• 02/05/2024
21 Março 2022 às 11h43
Fonte de Informação: Redação - Cecília Calixto

Mulheres que inspiram: conheça a história de Clélia Alves (Tica), fundadora do Centro de Equoterapia Miguel Guerreiro

Em sequência a série de matérias especiais em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – onde entrevistamos mulheres inspiradoras que desenvolveram trabalhos sociais e voluntários na cidade de Arcos – nesta terceira matéria a reportagem do Portal Arcos entrevistou Clélia Garcia Sobrinha Alves, mais conhecida como Tica, que é fundadora do Centro de Equoterapia Miguel Guerreiro.

Clélia Alves é arcoense, tem 57 anos e é comerciante. Ela é casada com Daniel Antônio Lopes, com que teve dois filhos. Ela também tem três filhos de criação e cinco netos.

No início da entrevista pedimos para ela iniciar falando um pouco sobre que é a Tica: “A Tica é uma pessoa simples, dona de casa, casada, mulher, esposa. Luto muito pra sobreviver igual a todo mundo e trabalho muito”.

 

Início do Centro de Equoterapia Miguel Guerreiro

“Eu tenho um neto que é especial e a minha Equoterapia surgiu por causa dele, porque ele precisava de equoterapia” – Clélia Alves

Clélia contou que neste mês de março o Centro de Equoterapia Miguel Guerreiro completou quatro anos de fundação, ele já é uma associação e agora eles estão lutando para conseguir receber subvenções da prefeitura.

Quanto a criação do Centro de Equoterapia Miguel Guerreiro, Clélia contou que o que a motivou a iniciar esse projeto foi seu grande amor pelo seu neto.

“O Centro de Equoterapia existe por causa do meu neto o Miguel. Eu tenho um neto que é especial e a minha Equoterapia surgiu por causa dele, porque ele precisava de equoterapia”, comentou.

Ela contou que seu neto fazia equoterapia na APAE de Lagoa da Prata, porém, eles tiraram a equoterapia de lá e então ela decidiu realizar a equoterapia de seu neto em seu próprio sítio. “Eu falei para meu marido pra gente montar um espaço no sítio para o Miguel fazer a equoterapia. A gente conhecia o Dr. Anderson lá de Lagoa da Prata e ele começou a vir aqui para o sítio. E foi através disso, que a gente foi conhecendo muitas pessoas que precisavam da equoterapia e que não tinham condições de pagar peo tratamento. Então a gente fazia só com o Miguel, mas depois, foi surgindo mais crianças pra gente colocar e foi assim que começou o Centro de Equoterapia Miguel o Guerreiro”.

Com relação ao nome do centro, ela comentou que ele foi inspirado pelo fato dela sempre chamar seu neto Miguel de guerreiro. 

“O Miguel é um guerreiro, pois ele sobreviveu a muita coisa, o médico deu a ele três meses de vida e agora ele já está com sete anos. E quando eu falo nele eu me emociono muito. Então decidimos colocar assim, pois, eu sempre chamei ele de guerreiro, pois, o que ele já atravessou, foi muita coisa, a gente chegou a achar que ele não tinha chance nenhuma”, comentou.

 

Fila de espera para o tratamento

O objetivo do centro de equoterapia é buscar por crianças que estejam precisando desse tratamento e que não têm condições de pagar. Atualmente, o centro conta com 17 crianças fazendo a equoterapia, e há 25 crianças cadastradas em fila de espera, aguardando a abertura de novas vagas.

“Hoje a gente não tem vagas, mas, a gente cadastra as crianças, pois as mães estão sempre procurando, e a medida que vai surgindo vagas a gente vai colocando. Nós já temos 25 pessoas cadastradas, fora os que já estão lá fazendo a equoterapia. Então, todas as crianças que estão cadastradas são crianças que precisam de ajuda mesmo, que não têm condições de manter o custo de uma equoterapia, de acompanhar e levar seu filho para a equoterapia. Então trabalhamos apenas com crianças especiais e que não têm condições”.

Ela também comentou que eles fazem o trabalho de procurar mães que têm filhos que necessitam da equoterapia e que, muitas vezes, não têm informação sobre o centro.

 

Atendimento de Assistência Social

O ‘Centro de Equoterapia Miguel Guerreiro’ conta também com atendimento de uma assistente social voluntária, a Ana Paula, que fica responsável por analisar as condições das famílias, que procuram pelo centro de equoterapia. “Tudo tem que passar pela assistente social primeiro, a mãe com o filho, eles têm que passar por ela, pois, é ela quem decide, ela olha e avalia a sua necessidade, sua documentação, quanto que você ganha por mês, e tudo”.

Clélia contou que o centro também tenta ajudar as famílias, doando cestas básicas e fraldas, e também entregam um lanche para as crianças nos dias de atendimento da equoterapia.  

