“Duas pulgas estavam conversando e uma comentou:
– Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
Elas, então, contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de voo e começaram a voar. Algum tempo depois, a primeira pulga falou:
– Quer saber? Voar não é suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é menor que a velocidade da coçada dele. Temos que fazer como as abelhas: sugar o néctar e levantar voo rapidamente.
Contrataram uma abelha, que ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou:
– Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, precisamos ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente escapa, mas não nos alimentamos bem. Temos que aprender com os pernilongos, que se alimentam rapidamente.
O pernilongo as ajudou a aumentar o abdômen, mas o resultado foi outro problema: como estavam maiores, eram percebidas pelo cachorro antes de pousar.
Então encontraram uma pequena pulga, que perguntou:
– Vocês estão enormes! Fizeram plástica?
– Não, reengenharia. Voamos, picamos e armazenamos mais alimento.
– E por que estão com cara de famintas?
– Estamos aprendendo com um morcego a usar radar. E você?
– Vou bem. Forte e sadia. As pulgas adaptadas insistiram:
– Não está preocupada com o futuro? Não pensa em reengenharia?
– Claro que sim. Contratei uma lesma como consultora.
– Lesma? O que ela sabe sobre pulgas?
– Tudo. Deixei que ela observasse o cachorro. Depois de três dias, me disse: Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que ele não alcança com a pata.” Texto de Max Gehringer.
Achei o texto fantástico... estamos o tempo todo muito preocupados em fazer grandes reengenharias, mudanças, transformações e, eu realmente, considero importante que estejamos ligados às atualizações, a entender as mudanças de cenários e irmos nos adaptando às novas realidades que a cada segundo bate as nossas portas, mas essa história me fez refletir de que, precisamos ficar atentos ao óbvio, ao simples, ao que realmente é necessário. Se estivermos atentos e observando os movimentos, com cuidado, sem atropelos, muitas mudanças podem acontecer de forma leve, assertiva e muito eficiente.
Forte abraço,
