• 19/01/2025
14 Dezembro 2024 às 08h30
Autor: Padre Max Cândido

O Domingo da Alegria: um encontro com a Felicidade Verdadeira

Vivemos em uma época marcada pela busca incessante por felicidade. A sociedade moderna nos convida a procurá-la em conquistas materiais, prazeres imediatos ou reconhecimento externo, mas, ironicamente, quanto mais a perseguimos, mais ela parece escapar entre os dedos. Nesse contexto, o Domingo da Alegria, celebrado no terceiro domingo do Advento, surge como um convite para reconsiderarmos o que realmente significa ser felizes. A cor rosácea, usada nas vestes litúrgicas e na vela correspondente da coroa do Advento, não é apenas um símbolo estético; ela carrega um profundo significado existencial. Misturando o roxo do recolhimento e o branco da festa, o rosado nos lembra que a alegria verdadeira não é algo que fabricamos ou conquistamos, mas um presente que emerge no encontro com o sagrado.

A modernidade nos seduz com a promessa de que a felicidade está sempre "logo ali": na próxima promoção, no relacionamento ideal, nas redes sociais ou nas posses acumuladas. Contudo, essas promessas frequentemente deixam uma sensação de vazio. A alegria do Gaudete, por outro lado, é um contraponto radical a essa lógica. Ela não depende de circunstâncias externas, mas nasce da certeza de que “o Senhor está perto” (Fl 4,5). Essa proximidade divina nos desafia a olhar para além de nossas expectativas imediatas. Não é a alegria fácil do consumo, mas a alegria transformadora que floresce no coração daquele que encontra sentido na esperança e no amor que Deus oferece.

A cor rosácea do terceiro domingo do Advento é uma metáfora visual para o estado da alma em busca de sentido. Ela aponta para o já e o ainda não: já experimentamos a proximidade de Deus, mas ainda aguardamos o cumprimento pleno de sua promessa. Essa tensão reflete a própria condição humana: vivemos entre desejos não realizados e momentos de plenitude fugaz. O Domingo da Alegria nos convida a abraçar essa tensão com confiança. A verdadeira felicidade não reside na eliminação de toda espera, mas na capacidade de encontrar beleza e significado mesmo no meio dela.

Diferentemente da felicidade passageira que o mundo oferece, a alegria cristã é duradoura porque está enraizada em algo que não pode ser tirado de nós: o amor incondicional de Deus. Em Isaías 35,1-10, ouvimos: “Alegre-se a terra que era deserta... Eis o vosso Deus, Ele vem para vos salvar.” Essa promessa nos ensina que a alegria não ignora a dor, mas é capaz de surgir mesmo em terras desertas, transformando sofrimento em esperança. No fundo, a alegria do Gaudete é um lembrete de que não somos apenas peregrinos em busca de sentido; somos também destinatários de uma promessa divina. Não precisamos fabricar felicidade; precisamos apenas abrir o coração para recebê-la.

O que o Domingo da Alegria tem a dizer para a modernidade? Ele nos provoca a perguntar: estamos procurando felicidade nos lugares certos? A celebração deste domingo nos desafia a redescobrir a alegria que não se baseia no ter, mas no ser — não no acúmulo de conquistas, mas no encontro com aquilo que transcende. Essa alegria não anula os desafios da existência, mas lhes dá um novo significado. É a luz que surge na escuridão da dúvida, a certeza de que somos amados mesmo em nossa imperfeição. Em um mundo que associa felicidade à ausência de problemas, a mensagem do Gaudete nos ensina que a verdadeira alegria é aquela que resiste ao sofrimento, porque está enraizada em algo eterno. O Advento é uma oportunidade de pausa em meio à agitação moderna. É um convite a refletir sobre o que realmente importa, a iluminar o coração com a cor rosácea da esperança e a abraçar a alegria que vem de Deus. Essa alegria não é uma emoção passageira, mas uma atitude profunda de confiança e gratidão.

No fim, o Domingo da Alegria nos lembra que não precisamos criar nossa própria felicidade. Ela já está disponível para nós, presente no amor de Cristo e na promessa de sua vinda. A pergunta que permanece é: estamos dispostos a abrir mão de nossas buscas insaciáveis para acolher a alegria que só Ele pode dar?

Que, ao longo deste Advento, possamos não apenas esperar pelo Natal, mas redescobrir a luz que já brilha em nossos corações. A verdadeira felicidade não está distante; ela nos encontra no encontro com o Amor.

Colunista
Padre Max Cândido

Padre Max Cândido é um sacerdote da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos). Ele é conhecido por seu trabalho de evangelização através de podcasts, onde aborda temas de fé, espiritualidade, e vida cristã. Seus podcasts são bilíngues, em português e alemão, e tratam de assuntos como o papel do padre, neutralidade política, e desafios enfrentados pelos jovens hoje em dia. Além disso, ele oferece direção espiritual online e tem diversos recursos disponíveis para aqueles que buscam aprofundar sua vida espiritual.

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