• 17/05/2024
15 Outubro 2022 às 07h09
Fonte de Informação: Da Redação - Cecília Calixto

Dia do Professor: Dona Leninha se recorda das aulas práticas e divertidas que fazia com seus alunos entre 1980 e 2008

Em entrevista ao Portal Arcos, ela falou sobre seus 28 anos de história como professora da 5ª à 8ª série em Arcos

Assim como o dia das mães, podemos dizer que o dia do professor é todo dia, pois ele desempenha um papel importante na formação de cada cidadão, levando diariamente às salas de aula: conhecimento, inspiração e orientação. E como forma de homenagear e agradecer todos os professores por seus anos de dedicação, a reportagem do Portal Arcos entrevistou uma conhecida professora de Arcos, a senhora Maria Helena Vieira de Faria, mais conhecida por seus ex-alunos como Dona Leninha. Ela nos falou um pouco sobre seus 28 anos de história como professora da 5ª à 8ª série, em Arcos

A professora arcoense, Maria Helena Vieira de Faria (Dona Leninha) tem 64 anos e é casada com o dentista Dr. José Donizetti, com quem teve dois filhos: Renata e Gustavo. Maria Helena trabalhou como professora por 28 anos e já está aposentada há 14 anos.

Na entrevista, pedimos que inicialmente ela nos contasse um pouco de sua história. Ela nos contou que nasceu em Arcos e morou por alguns anos no Corumbá, local onde ficou até se formar na 4ª série. Após isso, ela veio para a cidade e estudou na escola Estadual Berenice Magalhães Pinto. “Na época era difícil estudar, porque a gente tinha que ter livros comprados e também tinha admissão para conseguir entrar para na escola”, comentou.

Enquanto ela estudava, aos 15 anos ela também começou a trabalhar na loja do pai do seu esposo Dr. Donizetti. E foi após se formar que ela decidiu fazer faculdade de Pedagogia. “Comecei a fazer faculdade em Formiga, era difícil também naquela época, por que a gente tinha que ficar o fim de semana lá, e como não tinha como pagar uma pensão a gente tinha que ficar na casa dos outros de favor. Eu ficava na casa da tia de uma colega minha. Foi difícil, mas, eu consegui vencer”, contou.     

 

Professora da 5ª à 8ª série 

Maria Helena nos contou que ao terminar a faculdade começou a trabalhar como professora da 1ª à 4ª série, na escola Estadual Dona Maricota Pinto. Porém, ela não se identificou muito em trabalhar com crianças pequenas e decidiu tentar dar aula para adolescentes da 5ª à 8ª série, e foi onde ela se encontrou.

Em seus 28 anos de trabalho ela lecionou nas seguintes escolas de Arcos: Escola Estadual Dona Maricota Pinto; Escola Estadual da Vila Boa Vista, Escola Estadual Dona Berenice de Magalhães Pinto e Escola Estadual Yolanda Jovino Vaz.

 

“Eu gostava, eu vi que eu tinha aptidão para ser professora. [...] Eu comecei a dar aula e eu vi que dava certo e que eu nasci para aquilo” – Maria Helena

Maria Helena explicou que decidiu se tornar professora, pois na época havia poucas opções de graduação para mulheres, tendo em vista que muitos cursos eram disponibilizados apenas em cidades mais distantes. Porém, ela disse que quando começou a dar aula percebeu que tinha aptidão para ser professora.

“Uma vez uma aluna me disse que eu tinha entusiasmo e na época que eu dava aula era difícil porque as turmas eram grandes, de 40 a 50 alunos, não tinha turma de 20 alunos, e eu tinha seis turmas diárias. Eu costumava falar para eles, no primeiro dia de aula, que eu iria fazer de tudo para eles, mas, que eu queria ter retorno. E eu tive retorno, pois eles tinham muito carinho comigo, nunca um aluno me desrespeitou em 28 anos de trabalho. Então foi um período muito bom”.

“Eu tinha um amor muito grande pelos meus alunos, era incrível isso. A gente se adaptava bem, tinha algumas turmas mais difíceis e que me faziam virar do avesso e ser ainda melhor, pois, eu gostava de fazer essas coisas para não ficar monótono, pois, naquela época não tinha computador, não tinha celular, nada dessas coisas”.   

 

Aulas práticas e divertidas

“Era difícil eu ter uma aula normal. Eu sempre fazia uma aula diferente, eu gostava de aulas dinâmicas” – Maria Helena

Dona Leninha é conhecida por suas aulas diferentes e divertidas, fazendo com que o aluno colocasse a mão na massa e aprendesse de forma mais prática.

