Na última terça-feira (09) foi realizada, no IFMG-Arcos, a primeira reunião de consolidação do Projeto Florescer – mulheres que renascem, sonhos que florescem. A iniciativa, idealizada pela vereadora Jaiane Soares, visa acolher, apoiar e fortalecer mulheres vítimas de violência doméstica.
Em entrevista ao Portal Arcos, a vereadora Jaiane Soares falou um pouco sobre o projeto: “O Projeto nasceu da necessidade que percebi de termos, em Arcos, iniciativas mais concretas voltadas para apoiar mulheres que sofrem violência doméstica [...]. O Florescer surge com o propósito de oferecer acolhimento psicológico, apoio social e, principalmente, oportunidades de qualificação e autonomia financeira. Porque muitas mulheres permanecem na violência justamente pela dependência do agressor. Nosso objetivo é dar a essas mulheres condições de retomar o controle sobre suas vidas, se fortalecerem e escreverem uma nova história para elas e para suas famílias”.
Para discutir os primeiros passos da implantação do projeto no município, estiveram presentes: a vereadora Jaiane Soares; a delegada de Polícia Civil em Arcos, Dra. Hionara Araújo Pimentel; a promotora de Justiça, Dra. Juliana Amaral; a presidente da Comissão do Direito da Mulher da OAB Arcos, Dra. Elena Maria Garcia Rezende Leão; a presidente da OAB Arcos, Dra. Fabiana Guimarães; Dra. Priscila Camões; o diretor do IFMG Arcos, Nilton Vieira Junior; Guilherme Couto, representante do CONSEP; além de membros do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.
A reunião também contou com a participação, por videoconferência, da advogada Dra. Patrícia Nicodemus, secretária-geral da OAB Camboriú–SC. Ela apresentou o projeto “OAB pra Elas”, iniciativa premiada que oferece apoio a mulheres em situação de violência doméstica. Durante sua fala, Dra. Patrícia apontou caminhos de como o modelo pode ser adaptado e aplicado em Arcos por meio do Projeto Florescer.
Ela destacou a necessidade da união entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para garantir a efetiva implantação de projetos como esse: “Precisamos dar as mãos umas às outras [...]. É fundamental ter esta interligação entre as redes de proteção, para podermos trabalhar em conjunto. Que possamos florescer e incentivar estas mulheres a seguirem caminhos melhores e a terem escolhas melhores.”
A delegada Dra. Hionara Araújo Pimentel também reforçou a urgência de fortalecer a rede de apoio às mulheres no município:
“É muito interessante termos a possibilidade de discutir um tema tão importante. Aqui em Arcos, a rede ainda é muito enfraquecida. Tivemos uma audiência pública em 2023 sobre o assunto, mas não vimos grandes avanços. Espero que este debate possa contribuir para que efetivamente possamos dar os primeiros passos para desenvolver o projeto.”
Ela ainda colocou a Delegacia de Polícia Civil à disposição para colaborar com a execução da iniciativa.
Ao final da reunião, Jaiane Soares ressaltou a importância de reunir todo apoio possível para o desenvolvimento de ações concretas.
“Para ajudar de forma efetiva as mulheres vítimas de violência doméstica, sabemos que é essencial a construção de uma ampla rede de apoio. Por isso, o envolvimento da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Ministério Público, do Corpo de Bombeiros e das forças de segurança como um todo é fundamental [...]. Esse apoio é essencial, porque não conseguimos chegar até as mulheres sem estas parcerias. O que eu espero agora é dar continuidade a esse diálogo e transformar o apoio em ações concretas, formando uma verdadeira rede de proteção. Só assim poderemos devolver às mulheres vítimas de violência a dignidade, a autonomia e, principalmente, a chance de uma mudança real de vida”.
Violência contra a mulher
Os números revelam a gravidade da situação. No Brasil, em 2024, mais de 1.200 mulheres foram vítimas de feminicídio — uma média de quatro por dia. A Central Ligue 180 registrou 750.887 denúncias, representando aumento de 21,6% em relação a 2023.
Em Minas Gerais, ocorre uma denúncia de violência doméstica contra mulheres a cada quatro minutos, colocando o estado como o segundo do país em número de feminicídios: 133 vítimas apenas em 2024.
Em Arcos, os dados locais também chamam a atenção: medidas protetivas solicitadas (EAMPS): 153 em 2023, 213 em 2024 e 127 até julho de 2025.
Ocorrências registradas pela Polícia Civil: 156 em 2023, 131 em 2024 e 92 apenas no primeiro semestre de 2025.
Registros da Polícia Militar (incluindo visitas tranquilizadoras): 500 em 2023, 434 em 2024 e 355 até julho deste ano.
Projeto Florescer
O Projeto Florescer surge como uma resposta a essa realidade, buscando oferecer apoio, qualificação e autonomia às mulheres vítimas de violência. A iniciativa reconhece que muitas delas permanecem em relações abusivas devido à dependência econômica, falta de apoio jurídico e fragilidade emocional.
Para mudar esse cenário, o projeto pretende disponibilizar cursos profissionalizantes, além de apoio jurídico e psicológico, possibilitando que essas mulheres conquistem autonomia, renda, trabalho e novas oportunidades.