• 29/03/2024
02 Maio 2022 às 09h05

Edição revista e corrigida

“O pó retorne à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o concedeu.” Ec, 12:7

 

O professor Allan Kardec afirmou que o Espiritismo está em toda parte[i]. Podemos constatar esse fato nesta passagem do Eclesiastes, a qual anuncia a dicotomia entre Espírito e corpo, embora poucos cristãos demonstrem a crença na sobrevivência da alma após a morte corporal. Talvez isto se deva porque o preceito religioso está longe de ser seguido quando ele choca com nossos interesses materiais. Ou até, pela infelicidade de que nossa cultura, por diversos motivos, não nos prepara para o desencarne.

 

Por uma razão ou por outra, raras pessoas têm a consciência real de que não vão morrer, que o corpo é transitório, assim como tudo que for ligado à matéria.

 

Sem dúvida, esse não é o caso do americano Benjamin Franklin. Nascido em Boston[ii](2) em 1706, era impressor, escritor de renome, inventor (lentes bifocais), homem de estado, bilíngue, músico, cientista, abolicionista e libertário. Foi embaixador, fundou universidades e livrarias, os correios, foi um dos escritores da Declaração da Independência dos Estados Unidos e da Constituição Americana, foi um verdadeiro sábio, um grande empreendedor e reencarnacionista. A Doutrina Espírita nem havia chegado ao mundo ainda para explicar este conceito com a clareza que é própria, mas ele já o conhecia por intuição. Sabia que precisava fazer o melhor que pudesse para evoluir, acreditando que podia melhorar o próprio caráter se a criatura se impusesse uma disciplina firme: “É uma arte que tem de ser estudada, como a pintura e a música”, dizia.

 

Ao desencarnar no ano de 1790, aos 84 anos, foi encontrado o epitáfio que ele, quando jovem, escreveu para si, para ser afixado em seu túmulo, onde retratava sua crença na reencarnação e na evolução: “Aqui repousa, entregue aos vermes, o corpo de Benjamin Franklin, impressor, como a capa de um velho livro, cujas folhas foram arrancadas e cujo título e douração, apagados. Mas, por isto a obra não ficará perdida, pois reaparecerá, como ele acreditava, em nova e melhor edição, revista e corrigida pelo autor”.

 

Apesar de possuir habilidades múltiplas em várias áreas do conhecimento, Fanklin se considerava um impressor, por isso comparava seu corpo a um livro, que, embora gasto, tinha feito seu papel, ficando sua história impressa nos anais da própria consciência, sendo que teria a oportunidade de voltar, reencarnado em novo contexto, colhendo os louros dos esforços que empreendeu a fim de ser uma pessoa melhor. Enfim, “uma nova melhor edição de si mesmo, revista e corrigida por ele próprio”.

 

Voltando ao Eclesiastes, diremos que o “pó” do seu corpo retornará de onde veio, mas você (Espírito), não morrerá. Renascerá em ocasião oportuna colhendo os frutos da obra que plantou.

 

Portanto, seria mais prudente não vivermos como se não houvesse amanhã. Há o amanhã. Há o fato de que nossas ações egoísticas atrairão para nós experiências de sofrimento, pois, segundo os Espíritos superiores, o egoísmo é o sinal mais claro da imperfeição[iii](3), que por sua vez gera a infelicidade contra a qual hoje, talvez estejamos reclamando em altos brados.

 

Prezados leitores, não nos enganemos. Reaparecer em nova e melhor edição exige esforço e vontade firme ainda nesta encarnação a fim de passarmos da situação incômoda de sofredores, para a posição de vitoriosos no bem e no amor.

 

Que todos nós possamos crer para o nosso próprio bem e firmemente como Franklin, que a obra não ficará perdida!

 

Muita paz a todos!!

 

Ana Dulce Pamplona Frade - [email protected]

 

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[i] Revista Espírita, Novembro de 1861.

[ii] Grandes vidas, grandes obras, Seleções Reader's Digest, 1968.

[iii] O Livro dos Espíritos, q. 917.

Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/um-livro-p%c3%a1ginas-do-livro-1281236/ Acesso em 01/05/2022.

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