniel Junqueira Dorta, toxicologista e professor da USP, alerta que o metanol altera o pH do sangue, afetando rapidamente estruturas vitais [Fonte: Veja Saúde].
Em caso de suspeita:
→ Procure imediatamente ajuda médica de emergência: Não tente métodos caseiros.
→ Acione o Disque-Intoxicação da ANVISA: Ligue para 0800 722 6001 e relate os sintomas e o tipo de bebida consumida. O tratamento exige antídotos específicos e, em casos graves, hemodiálise.
Prevenção é a chave em Arcos
A melhor defesa é a compra consciente. Para Arcos e todo o interior de Minas Gerais, a atenção deve ser máxima para evitar que o risco se materialize localmente:
→ Evite bebidas de origem duvidosa: Desconfie de preços muito abaixo da média de mercado.
→ Verifique rótulos e lacres: Compre apenas produtos de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal íntegros.
→ Atenção aos sinais de falsificação: Lacres tortos, erros de impressão, ou a falta de informações claras do fabricante/importador são grandes sinais de alerta.
A tragédia do metanol em outras regiões, somada ao histórico de contaminação em Minas Gerais, reforça a urgência de consumir apenas bebidas com procedência garantida. A ausência de registro de um surto local, não significa ausência de risco. Arcos faz parte de rotas comerciais; por isso, está vulnerável à distribuição de produtos falsificados e aos danos que isso acarreta.