Quando falamos de celebração e reunião de família a primeira data comemorativa a vir em nossa mente é o Natal. Momento este, onde todos se reúnem para relembrar o nascimento de Jesus Cristo e também para reencontrar pessoas queridas, colocar a conversa em dia e recordar bons momentos em família.

E justamente para falar sobre esses momentos em família – aproveitando o clima de Natal – a reportagem do Portal Arcos entrevistou o arcoense Senhor Roberto Rodrigues de Souza, de 97 anos, que é o patriarca da família Rodrigues. Na entrevista, ele contou um pouco de sua história e falou sobre um de seus momentos preferidos: o de estar entre a família.

Sr. Roberto Rodrigues de Souza veio de uma família grande. Ele é filho de José Rodrigues de Souza Neto e Elizena Galdino de Castro, que tiveram 28 filhos e criaram 15. Sr. Roberto é o filho do meio. Seu pai José Rodrigues e sua mãe Elizena Galdino dão nome a duas ruas do bairro Santo Antônio.

Sr. Roberto foi casado por 64 anos com Dezerê Rodrigues de Souza (in memoriam), com quem teve 8 filhos. Ele também tem 12 netos, oito bisnetos e um tataraneto.

Sem estudo, Sr. Roberto criou seus filhos com o trabalho do campo

Ao recordar sua história, Sr. Roberto contou que não estudou e, por isso, começou a trabalhar muito cedo na fazenda, para ajudar os pais em casa.

“O nosso trabalho na época era muito diferente do de hoje, eu trabalhava plantando lavoura e nós não usávamos adubo e nem trator. Eu com sete anos já trabalhava para ajudar em casa. Eu nunca estudei, porque a escola era longe, então eu trabalhava, eram 12 homens só da família trabalhando, não tínhamos funcionários. E como o trabalho tomava muito o meu tempo, acabava que eu ficava desanimado de estudar”.

Ele comentou que naquela época o estudo não era tão valorizado como é hoje e, por isso, as pessoas não se preocupavam muito em estudar. Porém, a falta de estudo não impediu Sr. Roberto de aprender as coisas. “Eu puxei meu pai, ele era igual a mim, não precisou de diploma nenhum, eu comprava gado e fazia as contas tudo de cabeça e eu puxei isso dele. Sei assinar meu nome e fazer conta de cabeça”.

Sr. Roberto trabalhava com lavoura, tirava leite e também fazia rapadura no engenho. Foi com esses trabalhos que ele criou todos os seus oitos filhos.

Porém, mesmo Sr. Roberto tendo 97 anos isso não o parou, pois ele ainda continua trabalhando.

“Eu trabalho até hoje, ainda não parei de trabalhar. Eu zelo das criações e tiro leite ainda”, comentou.

Igreja de Santos Reis

Como parte da história de Sr. Roberto também está a igreja de Santos Reis. Foi ele e a esposa que doaram o terreno para a construção da igreja na comunidade do Córrego das Almas.

“Eu e minha esposa doamos um terreno para fazer a igreja de Santos Reis aqui no Córrego das Almas. Tem um rapaz que foi criado com os meus meninos, o Xodozinho Sanfoneiro, quando o pai dele morreu eu fiquei devendo uma promessa de fazer uma capelinha. Aí o Xodozinho chegou lá na minha casa, eu estava até viajando levando gado para Campo Belo –  levando tocado a cavalo, três dias de viagem – aí quando eu cheguei minha esposa falou que tinha arrumado um pedacinho de terra para poder fazer a capelinha”.

Além de participar das missas, Sr. Roberto também gosta de comemorar seus aniversários no pátio da igreja, é uma festa que reúne todos os amigos e familiares.

“O aniversário eu faço no galpão da igreja, eu nem preciso convidar ninguém, porque as pessoas já vêm. Às vezes o Xodozinho aparece também”.

Sr. Roberto explicou que nesses dois últimos anos não teve a festa, por causa da Covid-19, porém, assim como é feito em todos os anos, Sr. Roberto conseguiu manter parte da festa, que é a arrecadação de alimentos para fazer e doar cestas básicas as pessoas necessitadas.

“Eu penso que nós temos que ajudar, pois, somos todos irmãos, todos filhos de um pai só”, comentou.

Boa Saúde

Aos 97 anos a saúde do senhor Sr. Roberto é excelente, ele nos contou que nunca foi internado e que nem sabe o que é uma dor de cabeça. Ele também ressaltou o fato de nunca ter tido um inimigo.

“Eu graças a Deus nunca fui internado, exames agora que vai inteirar quatro, porque eu não sinto nada, mas, o Doutor exigiu que eu fizesse. Eu nunca tive uma dor de cabeça, não sei o que é dor de cabeça, a única coisa que eu tive foi dor de dente. E eu como de tudo. Como muito bem. Eu sou igual uma boia de caixa d’água, toda hora eu vou só completando”, comentou rindo.

Sr. Roberto, ainda leva uma vida ativa e saudável. Levanta todos os dias às 05h, reza a novena, toma seu café e vai cuidar da criação.

“E eu gosto muito de ter uma família grande, porque todo domingo os meus netos vão lá pra casa para almoçar. Tem dia que almoça lá comigo umas 20 pessoas” – Sr. Roberto

Para Sr. Roberto Rodrigues, toda a sua saúde e disposição tem contribuído para que ele continue disfrutando de muitos momentos bons com a família, seja nos aniversários, no Natal, Ano Novo, ou no esperado dia de nascimento de um novo membro da família.

Sr. Roberto comentou que se sente muito feliz por ter momentos assim: “eu gosto muito de ter uma família grande, porque todo domingo os meus netos vão lá pra casa para almoçar. Tem dia que almoça lá comigo umas 20 pessoas. Eu sou uma pessoa muito feliz e que não tenho nada a reclamar”.

Neste Natal, Sr. Roberto fará questão de novamente estar reunido com sua família para as celebrações, pois para ele o Natal representa: “a união da família, o nascimento de Jesus Cristo”.