• 01/05/2024
19 Setembro 2023 às 11h51
Fonte de Informação: Da Redação: Nicole Patrícia

Saúde mental infantil

Setembro Amarelo nos traz questões importantes que antecedem o suicídio e precisam ser tratadas. A Saúde Mental infantil é onde tudo começa. E onde, com a ajuda de uma profissional, começaremos a abordagem do tema.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. Observando esse significado, toda criança deve ser tratada com cautela e atenção, afinal, essa fase é de suma importância para a construção da estrutura mental do indivíduo; o que afetará todas as fases seguintes da vida de forma positiva ou negativa.

Pensando na seriedade do assunto, o Portal Arcos convidou Selma Rodarte, psicóloga clínica, formada pela PUC Minas, profissional que pode responder com propriedade sobre assuntos de saúde mental que permeiam as relações entre crianças, familiares e sociedade.

Selma Rodarte, psicóloga clínica.

A entrevista

Quais os sinais mais comuns e visíveis de que uma criança está enfrentando algum problema de saúde mental?

“Embora cada criança seja única, existem alguns sinais comuns que podem indicar que a criança está enfrentando problemas de saúde mental. Alguns desses sinais incluem: 

  • Mudanças de humor frequentes intensas: se a criança está demonstrando emoções extremas ou incontroláveis, como tristeza intensa, raiva extrema ou euforia desproporcional, isso pode indicar um problema de saúde mental.
  • Isolamento social: se a criança começa a afastar-se de amigos e familiares, evita atividades sociais ou prefere ficar sozinha isso pode ser um sinal de problemas de saúde mental. 
  • Alterações no desempenho escolar queda repentina no rendimento acadêmico, dificuldade de concentração, falta de interesse nas atividades escolares e relutância em ir à escola podem indicar um problema de saúde mental. 
  • Mudanças no sono e no apetite: problemas de saúde mental podem causar alterações no padrão de sono, como Insônia ou sono excessivo. Também podem afetar o apetite, levando a mudança significativas no peso. 
  • Queixas físicas frequentes: às vezes problemas de saúde mental podem se manifestar em sintomas físicos como dores de cabeça frequentes, dores de estômago, fadiga constante ou tensão muscular. 
  • Comportamentos impulsivos ou destrutivos: agir impulsivamente, correr riscos desnecessários, comportamento autodestrutivos como cortar-se, praticar automutilação ou demonstrar agressividade excessiva podem ser sinais de problemas de saúde mental.

É importante ressaltar que esses sinais não indicam necessariamente um problema de saúde mental, mas podem ser indicativos de que é necessário observar a criança com maior atenção e buscar ajuda profissional casa seja necessário. Cada criança é única e o diagnóstico precisa ser feito por um profissional de saúde mental qualificado.”

O que pais ou responsáveis podem fazer para ajudar a criança a verbalizar seus sentimentos?

“Existem várias estratégias que os pais ou responsáveis podem adotar. Algumas delas incluem: 

  • Crie um ambiente seguro e acolhedor. É fundamental que a criança se sinta à vontade para expressar seus sentimentos sem medo de ser julgada ou rejeitada. Os pais devem garantir um ambiente seguro e acolhedor onde a criança se sinta confortável para compartilhar suas emoções.  
  • Demonstre empatia e validação: os pais devem demonstrar empatia e validar o sentimento da criança mesmo que não concordem com eles. Isso ajuda a criança a sentir-se compreendida e encorajada a se expressar abertamente.
  • Use palavras e linguagem apropriadas para a idade: os pais devem usar uma linguagem adequada para a idade da criança ao falar sobre sentimentos. Isso pode incluir palavras simples e claras usando exemplos concretos e criando histórias ou desenhos para ilustrar as emoções.
  • Estabeleça uma rotina de comunicação: criar momentos regulares para se sentar e conversar com a criança sobre seus sentimentos pode ser muito útil. Isso pode acontecer durante uma refeição, antes de dormir ou em qualquer momento que seja consistente e previsível.
  • Incentive a expressão criativa: muitas crianças acham mais fácil expressar seus sentimentos através da arte, como desenho, pintura ou escultura. Por isso incentive a criança a se envolver em atividades criativas. Isso pode ajudá-la a liberar emoções e estimular a comunicação emocional.
  • Modele a expressão emocional saudável: os pais devem se esforçar para serem modelos positivos de expressão emocional saudável. Isso significa compartilhar seus próprios sentimentos de forma apropriada, falar abertamente sobre as emoções e mostrar para a criança que é normal e aceitável expressar os sentimentos.
  • Busque apoio profissional, se necessário: Se a criança estiver enfrentando dificuldades significativas em expressar seus sentimentos, pode ser útil buscar a ajuda de um profissional como psicólogo infantil. Eles podem ajudar a criança a desenvolver habilidades de comunicação mais eficazes e oferecer estratégias adicionais para apoiar o processo.”

