• 04/05/2024
11 Março 2022 às 13h14
Fonte de Informação: Redação - Cecília Calixto

Mulheres que inspiram: conheça a história de Lílian Garcia e Lourdes Gomes, fundadoras da TEAcolhe

Em sequência a série de matérias especiais em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, onde entrevistamos mulheres inspiradoras que desenvolveram trabalhos sociais e voluntários na cidade de Arcos. Nesta segunda matéria, a reportagem do Portal Arcos entrevistou duas mulheres incríveis, Lílian Teixeira Garcia Gomes e Lourdes Rabelo Gomes, que são duas das fundadoras da Associação de Apoio aos Pais e Familiares de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista de Arcos – MG (TEAcolhe).

 

“Sou uma pessoa muito ativa, dinâmica, organizada e sensível. Desde a infância sempre ocupei os lugares de liderança na escola e nas brincadeiras entre amigos” – Lílian Garcia

A atual presidente da associação, a arcoense Lílian Garcia, tem 43 anos e é pedagoga. Ela é filha de Lucélio e Fátima, e é casada com Josimar, com quem teve dois filhos: Túlio e Sofia.

No início da entrevista pedimos para que ela descrevesse um pouco mais sobre quem é Lílian Garcia: “Sou uma pessoa muito ativa, dinâmica, organizada e sensível. Desde a infância sempre ocupei os lugares de liderança na escola e nas brincadeiras entre amigos. Meus pais me contam várias passagens em que liderava as brincadeiras, inclusive, as ‘bagunças de crianças’. Meu sonho era fazer psicologia, mas, passei na minha segunda opção, Pedagogia. Assim, iniciei o curso com o objetivo de fazer um semestre até que tivesse novo vestibular para psicologia e após isto, iria trocar de curso. Mas, passados alguns meses mudei completamente de ideia e me apaixonei pela pedagogia. Foi o início da minha trajetória profissional. A partir daí já dei aulas na rede particular, pública, educação infantil, fundamental, médio, superior e pós-gradação”.

“Sou uma pessoa ávida por aprender e adoro me desafiar em novos projetos e desafios. Estar em novos ambientes e projetos me faz aprender sempre e isso me traz realização profissional e pessoal”.

 

“Sempre gostei de estudar e percebi que a área da Educação Especial me completava” – Lourdes Rabelo Gomes

Já a vice-presidente da associação, arcoense Lourdes Rabelo Gomes, de 42 anos, é professora de Educação Especial e tem um filho, o Miguel.

Quando questionada sobre quem é Lourdes Gomes, ela disse: “Sou filha de família simples, tenho três irmãos, casada, com um filho e tenho lutado a vida toda em busca de meus objetivos. Sempre gostei de estudar e percebi que a área da Educação Especial me completava. Ainda estudante, trabalho na educação há 22 anos e 12 deles, na Educação Inclusiva”. 

 

Início da Associação TEAcolhe

Segundo Lílian, a TEAcolhe nasceu após um encontro que elas participaram na cidade de Lagoa da Prata, que foi organizado por uma associação. “Ao chegar aqui, procurei pela Lourdes – mais conhecida como Lurdinha – e disse que achava que podíamos fazer este mesmo movimento em nossa cidade. Lurdinha foi a vice-presidente na primeira Comissão e é dona de uma expertise imensa no quesito educação especial e conhecia praticamente todas as famílias”, comentou Lílian.

Lourdes aceitou a ideia e juntas elas começaram a planejar sobre como seria o projeto. “Nosso primeiro convite foi a uma mãe que nos inspirou, pois, na ocasião, eu trabalhava na Secretaria de Educação e via as dificuldades enfrentadas por ela”.

Para Lourdes Gomes, o início da associação foi uma oportunidade dela poder ajudar ainda mais as famílias dos seus alunos.

“Meus alunos são minha paixão. O estímulo foi a busca de tentar ajudar as famílias que infelizmente são deixadas com suas diversas dificuldades nesse mundo do TEA. Injustiças, falta de informações, direitos negados e muito mais”, comentou.

 

“A TEAcolhe nasceu com o objetivo principal de “Cuidar de quem cuida”

Quando ao principal objetivo da associação, Lílian Garcia explicou que a TEAcolhe nasceu com o intuito de “Cuidar de quem cuida”, ou seja, amparar a família que desde o diagnóstico acaba muitas vezes se anulando por ter toda sua atenção voltada ao filho.

Ela comentou que no início elas observaram que as mães de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) tinham dificuldades em sair de casa sem os filhos para ir aos encontros, que envolvem desde uma roda de conversa até um encontro só com mulheres. Com isso, elas decidiram remodelar os projetos.

