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Brutas de Batom: grupo de mulheres que conciliam seu amor pelo ciclismo com os estudos, trabalho e família

A cada ano que passa as mulheres conseguem se tornar protagonistas em várias áreas de sua vida, seja na carreira, no esporte ou nos estudos. Em todas as áreas é possível ver a força e dedicação do poder feminino. Um exemplo que temos aqui na cidade de Arcos, são as mulheres que conseguem conciliar o trabalho, a casa, família e ainda tirar um tempo para praticar um esporte, entre eles o ciclismo.

O grupo de ciclismo “Brutas de Batom” conta com aproximadamente 100 mulheres assim, que mesmo em meio a correria do dia a dia, conseguem separar um tempo para pedalar. Para falar um pouco mais sobre o grupo, a reportagem do Portal Arcos conversou com três integrantes: Daniela Júnia da Silva; Célia Regina de Moura e Emillainy Marques Tavares.

Daniela Júnia da Silva, de 27 anos, além de integrante, também é uma das responsáveis pelo grupo. Ela nos contou que o grupo iniciou em 2018, e foi fundado por Daniela Oliveira. Atualmente, administrando o grupo está Daniela Júnia, Emillainy e Miriam e o grupo conta com aproximadamente 100 mulheres.

Ela explicou que, por ser muitas mulheres e cada uma ter uma rotina diferente, elas não conseguem se reunir com muita frequência. Porém, ao menos uma vez ao ano elas realizam uma campanha para se reunirem.

“Hoje em dia nós estamos conseguindo nos reunir todas juntas apenas no Outubro Rosa, porque são muitas mulheres e nunca todas conseguem conciliar o tempo. Muitas vão no horário que conseguem, algumas vão à noite, outras de manhã, ou a tarde. E tem a questão do condicionamento também, pois umas conseguem pedalar mais forte, outras fazem pedal leve e algumas treinam para competir’, explicou.

Ao falar sobre o principal objetivo do grupo “Brutas de Batom”, Emillainy Marques, que também é uma das administradoras, comentou que o intuito é proporcionar a todas as mulheres um momento de descontração e um ambiente para o desenvolvimento de amizades.

“O objetivo do grupo é atrair mais mulheres, porque tem muitas que se sentem abandonadas por ser mãe e não conseguirem praticar um esporte. E no grupo, como tem muita mulher, uma vai conhecendo a outra, acaba que só de estar vendo quem está no grupo outras começam a se interessar”.

 

Quase 200 mulheres em 2021

Elas comentaram que o ano de 2021 foi o que contou com a maior adesão de mulheres praticando o ciclismo, pois ainda era um período pandêmico, e por isso, as mulheres tinham mais tempo disponível. Além disso, o ciclismo era um esporte que podia ser praticado ao ar livre, sem o contato direto com outras pessoas e isso era permitido nas diretrizes em prevenção a proliferação da Covid-19.

“As pessoas estavam em casa afastadas do trabalho, então as mulheres com o trabalho remoto tinham mais tempo para conciliar com o pedal. E como ela tinha que ficar só dentro de casa, aquela atividade permitiu que ela pudesse ter outra atividade fora de casa, onde ela não precisasse ter tanto contato. Então foi uma época que impulsionou o ciclismo, pois as pessoas tinham mais disponibilidade para estar pedalando”.

 

Conciliando trabalho, casa, família e ciclismo

“Todo dia a gente tem que abrir mão de alguma coisa para pedalar, porque não é fácil. Se não fizermos isso, nunca teremos um tempo disponível” – Célia Regina de Moura

Célia Regina de Moura, tem 43 anos, é casada, tem uma filha, dois netinhos, e também trabalha fora, ainda assim ela consegue tirar um tempinho para pedalar.

Célia nos contou que começou a pedalar em 2018, por meio do convite de amigas que já participavam do grupo. Desde então, ela continuou no grupo, porém, atualmente ela consegue pedalar em poucos momentos, e por isso, o ciclismo se tornou para ela uma forma de descontração.

“Eu não consigo ter muita disponibilidade, não consigo ir em qualquer horário, porque é muita coisa para termos que conciliar. Eu sou mãe e já sou vovó, além disso eu tenho trabalho extra: o trabalho dentro de casa, roupa, comida, são várias funções. Sou mãe, filha, esposa e vovó, então já tem mais um item para eu agregar que é o ciclismo. Hoje eu já não consigo treinar, eu faço mais como passeio, um momento de interação para estar com as amizades que a gente fez, pois, por meio do grupo e formei amigas”, comentou.

Porém, mesmo com o pouco tempo disponível, Célia ama praticar o ciclismo em seus tempos disponíveis: “Normalmente eu faço na parte da manhã, pois eu acho mais gostoso. Então minha vida no ciclismo é assim e me faz muito bem, é muito gostoso estar ao ar livre, sair e ter aquele vento gostoso e também faz muito bem para a cabeça da gente. E outra coisa que a bike me proporciona é a qualidade de vida no trabalho, porque eu vou de bike para o trabalho, é raro o dia que eu vou de carro, então eu venho e volto do trabalho todos os dias de bike”.