Quais são os problemas mais comuns enfrentados na fase da infância? 

“A criança pode apresentar ansiedade, depressão transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDH) e transtorno do espectro autista (TEA). Algumas crianças podem enfrentar atrasos no desenvolvimento físico, cognitivo ou social que requerem intervenção especializada. Problemas comportamentais como birras, agressividade ou dificuldade de socialização podem ocorrer na infância. Problemas na alimentação, como recusa a comer certos alimentos ou distúrbios alimentares também podem ser um desafio. Ainda podem enfrentar o bullying, exclusão social e conflitos com colegas que podem afetar a saúde emocional e autoestima. Problemas familiares como divórcio, abuso, negligência, ou falta de suporte familiar podem ter impacto negativo ao bem-estar das crianças. Além da dificuldade de aprendizado, falta de motivação ou desinteresse escolar que também são comuns na infância.”

Como abordar assuntos delicados, como preconceito, morte, racismo e bullying, que precisam ser debatidos, de forma que a criança entenda?

“Realmente, são assuntos extremamente delicados. Comece explicando o que é o preconceito de maneira simples e clara. Utilize exemplos do dia a dia para ajudar a criança a entender como ele pode acontecer. Enfatize a importância de tratar todas as pessoas com respeito independentemente de aparência, religião ou origem étnica. Estimule a empatia, encorajando a criança se colocar no lugar dos outros e entender como suas ações podem afetar os sentimentos dos outros. 

A morte: use uma linguagem adequada para a idade da criança evitando termos técnicos e assustadores. Explique que a morte é uma parte natural da vida e que todas as pessoas eventualmente morrem. Nesse momento é importante responder a todas as perguntas da criança e esclarecer todas as dúvidas. Ofereça um espaço seguro para que a criança possa expressar emoções e luto, permitindo que ela chore, faça perguntas ou compartilhe suas memórias. 

Racismo: explique para a criança que todas as pessoas são iguais, independentemente da cor da pele e que todos merecem ser tratados com respeito. Apresente exemplos de situações de racismo de forma apropriada para a faixa etária da criança. Estimule a diversidade e a inclusão, mostrando que cada pessoa possui características únicas e que isso é algo muito positivo. É importante enfatizar e combater o racismo e encorajar a criança a proteger e defender os direitos de todas as pessoas. 

Explique o que é o bullying e destaque que esse comportamento é inadequado e prejudicial. Fale sobre a importância de respeitar os colegas para que o ambiente possa ser seguro e acolhedor. Incentive a criança a ser uma aliada, para que quando ela estiver presenciando uma situação de bullying ela possa denunciar e apoiar a vítima no momento. Ensine a criança a se comunicar de forma assertiva, exercer a empatia para lidar com o bullying. Que é preciso se colocar no lugar do outro e se comunicar, tanto se estiver sofrendo, quanto se testemunhar o mesmo.”

O uso demasiado de celular e videogames pode causar algum prejuízo na formação psicossocial da criança? Quando pais e responsáveis devem buscar ajuda?

“Sim, o uso excessivo pode causar prejuízo na formação psicossocial da criança. Passar muito tempo em frente a telas pode acarretar consequências negativas como a falta de interação social, dificuldade de comunicação e de relacionamento interpessoal. Uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode afetar o desenvolvimento cognitivo, emocional e físico da criança. A exposição constante de dispositivos pode levar a problemas de sono alterações de humor, ansiedade e depressão. Nesses casos, os pais e responsáveis devem buscar ajuda de profissionais como psicólogos e pediatras, que poderão auxiliar no entendimento e tratamento dos possíveis prejuízos causados. Esses profissionais poderão orientar quanto à limitação do tempo de uso, dar dicas de atividades alternativas e auxiliar na reconstrução da interação social e desenvolvimento emocional da criança. Além de encaminhar para outros profissionais conforme a demanda de cada criança.”, finaliza.

 

          É preciso reforçar a importância do diálogo, acolhimento e suporte em todos os âmbitos da vida da criança. De forma que as relações sejam construídas em uma base sólida de mútua confiança e pertencimento familiar, o que pode contribuir com uma formação positiva e/ou na detecção de problemas que requerem maior atenção.

Outro ponto importante é a promoção de políticas públicas que orientem e amparem crianças e seus familiares como prevenção ou enfrentamento de problemas já existentes. A saúde mental da criança também existe e deve ser cuidada com atenção.

 

Conheça a Campanha #FaçaSuaParte para apoiar a saúde mental.

Acesse CVV (Centro de Valorização da Vida) para conseguir ajuda.

Saiba mais sobre a campanha Setembro Amarelo.

 

“SE PRECISAR, PEÇA AJUDA!”

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