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As promessas milagrosas e os perigos para a saúde do idoso

Idosos são alvo frequente de promessas médicas sem comprovação. Suplementos, terapias e curas milagrosas podem agravar doenças e atrasar tratamentos eficazes

A sedução das falsas promessas

Nunca se falou tanto sobre saúde e envelhecimento. Redes sociais, propagandas e até profissionais da área médica divulgam soluções “revolucionárias”, que prometem desde a cura de doenças graves até o rejuvenescimento instantâneo. Mas quando se trata da saúde do idoso, essas promessas milagrosas são um risco real e, muitas vezes, uma crueldade.

A fragilidade natural do envelhecimento e a busca por qualidade de vida tornam os idosos alvos fáceis para informações enganosas. Não é raro que famílias gastem economias inteiras em suplementos, terapias ou equipamentos sem eficácia comprovada – e, pior, que comprometam a própria saúde ao adiar tratamentos realmente necessários.

Vitaminas: vilãs quando usadas sem orientação

Um dos maiores exemplos são as vitaminas e suplementos.

Muitos anúncios dizem que eles “aumentam a energia”, “rejuvenescem” ou “fortalecem a memória”. O que raramente é dito é que qualquer suplementação só deve ser indicada após exames e avaliação médica detalhada.

No idoso, o metabolismo é diferente: fígado e rins podem não tolerar excessos. Vitaminas em altas doses podem causar intoxicação, interagir com remédios de uso contínuo e até mascarar sintomas de doenças graves.

💡 Exemplo real: excesso de vitamina D pode causar pedras nos rins; altas doses de vitamina A aumentam o risco de quedas e fraturas em idosos.

O que parece inofensivo pode, na prática, colocar a vida em risco.

Alzheimer: a mentira da “cura”

Entre as falsas promessas mais cruéis estão as que dizem reverter o Alzheimer.

A ciência já comprovou: a doença não tem cura. Existem medicamentos e terapias que retardam sua evolução e melhoram sintomas, mas nenhuma reversão total.

Mesmo assim, proliferam anúncios de óleos, dietas ou protocolos “secretos” que prometem milagres. Essas falsas soluções não só enganam famílias desesperadas, como podem levar ao abandono de tratamentos sérios, agravando o quadro do paciente.

Um diagnóstico de demência exige rigor:

                 Histórico clínico minucioso;

                 Exames laboratoriais para descartar causas reversíveis (como alterações na tireoide ou falta de vitaminas);

                 Testes cognitivos padronizados;

                 Exames de imagem para investigar o cérebro.

 

Rotular um idoso sem essa investigação é irresponsável e causa sofrimento desnecessário.

O perigo do “resultado imediato”

Outro ponto que merece alerta: a saúde do idoso não segue a lógica da rapidez.

Quando um profissional ou propaganda promete efeitos em dias ou semanas – seja em memória, força física ou rejuvenescimento –, desconfie. O cuidado médico sério é um processo gradual, cheio de nuances.

Exemplo: o tratamento da hipertensão ou do diabetes em idosos exige ajustes finos e acompanhamento constante. Não existem “atalhos” seguros. Quem promete o contrário vende ilusão.

Onde mais se escondem as falsas soluções

As promessas enganosas vão além dos suplementos e das curas milagrosas:

                 Cremes “anti-idade” que rejuvenescem em semanas – não existe fórmula para reverter o envelhecimento;

                 Dietas radicais que prometem cura de doenças crônicas – podem gerar desnutrição e complicações graves;

                 Terapias alternativas sem respaldo científico – algumas oferecem bem-estar, mas jamais substituem tratamento médico;

                 Aparelhos milagrosos para dor ou circulação – além de caros, são ineficazes e alimentam falsas esperanças.

 

Na internet, esses anúncios aparecem com frequência, geralmente acompanhados de depoimentos emocionados e vídeos “antes e depois”. Mas emoção não é ciência.

O que realmente funciona

A medicina séria não promete milagres. O que garante mais qualidade de vida na velhice é o conjunto de fatores bem conhecidos:

                 acompanhamento médico regular;

                 uso responsável de medicamentos;

                 alimentação equilibrada;

                 prática de atividade física adaptada;

                 apoio psicológico e social;

                 e, principalmente, humanização no cuidado.

Um bom médico deve unir conhecimento técnico, experiência clínica e empatia, reconhecendo que cada idoso é único. O cuidado exige paciência, ajustes constantes e, quando necessário, apoio de uma equipe multidisciplinar.

Aos idosos e cuidadores:

As promessas milagrosas podem até soar bonitas, mas não salvam vidas. Pelo contrário: desviam a atenção, roubam recursos e colocam em risco a saúde de quem mais precisa de proteção.

Aos idosos e suas famílias, deixo um alerta: não existe atalho na medicina. Desconfie de curas rápidas, questione informações das redes sociais e confie em profissionais sérios, que baseiam suas condutas em ciência e ética.

A saúde do idoso é um tesouro que merece cuidado genuíno, não ilusões vendidas como milagres.

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