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Exposição “Faroeste 10 anos” começa no próximo dia 17

O filme Faroeste, que será exibido no anfiteatro da Casa de Cultua Maria do Carmo Frias, em Arcos, terá também uma exposição que ficará disponível durante o período de exibição do filme.

A abertura da exposição intitulada “Faroeste 10 anos”, começará às 19h do dia 17 e contará com objetos de arte, figurinos, cartazes, trailer e teaser, documentos e dezenas de fotos de bastidores.  Uma mostra que enriquecerá ainda mais a experiência dos expectadores.

Como já noticiado pelo Portal Arcos, as exibições do filme Faroeste começarão no próximo dia 17 e irão até o dia 20, com sessões às 20h.

Delani Lima, Marco Fugga e Wladimir Winter. Foto: Rudji Mayal

 

FAROESTE

Um filme de ABELARDO DE CARVALHO

 

A feitura do roteiro do filme Faroeste se iniciou logo após o lançamento de meu primeiro romance BESTIÁRIO, na Casa de Cultura de Arcos, em 2002. Um lançamento regado a garapa, café com rapadura e cachaça, paçoca de carne e broa de milho. Ou seja: apenas reproduzimos a culinária dos tropeiros, tão presente no livro e, agora, no filme. No hall de entrada, cinco mulas paramentadas davam o tom do lançamento. O romance serviu de universo de referência para o filme, todo ele calcado na particular trajetória de seu personagem principal: Luís Garcia.

Quando optamos por chamar o projeto de FAROESTE, estabelecemos, claro, logo um diálogo direto com o gênero cinematográfico. Penso que todos os ingredientes de um faroeste clássico estão presentes: o formato da tela em cinemascope; os grandes planos abertos, os closes fechadíssimos, os duelos e a dublagem. Os maiores dubladores brasileiros participam do projeto. Mauro Ramos – que dublou personagens como Shrek, Pumba do Rei Leão e Silas Bundowsky, do Meu Malvado Favorito, dentre muitos outros – narrou e assinou a direção de dublagem do nosso FAROESTE. Márcio Seixas – o dublador oficial do Clint Eastwood no Brasil – empresta a sua voz ao nosso Luís Garcia. Orlando Drummond, dublador oficial do Sargento Garcia (Zorro) fez o nosso Comandante de polícia. E, assim segue, conceitualmente. As diversas cenas de cavalos contaram com a valiosa participação dos animais: o cavalo Brinquedo e a afamada mula Champanhe Granfina Império – ambos gentilmente cedidos à produção pelo empresário Luís Vicente da Costa do Império Rural. Este é, portanto, um faroeste essencialmente mineiro, com um tempo mineiro de observar as coisas, suas liturgias e religiosidades, econômico nas palavras, mas nada econômico ao abordar a exuberância de nossos cenários rochosos.

Desde o início, a ideia imposta pelo baixíssimo orçamento era filmarmos apenas com luz natural. O jovem fotógrafo carioca, Vinícius Brum, topou reproduzir a luz do início do século XX, quando não tínhamos ainda eletricidade no interior do país. E este efeito se faz sentir em todo o filme e proporcionou uma identidade visual de composição ímpar às cenas noturnas. Centenas de potentes velas foram produzidas numa fábrica de Formiga. Os lampiões e as lamparinas, as tochas e as fogueiras ajudaram sobremaneira a dar à nossa história ainda mais dramaticidade. Nas cenas diurnas, usamos apenas o sol. O jornalista carioca e crítico de cinema Leonardo Luiz Ferreira escreveu em seu blog: “a fotografia de Vinicius Brum é uma das melhores do cinema contemporâneo brasileiro em que varia a beleza dos planos-gerais e arrojo de sequências internas.

Seguindo a obsessão do nosso personagem Luís Garcia por ouro e prata, as cores do filme puxaram para o dourado nas cenas externas e para o prateado nas cenas internas. Eu penso também que o Vinícius foi muito feliz na maneira elegante com que ele enquadrou o nosso personagem principal, dando a ele um caráter ainda mais trágico e mítico. O crítico Leonardo Luiz Ferreira ainda anotou: “outro elemento que pode ser ressaltado no longa é o desenho de som, realizado pelo então jovem carioca Bernardo Uzeda. Não só a trilha sonora compõe bem com as imagens como os sons criam um universo bem particular.” De fato, o som do nosso Faroeste é um capítulo à parte. Saímos das filmagens apenas com o som guia. Nada valendo, portanto. Mas como a ideia era, desde o início, dublar os atores e refazermos todos os efeitos sonoros em estúdio, isto nunca foi um problema. Muito pelo contrário, tal decisão arriscada nos permitiu concentrar forças na captação das imagens e foi determinante para atrair o interesse de Bernardo Uzeda, também responsável pela trilha sonora original. Um dia dissemos a ele: tudo neste filme range. E foram adquiridos mil e quinhentos diferentes rangidos, centenas de efeitos de cavalos e sons ambientes diversos. Pesquisamos e conseguimos gravações de todos os nossos pássaros regionais: do Corumbá à Serra da Canastra, limites donde a nossa narrativa se desenvolve. João Evangelista Rodrigues – poeta e musicista arcoense – atua no filme interpretando o também saudoso arcoense Zé Leopoldo, de Calciolândia. No caso, a produção optou por situar o curandeiro na gruta da Cazanga, onde ele fecha o corpo de Luís Garcia, numa cena antológica de rara plasticidade.

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