• 02/05/2024
30 Setembro 2023 às 08h50
Fonte de Informação: Da Redação: Nicole Patrícia

Saúde mental da Pessoa Idosa

Fechando a série de matérias dentro do tema Setembro Amarelo, abordaremos com a ajuda da psicóloga clínica, Selma Rodarte, a Saúde Mental da Pessoa Idosa.

Segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, 15,1% da população em 2022 tratava-se de pessoas idosas. Mais propensas a sofrer com algum problema de saúde psíquica, as pessoas com 60 anos ou mais enfrentam várias questões que devem ser observadas com atenção.

Ociosidade e solidão

Ao se aposentar a ociosidade se torna um problema. Selma Rodarte, psicóloga clínica, explica que esse é um dos fatores que afetam a saúde mental da pessoa idosa: “A aposentadoria muitas vezes traz mudanças significativas na rotina diária, como a perda da estrutura proporcionada pelo trabalho e diminuição das interações sociais. Tais mudanças podem levar à diminuição da autoestima, desmotivação e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas”.

Outro problema é a solidão que muitas pessoas nessa fase da vida sentem.  A maioria passa muito tempo sozinha. Selma fala sobre a importância da interação social para diminuir esse sentimento e evitar maiores problemas: “a falta ou diminuição de interação social pode ter um impacto significativo na saúde mental da pessoa idosa. A solidão crônica pode levar a sentimentos de tristeza, ansiedade, depressão e até mesmo ao desenvolvimento de doenças mentais como a demência. A falta de contato social pode levar ao declínio cognitivo, mais rápido em idosos, além de aumentar o risco de desenvolver condições como o Alzheimer”, alerta.

A psicóloga explica que existem outras possíveis causas para essa dificuldade: “A solidão pode estar associada a problemas de sono, baixa autoestima, falta de motivação e redução da qualidade da vida em geral. A interação social é importante para a saúde mental, pois ajuda a manter a mente ativa, proporciona suporte emocional que reduz o estresse”.

Isolamento social

O isolamento causado por todas essas questões também deve ser tratado com atenção segundo a psicóloga: “Quando a pessoa idosa se sente isolada e não tem com quem compartilhar suas experiências, emoções e pensamentos, pode ocorrer um declínio significativo em sua saúde mental. Por isso é muito importante que os idosos sejam incentivados a participar de atividades sociais, juntar-se a clubes, grupos de interesse, participar de programas comunitários ou buscar companhia de amigos e familiares. Além disso é importante que os profissionais de saúde estejam atentos e ofereçam um suporte adequado, incluindo indicação de terapia e recursos sociais”, aconselha. 

Vida ativa

Manter o corpo em movimento é uma necessidade da pessoa idosa. Selma diz que é importante que essas pessoas mantenham uma vida ativa para evitar problemas de saúde: “A manutenção de uma rotina ativa e significativa após a aposentadoria é essencial para o bem-estar mental nesta fase da vida. As atividades como voluntariado, hobbies, exercícios físicos e participação em grupos sociais podem ajudar a preencher o tempo livre e fornecer um senso de propósito e conexão com os outros”, explana.

Ela ainda explica elenca várias atividades que podem ser feitas, mesmo aquelas pessoas que não têm o costume de se exercitar: “Dependendo do interesse e capacidades individuais, atividades físicas leves são indicadas como caminhadas, yoga, hidroginástica e dança. Essas são ótimas opções para manter o corpo em movimento. Além disso há a possibilidade de participação de grupos sociais, encontro com amigos, voluntariado e participação em grupos religiosos. Aprender novas habilidades, desenvolver interesses antigos por meio através de cursos, aprender novas línguas, artesanato, pintura, música, culinária, conhecer lugares diferentes, explorar novos lugares e culturas, vivenciar novas experiências. Jogos de tabuleiros, cartas, quebra-cabeça, jardinagem, leitura, assistir filmes ou séries podem ser opções de entretenimento para desfrutar em casa. É importante lembrar que as atividades devem ser adaptadas às condições físicas de cada idoso e é sempre importante consultar profissionais de saúde antes de fazer qualquer atividade física.

Apoio familiar 

De acordo com Selma, promover a saúde mental de uma pessoa idosa pode exigir uma abordagem multifacetada e dá algumas sugestões para familiares ajudarem nesse processo: “Estabelecer uma comunicação aberta com a pessoa idosa, incentivando-a a falar sobre os seus sentimentos, medos, ansiedades e experiências de vida. Tudo isso pode ser feito através de conversas regulares, respeitando suas opiniões e emoções; oferecendo suporte, amor, respeito e apoio emocional constante. É preciso estar aberto e demonstrar essas atitudes de respeito. A pessoa idosa deve saber que tem pessoas em quem pode confiar e com quem pode contar nos momentos difíceis. É vital estimular o cognitivo e incentivar a envolver a pessoa em atividades que estimulem seu cérebro, como jogos de palavras, quebra-cabeças habilidades que vão manter o cérebro ativo e combater o declínio cognitivo. É importante a estimulação física, o incentivo à prática de exercícios adequados à idade e condição física da pessoa idosa. Sempre monitorar a saúde física e mental do idoso, acompanhar de perto incentivando a realizar exames médicos regulares, seguir as prescrições médicas e fornecendo o apoio emocional quando necessário. E necessário também permitir que a pessoa idosa toma suas próprias decisões e mantenha a sua independência o máximo possível”, ressalta

