• 04/05/2024
18 Maio 2022 às 11h58
Fonte de Informação: Da Redação - Cecília Calixto

Dra. Lindalva de Faria fala sobre as principais doenças respiratórias do inverno

Finalmente o frio chegou e com ele vêm também as mudanças bruscas de temperatura e, consequentemente, algumas doenças respiratórias como a gripe, o resfriado a renite e outros. Nesta época do ano as pessoas devem redobrar os cuidados com a saúde e, é claro, devem também fazer exames em caso de suspeita da Covid-19.

Então para falar um pouco sobre essas doenças respiratórias típicas do inverno, a reportagem do Portal Arcos entrevistou a média Otorrinolaringologista Dra. Lindalva Maria Pereira Lima de Faria. 

Dra. Lindalva iniciou falando sobre as doenças respiratórias mais comuns desse período, começando pela Rinite. Segundo ela, existe a Rinite Vasomotora que é a rinite que ocorre pela variação de temperatura, com isso, devido variação climática, hora muito quente hora muito frio, elas produzem uma quantidade maior de secreção: “vai ter congestão nasal, pode ter ardência na garganta porque passou a noite com a boca aberta e isso propicia muito aumento de secreção e pode ter uma infecção secundária”. 

Ela explicou que quando nos expomos a essa variação de temperatura, naturalmente as vias aeras superiores produzem mais secreção. “Cerca de 2 litros de secreção passam por nossa face por dia, nós engolimos e não percebemos isso, e quando ocorre essas variações bruscas na temperatura de um dia para o outro podemos produzir um pouco mais de secreção e o nariz entope”. 

Lindalva também comentou que esta é uma época que tem muito ácaro e algumas pessoas são alérgicas e isso faz com que da noite para o dia elas acordem com o nariz completamente entupido. 

O fungo em excesso também faz com que, até pessoas que não são alérgicas tenham a obstrução do nariz durante esse período.

“O nosso organismo pensa que aquela quantidade grande de fungo pode ser algum microorganismo que vai provocar alguma infecção e o corpo tem que se proteger de toda maneira, então ele libera substâncias que dilatam os nossos cornetos, isso faz com que tenhamos vontade de coçar e de espirrar, então a pessoa nem precisa ser tão alérgica, se tiver uma nuvem de poeira na cidade ela vai espirrar, vai tossir, vai entupir o nariz, porque é uma forma de proteção do organismo” explicou.

 

Influenza

Com relação à Influenza, Lindalva explicou que é um dos vírus mais comuns desse período e que os sintomas são bem parecidos com a Covid-19. 

Ela comentou que, com a vacina da Influenza é possível prevenir as formas mais graves da doença e é por isso que a cada ano a vacinação é feita mais cedo, antes de entrar no Outono e Inverno. “Geralmente a influenza estaria circulando em torno de junho e julho, mas, no ano passado tivemos uma alteração nisso, pois no final do ano teve surto aqui na região de minas e também no sul e restante do sudeste, e agora houve antecipação da vacinação”.

Perguntamos para ela se a vacina da Influenza faz ou não as pessoas griparem, tendo em vista que esta é uma reclamação bem comum do grupo de risco, principalmente, os idosos.

Em resposta ela disse que: “na verdade a vacina da gripe não protege a gente da gripe, ela protege é das complicações. As complicações da Influenza são complicações pulmonares como exemplo a pneumonia, em crianças complicações gastrointestinais que podem ser graves também, pois podem gerar uma desidratação e levar a criança a óbito, e complicações neurológicas, porque existem quadros de encefalite ou meningite pelo vírus da Influenza”. 

Então, quando o grupo de risco vai se vacinar ele está se protegendo contra as complicações da doença e não contra pegar a Influenza. E a vacinação não transmite a doença, o que pode acontecer é a pessoa ter alguma reação a vacina como dor no braço. 

“O que coincide é que quando a gente vai vacinar talvez a gente já esteja com algum vírus e, concomitante com a vacina acontece a reação do vírus que já estava em seu organismo há alguns dias”, explicou. 

 

Diferença entre Covid e outras doenças respiratórias

Perguntamos a Dra. Lindalva se é possível diferenciar os sintomas da Covid-19 e de outras doenças dessa estação. Ela explicou que com relação aos sintomas eles são muito parecidos. 

Iniciando pela Rinite Alérgica, ela disse que os pacientes normalmente congestionam e coçam o nariz, espirram e alguns até sentem o corpo esquentando. “É como se a reação a uma poeira fosse como a reação a algum vírus ou a alguma bactéria, então o paciente sente o corpo esquentar, sente uma vermelhidão. Os pacientes que têm uma rinite alérgica um pouco mais forte simulam realmente uma gripe”. 

Com relação a diferenciar a Influenza, o Covid e as gripes sazonais ela disse que é mais ou menos o mesmo padrão e, por isso, não há como diferenciar, porque os sintomas variam de pessoa para pessoa. “Tiveram pessoas com Covid que tiveram só diarréia e outras tiveram apenas uma tontura. Com a variante ômicron, algumas pessoas tiveram apenas uma ardência na garganta e positivaram”. 