 

“As mães são muito guerreiras assim como seus filhos” – Clélia Alves

Clélia também comentou que, além de cuidarem das crianças especiais eles também tentam dar uma atenção especial as mães, que lutam diariamente para darem uma condição e um tratamento melhor para seus filhos.

“Aos poucos foram chegando uma, duas, três crianças e junto foram chegando as mães, e elas são tão especiais quanto seus filhos porque quando você recebe uma criança especial eu acho que você é escolhido pra isso, então as minhas mães são tão especiais quanto eles”, comentou.

Clélia disse que se emociona ao falar das mãe, pois elas passam por muitas dificuldades para criar seus filhos e só quem tem uma criança especial em casa, conhece as dificuldades. “É até difícil de falar, porque elas são tão guerreiras. Eu olho pra elas e eu admiro tanto elas, eu tenho tanta emoção de falar delas. Elas passam por muitas dificuldades para criar os filhos e ninguém tem noção de como é isso, ter uma criança especial e um autista em casa. Eles têm uma necessidade de carinho diferenciada. Então, essas mães são muito guerreiras assim como seus filhos”.

“Quando temos uma criança assim em casa, quem está lá fora não vê a dificuldade, não sabe como é. Lá na equoterapia nós abraçamos eles e abraçamos elas também, pois, elas chegam com a mesma necessidade deles. Então, a gente começa a fazer parte da vida delas, do dia a dia, elas contam um pouco de sua vida pra gente e as dificuldades delas são grandes, pois, para você aceitar um filho especial é muito difícil, você tem que ter uma cabeça muito boa”.

 

“Hoje eu acho que a mulher se tornou braço forte, então ela é diferenciada. [...] A mulher tem uma visão maior de humanidade, de perceber o problema de outra mulher e de outra mãe igual a você” – Clélia Alves

Perguntamos para Clélia se ela considera importante o papel da mulher na sociedade para o desenvolvimento de projetos e políticas públicas voltadas para pessoas que muitas vezes são excluídas da sociedade.

Em resposta ela disse que considera importante o envolvimento da mulher nessas ações, pois ela tem um olhar mais humanitário para as outras pessoas.

“Hoje eu acho que a mulher se tornou braço forte, então ela é diferenciada dos homens, pois, a mulher tem uma visão maior de humanidade, de perceber o problema de outra mulher e de outra mãe igual a você. Então, a mulher está procurando seu espaço na sociedade, está lutando para alcançar este lugar”.

Ela até deu alguns exemplos de mulheres fortes que também desenvolvem trabalhos sociais importantíssimos na cidade de Arcos. Ela citou as mulheres que estão a frente da Associação TEAcolhe e da Associação Mineira Doutorzinhos do Riso.

“Então a mulher tem um papel muito importante na sociedade e é através delas que a gente consegue esses espaços. Na APAE também são mulheres que estão há frente de tudo, então eu acho muito importante e é muito lindo isso. E a pesar das dificuldades, elas estão lutando para ficarem nesses espaços e manterem os projetos no patamar que eles estão, porque não é nada fácil. Eu tenho prazer de falar que eu sou uma mulher, porque a gente não só luta pelo projeto, mas, para manter a família e o trabalho”.

 

“Eu não sei se eu faço parte da história de Arcos, mas, eu sei que eu faço parte da história de muita gente e eu estou lutando para manter esse projeto de pé” – Clélia Alves

Questionada sobre como se sente ao poder fazer parte da história de Arcos, por meio da criação de uma associação tão importante para o município, Clélia respondeu que não sabe se faz parte da história da cidade, mas que tem se emprenhado para fazer parte da história de muitas pessoas.

“Eu não sei se eu faço parte da história não, mas eu sei que eu estou tentando fazer a diferença para quem precisa de mim. Eu nem gosto muito de aparecer, eu quase não apareço, é muito pouco, mas, tudo o que eu faço é porque eu amo e porque eu gosto, eu sinto o maior prazer. Eu não sei se eu faço parte da história de Arcos, mas, eu sei que eu faço parte da história de muita gente e eu estou lutando para manter esse projeto de pé e eu espero que Deus me ajude para eu conseguir”.

 

“Não deixem de sonhar, não deixem de correr atrás de seus sonhos, não desista, a pesar das dificuldades” – Clélia Alves

Ao final da entrevista, perguntamos para Clélia qual mensagem ela gostaria de deixar para todas as mulheres: “Não deixem de sonhar, não deixem de correr atrás de seus sonhos, não desistam, a pesar das dificuldades, pois, a gente sempre tem que nos projetar olhando pra frente. E eu nunca achei que ia ser fácil, porque não é e nem vai ser nunca, nem pra mim e nem pra mulher nenhuma. Então que elas não desistam de seus sonhos e que corram atrás e busquem. Se tiver que brigar, brigue, para você conseguir seu espaço e você nunca vai agradar todo mundo e sempre vai ter mais pessoas para te tirar do chão do que para te colocar nele. Então, eu nunca deixei de sonhar e de achar que poderia dar tudo certo”, finalizou.

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