 

“Hoje a minha disponibilidade é menor, hoje eu trabalho, estudo, tenho filho, marido, casa, então já é mais difícil” – Emillainy Marques Tavares

Para Emillainy também não é fácil conciliar o trabalho, estudo, família e o ciclismo. Ela nos contou que começou a praticar o ciclismo depois de sua gravidez, e que para conseguir sair para pedalar ela levava seu filho junto.

“Depois que meu filho nasceu eu comecei a andar uma vez na semana. Com o passar do tempo eu já queria melhorar, então eu ganhei uma bicicleta melhor do meu esposo, aí eu comecei a pedalar mais vezes. Porém, eu não tinha com quem deixar meu filho. Então, quando ele fez um ano e dois meses eu arrumei uma cadeirinha, eu o colocava na frente e ia para a Sanitária pedalar”, comentou.

Atualmente seu filho já tem quatro anos e quando ela sai para pedalar, seu filho mais velho toma conta do mais novo.

 

“Eu fiquei nove meses afastada por causa da gravidez, mas já voltei semana passada, e estou fazendo de tudo. Tenho que levantar às 05h para pedalar” – Daniela Júnia da Silva

Daniela Júnia, também concilia o esporte com a vida de mãe e dona de casa. Ela nos contou que sempre treinou para participar de competições e com a gravidez ela teve que para um tempo com o ciclismo. Porém, agora ela já está retornando com tudo.

“Eu pretendo voltar a competir, a próxima competição que eu pretendo ir é em julho deste ano, que é a do Avelar. Mesmo que eu chegue em último lugar eu quero estar lá na linha de chegada”.

 

 

Outubro Rosa

O mês de outubro – mês de conscientização contra o câncer de mama e de colo do útero – é quando todas as mulheres do grupo “Brutas de Batom” conseguem se reunir. Nesta data, todos os anos elas organizam um pedal especial, onde fazem doações destinadas a Sociedade Vencer.

“Normalmente a gente arrecada alimentos ou produtos de higiene para a Sociedade Vencer. Já fizemos doação de lenços e até de cabelo, onde algumas mulheres que tinham o cabelo grande quiseram doar”.

 

Mais investimento no ciclismo em Arcos

Ao final da entrevista, perguntamos a opinião delas com relação ao incentivo do ciclismo em nosso município. Se está tendo ou não investimento no esporte, por parte do setor privado ou público.

Daniela Júnia comentou os incentivos para o setor melhoraram nos últimos anos, com a realização de eventos e campeonatos de ciclismo na cidade.

“Eles já conseguiram trazer aqui para Arcos a corrida do Avelar, que é muito conhecida, e cada vez mais que tiver competições assim, mais vai melhorar e ajudar o ciclismo na cidade. E isso gera um interesse a todos, aos ciclistas, a prefeitura e aos comerciantes”.

Porém, ela ressaltou que ainda assim, é necessário aumentar os investimentos, principalmente, por parte do setor privado, com empresas patrocinando atletas. “O ciclismo é um esporte caro. Para ir em uma competição tem inscrição, revisão da bike, às vezes você tem que comprar roupa, então fica bem caro e, por isso, precisamos um pouco mais do apoio de todos”.

 

Mais respeito nas ciclovias

Emillainy também ressaltou um ponto importante, que é a necessidade de uma fiscalização e mais investimentos nas ciclovias da cidade, tendo em vista que muitos motoristas não respeitam a sinalização e os ciclistas.

“Na sociedade muitas pessoas enxergam sim o ciclista, respeitam, porém, eu ainda vejo um desrespeito muito grande, porque nas leis de trânsito nos temos preferência sobre os carros e muitas vezes eles enxergam a gente e não estão nem aí, muitos fecham o carro na frente da gente”, comentou.

Segundo ela, é necessário que tenha uma fiscalização, pois muitos carros também estacionam na ciclofaixa, pessoas deixam cair vidro, e tudo isso faz com que os ciclistas não consigam andar na ciclovia.

“Às vezes a gente deixa de andar em um lugar que é nosso, para andar na rua. Muitas vezes a gente é até xingando e perguntam o porquê não estamos na ciclovia, mas, as vezes a ciclovia está cheia de cacos de vidro e lá não tem a devida manutenção ou tem carros atrapalhando a passagem. Então falta um pouco de incentivo da prefeitura e das autoridades para estarem cobrando isso da população”.

 

Como participar do grupo?

As mulheres que quiserem participar do grupo “Brutas de Batom” devem entrar em contato com elas pela página no Instagram @brutas.de.batom

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