Mudança de comportamento

É imprescindível o monitoramento do comportamento da pessoa idosa para que se possa entender as mudanças quando elas acontecem.

Selma alerta os familiares e cuidadores sobre essa necessidade: “À medida que envelhecem as pessoas podem enfrentar desafios e mudanças na saúde mental, física e emocional. Alguns sinais podem incluir tristeza persistente, isolamento social, apatia, insônia, alterações no apetite, dificuldade de memória e concentração. Esses podem ser alguns dos indicadores de problemas de saúde física e mental como depressão e demência, por exemplo. Dentre outras condições médicas subjacentes. Familiares e cuidadores precisam estar atentos a mudanças de comportamento. Estar presente, observar e comunicar-se regularmente com os idosos pode possibilitar uma detecção precoce de problemas e ajudar a garantir que eles recebam o apoio adequado para lidar com as mudanças que enfrentam à medida que envelhecem”, discorre.

Selma enumera alguns sinais evidentes de que a pessoa idosa pode estar com algum problema mais grave:

  • Mudanças de humor: flutuações frequentes, comportamento irritável, raiva ou tristeza extrema sem motivo aparente, ansiedade excessiva mudança no comportamento agitação pensamentos de morte ou suicídio, expressões de desejo de morrer, falta de propósito ou se sentir um fardo para os outros.
  • Isolamento social: evitar interações com familiares e amigos, preferindo passar a maior parte do tempo sozinho.
  • Dificuldade de concentração e memória: esquecer informações básicas, dificuldade em lembrar eventos recentes ou realizar tarefas cotidianas, desinteresse por atividades que antes eram prazerosas.
  • Mudanças físicas: falta de apetite, perda ou ganho significativos de peso, desânimo, sinais físicos inexplicáveis, dores de cabeça, dores musculares frequentes, sono excessivo.

Ela explica que esses sinais variam de pessoa para pessoa e que nem sempre são necessariamente indicativos de problemas de saúde mental. O mais coerente é buscar ajuda profissional para o tratamento adequado e se possível, manter acompanhamento psicológico: “À medida que envelhecemos é comum enfrentar os desafios emocionais e psicológicos; as perdas, solidão, mudanças na saúde física e a diminuição da independência. Esses aspectos podem impactar negativamente a saúde mental da pessoa idosa. É fundamental que essas pessoas tenham acesso ao serviço de saúde mental, incluindo acompanhamento psicológico para garantir uma vida saudável e equilibrada em todas as fases da vida. É importante que a pessoa idosa seja incentivada a procurar novas atividades, oportunidades de envolvimento, além de manter contato regular com familiares amigos e comunidade. Também é aconselhável que eles busquem suporte profissional sim como terapeutas ou conselheiros caso precisem de ajuda para adaptar-se a nova fase da vida”, finaliza.

 

Expressão “pessoa idosa”

Foi substituída, através da Lei nº 14.423, de 2022, em toda lei a expressão “idoso” para “pessoa idosa’. Segundo a justificativa do Projeto de Lei, a inclusão da palavra “pessoa” não é apenas uma questão de semântica. Tem o intuito de combater a desumanização do envelhecimento.

Leia o texto completo da Lei nº14.423 de 2022.

 

Etarismo

De acordo com a Academia Brasileira de Letras, etarismo refere-se discriminação e preconceito baseados na idade, geralmente das gerações mais novas em relação às mais velhas; idadismo.

Esse também é um problema enfrentado pela pessoa idosa que sofre pela falta de oportunidade de emprego ou disparidade salarial devido à “idade avançada”. Exclui a possibilidade de uma vida ativa aumentando o risco de problemas físicos e mentais. Usando estereótipos, tiram da pessoa idosa o que ela pode experienciar e tudo aquilo que ela pode oferecer para o seu entorno através de sua experiência de vida. 

Um “costume” arcaico que precisa ser debatido até que se torne apenas um significado no dicionário.

 

Cartilha dos direitos da Pessoa Idosa

Conheça a Campanha #FaçaSuaParte para apoiar a saúde mental.

Acesse CVV (Centro de Valorização da Vida) para conseguir ajuda.

Saiba mais sobre a campanha Setembro Amarelo.

 

“SE PRECISAR, PEÇA AJUDA!”

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