 

“Com relação aos sintomas, nós devemos ficar de sobreaviso e o ideal é fazer o teste mesmo, até para a pessoa ficar mais tranquila” – Dra. Lindalva de Faria 

Essa foi a recomendação da Dra. Lindalva, para caso a pessoa esteja na dúvida se está gripada ou com Covid-19. Com isso, o ideal é fazer um exame. 

Tendo em vista que durante a pandemia muitas pessoas adoeceram e deixaram de ir ao hospital por medo da Covid-19, ela ressaltou que as pessoas não devem ter medo de ir ao hospital para fazer exame e procurar um atendimento médico.

“Nesses dois últimos anos todo mundo viu que na própria família teve alguém com uma doença grave que deixou de ir ao hospital porque ficou com medo de pegar a Covid e teve prejuízo em sua saúde por outras doenças, principalmente as cardiovasculares. Então, em caso de emergência, se você estiver se sentindo mal, com uma dor de cabeça forte, com desmaio, dor no peito, isso você não pode pensar que é uma besteira, você tem que ir ao hospital”.

 

É possível prevenir a gripe?

Perguntamos a Dra. Lindalva se é possível prevenir a gripe e se existem hábitos a serem seguidos para evitá-la. Ela explicou que, na verdade, a questão de gripar ou não vai depender mais da imunidade de cada pessoa. 

Segundo ela, o hábito de ingerir própolis todos os dias e algumas receitinhas caseiras não têm evidência científica de que possa prevenir a gripe. “Existem algumas medicações que fazemos em crianças e idosos institucionalizados, que são medicações a base de plantas, que se usados no primeiro dia eles conseguem cortar um pouco os efeitos da gripe. Outras medicações que fazemos aliviam mais rápido os sintomas, ajudam secar a secreção e previnem que você se infecte com uma bactéria, a exemplo da sinusite bacteriana – porque produziu secreção, baixou a imunidade e veio a bactéria e fez com que você tivesse uma infecção secundária”, explicou. 

Então não tem como prevenir a gripe, mas, é possível aliviar os sintomas de forma mais rápida e evitar complicações. 

Ela também comentou que é possível ter algumas atitudes no dia a dia, como: se alguém estiver doente evitar beijar e abraçar; se a criança está doente não mandá-la para a escola, porque as outras crianças podem pegar também nos primeiros dias de sintomas; e evitar compartilhamento de colher, copos e objetos pessoais. 

 

“É muito importante lavar o nariz. Nós falamos que essa é a terceira descoberta que evita doenças e eu falo isso muito para os meus pacientes” – Dra. Lindalva de Faria

Outra ótima maneira de aliviar os sintomas é lavando o nariz com soro fisiológico. Segundo Dra. Lindalva, essa atitude deve se tornar um hábito na vida das pessoas. 

“É muito importante lavar o nariz. Nós falamos que essa é a terceira descoberta que evita doenças e eu falo isso muito para os meus pacientes. Primeiro é lavar a mão, segundo escovar os dentes e terceiro lavar o nariz. É um hábito de saúde que a gente tem que fazer, não importa a idade”.

Ela explicou que, quando se é criança existe certa quantidade de soro a ser usada, porém, quando se é adulto não há limitação e podemos lavar o nariz várias vezes ao dia. No caso de pacientes com hipertensão ou problemas cardiovasculares ela explicou que o ideal é lavar o nariz sem engolir o soro. 

Mas, Dra. Lindalva ressaltou que não devemos lavar o nariz apenas quando gripamos e sim todos os dias, inclusive para se evitar futuras infecções. 

 

Crianças mais gripadas

Ao final da entrevista comentamos sobre o número de crianças que griparam após retornarem as aulas presenciais e ela explicou que isso é normal, tendo em vista que elas ficaram por dois anos em isolamento.

“As crianças menores de cinco anos nós observamos um pouco mais desse aumento, pois elas ficaram dois anos isoladas e muitos dos nossos anticorpos deixaram de ser produzidos porque não tivemos mais contato. E não só as crianças, os pais acabaram pegando as doenças das crianças também, pelo uso da máscara nesses dois anos e agora que a gente retirou estamos estimulando novamente a produção dos nossos anticorpos que era algo que antes não precisava ser produzido”, explicou.

Com isso, ela aproveitou para comentar que sempre fala aos pais que é a favor dos filhos irem para a escola, pois convivendo com outras crianças eles conseguem aumentar a imunidade. 

“Eu acho que é sempre importante a criança ir para a escola, quando você tem como deixar em casa com alguém ótimo, mas, têm pais que ficam muito aflitos porque não tem como deixar a criança em casa e acham que está dando prejuízo para ela indo cedo para a escola. Como médica eu não vejo esse prejuízo. A criança ir antes dos quatro anos para a escola inerentemente faltará várias vezes, porque ela vai adoecer até se acostumar com a microbiota, mas, a partir dos cinco nos que seria a idade mais importante para a alfabetização ela já não vai faltar tanto, pois ela já se habituou com microbiota de seu ambiente escolar”.

“A escola é sempre importante. A criança vai adoecer, é normal, faz parte, e têm medidas no dia a dia que a gente pode fazer para evitar as complicações”

 

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