“Passamos a promover ações inclusivas por meio de uma agenda de atividades como piqueniques, roda de conversa (apoio psicológico); caminhada e projetos em datas comemorativas (como o dia 02 de abril e 18 de junho), evento dia das mães (dia da beleza); palestras na casa de cultura; cursos em outras cidades da região (transporte), parcerias para doação de ovos de páscoa, dia da criança, natal, etc.”.

Lílian também disse que atualmente a associação tem recebido uma grande demanda por atendimentos especializados para os autistas e este é um desafio que elas têm discutido constantemente. Pois, para que a associação possa fornecer o atendimento ela precisa de uma estrutura que ainda não tem, mas, que pretendem ter.

 

Mais de 46 voluntários – A Associação TEAcolhe conta atualmente com um grupo de aproximadamente 46 voluntários, que em algum momento contribuíram e apoiaram os eventos inclusivos. E segundo Lílian, a maioria das voluntárias são mulheres e educadoras. “E na oportunidade parabenizo a cada uma pelo Dia das mulheres e por serem mulheres fortes, mas que, com sua sensibilidade buscam no serviço voluntário uma forma de se doar ao outro”, disse Lílian Garcia, em homenagem a todas as voluntárias.

Na associação também há um total de 50 famílias cadastradas, sendo que, deste total, existe uma participação efetiva de aproximadamente 26 famílias.

 

“As Mulheres são fortes e muitas não sabem a força que têm. É importante que se unam na busca de seus direitos que mesmo, após tanta luta ainda são negados” – Lourdes Gomes

Perguntamos para elas consideram importante o papel da mulher na sociedade para o desenvolvimento de projetos e políticas públicas voltadas para pessoas que muitas vezes são excluídas da sociedade.

Em resposta Lílian Garcia disse: “A mulher traz competência que somadas fazem muita diferença no mercado de trabalho e nas políticas públicas. Quando nós, mulheres, nos permitimos conhecer a dialética de um determinado assunto, temos condições de tomar decisões e ações usando a razão, mas nunca deixamos de lado nossa sensibilidade, que é condição nata. Ações baseadas unicamente em emoção ou razão são vazias e esta habilidade, nós, que estamos abertas ao diálogo e ao conhecimento, temos”.

Já para Lourdes Gomes, é importante que as mulheres se unam nessas ações, para buscarem por seus direitos.

“As Mulheres são fortes e muitas não sabem a força que têm. É importante que se unam na busca de seus direitos que mesmo, após tanta luta ainda são negados. Projetos bem pensados e organizados podem mudar muito esse caminho. Basta nos unir e acreditar”.  

Questionada sobre como se sente ao poder fazer parte da história de Arcos, por meio da criação de uma associação tão importante para o município, Lílian disse que ainda não consegue mensurar o quanto suas ações têm impactado na história do município, mas, que ela acredita que seu trabalho já tem gerado algumas sementes:

“Quando a gente está envolvida na história não conseguimos ver o quanto nossa ação impacta na história e me sinto assim. Não consigo mensurar, mas consigo sentir que sou uma mulher que gosta de participar, de aprender, de movimentar outras mulheres e pessoas. Assim, penso que devo estar plantando algumas sementes. E que talvez meus filhos colham! Isso me faz ter orgulho da mulher que tenho me tornado a cada dia!”

Já Lourdes disse que se sente feliz em poder ajudar as pessoas que muitas vezes não são ouvidas e nem orientadas. “Sinto muito feliz em poder ajudar a quem me recorre. Principalmente em momentos de fragilidade que às vezes não encontram alguém para ouvir e orientar. Esse é um trabalho voluntário que me enche de orgulho e satisfação. Precisamos amar o próximo, como Jesus nos ensinou. Essa foi a maneira que encontrei”.

 

“Que sejamos cada dia mais fortes e bem representadas, mas não percamos nossa sensibilidade” – Lílian Garcia

Ao final da entrevista perguntamos qual mensagem elas gostariam de deixar para todas as mulheres.

“Que sejamos cada dia mais fortes e bem representadas, mas não percamos nossa sensibilidade! Particularmente, tenho muito medo deste modelo de mulher que a nossa sociedade tenta nos apresentar como modelo. Sejamos críticas com nossas escolhas. Respeitemos as escolhas das nossas companheiras quando estas forem diferentes das nossas. Enfim, desejo que façamos mais que sobreviver. Afina, existe uma grande diferença entre viver e sobreviver. Vive quem tem um motivo pelo qual sobrevive, e sobrevive quem apenas vive porque existe” – Lília Garcia

“Basta acreditar, pois somos fortes. Que devemos nos valorizar em cada ação. E nós momentos de fragilidade, lembrar que somos importantes, únicas e belas. Somos a essência do mundo” – Lourdes Gomes

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