• 08/05/2024
27 Setembro 2022 às 11h52
Fonte de Informação: Da Redação - Cecília Calixto

Setembro Amarelo: Dr. Cláudio Vidal fala sobre os cuidados com a saúde mental e os sinais de alerta

O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade, e por isso, falar sobre o assunto não pode ser considerado um tabu. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de um milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

Então, para falar sobre a importância do combate ao suicídio e dar dicas sobre como podemos observar e ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis, o Portal Arcos entrevistou o médico psiquiatra Dr. Cláudio Luiz Vidal de Oliveira.

 

Reportagem – Passamos pela pandemia e agora muitas pessoas já conseguiram voltar a vida normal. Porém, sabemos que muitas pessoas tiveram a sua saúde mental afetada durante esse período. Com isso, gostaríamos de saber quais foram as principais situações que afetaram a saúde mental das pessoas durante a pandemia.

Dr. Cláudio Vidal –Nós estamos no mês setembro amarelo que é um mês onde se trabalha a campanha de prevenção ao suicídio. Mas, vale lembrar que não devemos nos ater a prevenção apenas no mês de setembro, ela tem que ser mantida durante os doze meses. E durante a pandemia houve ainda mais a questão do isolamento social, onde as pessoas deixaram de ter essa interação social que é muito importante, onde maximizou ainda mais os sintomas depressivos, os sintomas de ansiedade, entre vários outros contextos de doenças psiquiátricas que se agravaram cada vez mais”.

 

ReportagemNesse ‘pós-pandemia’, o senhor observou um aumento no número de pessoas que estão passando por problemas de saúde mental?

Dr. Cláudio Vidal“Eu percebi de forma bem expressiva o aumento da demanda, principalmente em crianças, pois eu atendo também na área da psiquiatria infantil. Porque as crianças, durante um bom tempo, deixaram de ter convivência com outras crianças, tendo o contato apenas com o pai e às vezes, apenas com a mãe. Depois quando teve o retorno à escola, os pais chegaram a ter muita dificuldade para regressar ou iniciar a jornada de seus filhos as atividades escolares. Muitos deles tiveram que buscar apoio psicológico e da psicoterapia para conseguir essa reabilitação da criança junto as atividades escolares, devido ao fato de durante a pandemia não terem tido essa socialização com outras crianças”.

 

Reportagem – Podemos dizer que os laços com outras pessoas são importantes para a melhorar a saúde mental?

Dr. Cláudio Vidal“O que eu digo para meu paciente no consultório é que o tratamento não é apenas tomar medicação, se ele quer um resultado diferente no tratamento, tem que haver um comportamento diferente, dentre eles a socialização, pois, o contato com a família é muito importante. Então se ele quer um resultado diferente, tem que ter um comportamento diferente”.

“E as pessoas hoje em dia estão vivendo muito mais no mundo virtual, do que no mundo real. Isso aumenta ainda mais o isolamento social, pois a pessoa vive em um mundo que não existe, ela perde a própria identidade e cria uma que não existe. Isso gera mais ansiedade, a pessoa fica mais isolada, deixa de interagir com os familiares e deixa de criar novas oportunidades. E nós queremos viver no mundo real, mas muitos, infelizmente, começam a viver no mundo virtual desde a infância, pois os pais passam o celular para a criança e aos poucos os próprios pais param de socializar com a criança e vão criando esse vício que é muito prejudicial”.

 

Reportagem – O senhor acha que as pessoas estão procurando com mais frequência o atendimento psiquiátrico ou ainda existe um tabu a ser quebrado?

Dr. Cláudio Vidal“Eu acho que felizmente nós estamos quebrando esses paradigmas, mas ainda estamos muito longe do ideal. Durante a minha consulta eu procuro, em grande parte do tempo, conscientizar meu paciente de que as doenças psiquiátricas não são fraqueza, ou frescura, ou falta de Deus, mas a pessoa procurar por ajuda é um sinal de coragem”.

“E os parentes têm que ficar atentos aos sinais para poder acolher aquela pessoa que necessita, e buscar ajuda de um profissional especializado, de um psiquiatra, para acolher sempre com responsabilidade, humanidade e conduzir o paciente da melhor forma possível. Porque, infelizmente, muitas pessoas acham que é frescura ou falta de Deus, e por acharem dessa forma não procuram por ajuda especializada e perdem o casamento, perdem oportunidades no trabalho. Mas, se procurassem por ajuda médica e especializada isso tudo não aconteceria, pois, o tratamento médico ideal é aquele onde se busca o lado humanizado, focando sempre no bem-estar do paciente, na qualidade de vida e na funcionalidade do paciente”.

 

Reportagem Quais são os principais sinais de alerta que temos que observar para percebermos se uma pessoa está depressiva ou se está querendo tirar a própria vida?

Dr. Cláudio Vidal – “Os sintomas são adversos, as vezes o paciente muda muito a questão do humor dele, podendo ter uma oscilação, ficando mais triste, deprimido, com desânimo persistente, baixa autoestima, sentimento de inutilidade, uma perda do interesse de fazer as coisas, isolamento social, mudança de apetite onde a pessoa pode comer mais do que deveria ou ter perda de apetite, pode ter ganho ou perda de peso, pode ter insônia, dificuldade tanto para começar o sono tanto para manter o sono, ou dormir em excesso, perda de energia ou fadiga em excesso. Então são sinais importantes para que os familiares fiquem atentos e no caso desses alertas, procurem por um médico psiquiatra de sua confiança, para que conduza e faça uma avaliação para rever os critérios e redirecionar os pacientes de forma humanizada, para que ele tenha funcionalidade no seu dia a dia”.

 

Reportagem – De qual forma podemos ajudar as pessoas que estão passando por situações assim?

Dr. Cláudio Vidal – “Você pode buscar a ajuda de um médico psiquiatra que vai fazer o tratamento farmacológico e também, muitas das vezes, é aconselhado fazer a psicoterapia que vai ajudar ele a rever alguns comportamentos que devem ser avaliados e alterados, porque se o paciente quer um resultado diferente tem que ter um comportamento diferente e quem vai ajudar o paciente nessa mudança comportamental é o psicólogo”.

“Então a psicoterapia vem complementar o tratamento farmacológico, então, o trabalho conjunto do psicólogo e do psiquiatra é o casamento perfeito para acolher e direcionar o paciente no melhor caminho”.

 

Reportagem – O que mais pode ser feito no dia a dia para melhorarmos a nossa saúde mental?

Dr. Cláudio Vidal – “É muito importante buscar ter uma convivência saudável com familiares e amigos, para ter uma boa interação social. Praticar atividades físicas e se alimentar bem. Ter um equilíbrio com as redes sociais e não ter medo de pedir ajuda, para procurar por um atendimento profissional”.

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