“Eu queria fazer com eles gostassem de aprender as coisas, de ter prazer de aprender, sem ser aquela coisa monótona por obrigação e assim a aula passava rápido. Eu queria que eles gostassem e eu percebi que eles gostavam”.

Ela contou que era muito difícil ter uma aula normal, pois costumava fazer aulas diferentes com dinâmicas, teatro, música e demonstrações práticas.

“Se tinha uma matéria que eu sabia que seria muito difícil eu inventava alguma coisa como um teatro, eu levava meu violão e fazia música, eles adoravam e aprendiam com a música. Eu já tive aluno me procurando depois de muitos anos, dizendo que quando foi fazer o vestibular se lembrou de uma música que eu havia ensinado e isso aconteceu várias vezes”.

Ela também viajava com eles, normalmente levava três ônibus cheios de alunos da 8ª série para a Lafarge, a Química e outros locais. Fazia aulas ao ar livre, em jardins, em seu sítio, fazia feiras no pátio da escola e também um chá, onde se convidava todos os pais para participar.

“Eles gostavam de tudo e eles nunca esqueceram porque quando é uma coisa que você coloca a mão você não esquece”.

Ela também se lembrou de outras atividades práticas inusitadas que ela fazia com os alunos em sala de aula: “Quando eu ia ensinar para eles a metamorfose do sapo eu levava um aquário, colocava na sala e nele a gente colocava os ovinhos do sapo, para os alunos verem eles desenvolvendo para girino até virarem sapinhos. Quando eu ia dar aula de aves, eu levava uma galinha para a escola, a gente abria a galinha e eu mostrava todas as partes e quando terminávamos a gente ia fazer galinhada e os meninos amavam”.

 

Influencia na vida dos alunos

Maria Helena nos contou que conseguiu ser uma influência positiva na vida dos alunos e que, devido esta influência, muitos se tornaram grandes profissionais.

“Eu dei aula por 28 anos e dentre os vários alunos, muitos se formaram na área da saúde, têm médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, dentistas. Eu acho que eu consegui influenciar um pouco na vida deles para decidirem o que queriam fazer”.

Segundo ela, muitos desses alunos que a encontram hoje em dia, dizem que foram influenciados por ela em suas profissões, o que para ela é gratificante.

 

Respeito e valorização dos professores

Perguntamos a ela, se ela acha que antigamente os alunos tinham mais respeito e carinho para com o professor. Em resposta, ela disse que sim, pois na época em que lecionava os alunos tinham um respeito muito grande pelos professores. “Não tem nem comparação. No dia do professor eu ganhava presentes, muitos presentes. Eu tenho até hoje guardada uma caixa cheia de mensagens dos meus alunos e hoje, infelizmente, você não vê isso mais não, eles nem lembram do dia do professor. Mas, antes tinha muito carinho e respeito pelos professores”.

Além disso, ela disse que os professores também deveriam ser mais valorizados em outros âmbitos, pois segundo ela, muita coisa continua da mesma forma em que era na sua época.  

“Nós não somos valorizados. Eu acho que o professor é desmotivado, devia ter mais coisas para eles terem entusiasmo de dar aula e, não só por dar aula, porque se não fica aquela aula monótona que o aluno não aprende”.

Para ela a valorização tinha que começar de cima, por todas as autoridades governamentais. Ela ressaltou que isso é importante, pois atualmente é bem mais difícil de o professor conseguir lidar com o aluno: “Hoje é difícil para os professores, pois os alunos levam celular para a sala, colocam o fone de ouvido e isso faz com que eles fiquem dispersos e isso dificulta o trabalho dos professores”.

 

“Desejo que os professores tenham entusiasmo para trabalhar, que venham gostar do que fazem, porque a gente tem que ser feliz no que faz” – Maria Helena

Ao final da entrevista, Maria Helena deixou uma mensagem para os professores e também para os seus ex-alunos.

“Desejo que os professores tenham entusiasmo para trabalhar, que venham gostar do que fazem, porque a gente tem que ser feliz no que faz, se você é um professor que não é feliz você não vai ser produtivo. Se você vai ser professor você tem que estar preparado e tem que ter entusiasmo para ensinar os alunos e não deixar ficar algo monótono e automático”.

“Aos meus alunos quero dizer que eu sinto muita saudade daquela época. Eu tenho um sítio e teve uma vez que nós estávamos estudando sobre matas ciliares, aí eu enchi um ônibus com alunos e nós fomos plantar mata ciliar na beirada do rio, na época o José Wilson que era chefe do IEF, foi lá e levou as mudas para os alunos plantarem e hoje as árvores estão enormes, e isso me faz lembrar deles, pois eu tenho muita saudade. E eles me ensinaram muito, pois nós aprendemos muito com os alunos. Eu deixo aqui um beijo para todos eles”, finalizou.

 

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