• 05/05/2024
21 Fevereiro 2022 às 13h09
Fonte de Informação: Redação - Cecília Calixto

Professores dão continuidade à paralisação e se concentram em frente à Prefeitura Municipal

Até o momento, o Governo Municipal não deu um retorno aos profissionais de forma oficial

Na última sexta-feira (18) os professores da rede municipal de Arcos anunciaram o início da paralisação das aulas, para esta segunda-feira, devido não terem recebido um retorno por parte do Prefeito Claudenir José de Melo (Baiano), com relação ao pagamento do piso salarial.

No mesmo dia, o Governo Municipal publicou nas redes sociais um ofício dizendo que a greve dos professores se constituía em “Abuso do Direito de Greve” e pediu para que os pais enviassem seus filhos para as escolas no dia de hoje.

Porém, na manhã de hoje (21), todas as escolas municipais de Arcos abriram normalmente, porém, receberam pouquíssimos alunos, pois, a maioria dos pais apoiou a paralisação e com isso, eles não enviaram seus filhos.

A reportagem do Portal Arcos esteve hoje pela manhã na escola municipal Dorvina Teixeira Arantes para saber se estava tendo aula. Em resposta, o diretor da escola disse que todas as informações só poderiam ser repassadas pela Secretaria Municipal de Educação de Arcos. Porém, ele informou que a escola foi aberta normalmente, e que estava com alguns alunos, mas, o número era muito pequeno com relação ao total de alunos matriculados na escola.

A reportagem do Portal Arcos também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Arcos, para saber mais informações sobre as aulas. Porém, até o momento, ainda não obtivemos retorno.

 

Manifestação dos Professores

Hoje pela manhã (21) os professores da rede municipal se concentraram na Praça Olívio Vieira de Faria (Praça do Vivi), vestidos de preto em luto pela educação. Estavam presentes 110 profissionais que se reuniram para mostrar que eles continuam em paralisação, para reivindicar o pagamento do piso salarial da categoria.

As professoras ficaram até às 9:30h da manhã na Praça do Vivi e depois desceram e ficaram em frente ao prédio da Prefeitura Municipal. No período da tarde, elas farão o mesmo trajeto.  

No momento, elas aguardam um retorno oficial do Governo Municipal para realizar uma reunião com a comissão e assim poder fazer um acordo.

 

“[...] Pedimos a Deus que ilumine o coração do prefeito, que ele nos ouça e que ele nos chame para falar, para terminarmos com essa situação o mais rápido possível” – professora Flávia Lopes

Em entrevista ao Portal Arcos, a professora Flávia Lopes falou um pouco sobre a continuidade da luta da categoria para conseguir o pagamento do piso salarial. Ela iniciou falando sobre a falta de um retorno oficial aos professores, por parte do Governo Municipal.

“Nós somos professores e estamos reivindicando um direito garantido por lei. Tentamos falar com o Prefeito por diversas vezes de forma oficial e não por meio de redes sociais e nós esperamos uma comunicação dele de forma oficial, pois, estamos tratando com uma autoridade, com um movimento constituído legalmente, seguindo todos os tramites legais. Então nós precisamos de uma resposta do prefeito. Porque o professor Baiano se manifestou nas redes, mas, o Prefeito Baiano não se manifestou oficialmente e nós esperamos que ele se manifeste oficialmente para conversar”, comentou.

Ela ressaltou que o desejo de todos os professores é de poder voltar as salas de aulas, porém, isso só será possível quando elas conseguirem fazer uma negociação com o Governo municipal.

“Pedimos a Deus que ilumine o coração do prefeito, que ele nos ouça e que ele nos chame para falar, para terminarmos com essa situação o mais rápido possível. Queremos estar nas salas de aula, queremos estar com as crianças, mas, nós dependemos da postura dele. Enquanto isso estaremos firmes aqui reivindicando. Estamos mais unidos do que nunca, estamos conscientes do que é direito, trabalhando dentro da legalidade daquilo que nos é permitido fazer, sem balbúrdia, sem politizar, até porque não é um movimento político e sim é um movimento totalmente por defesa de uma classe”.

 

“O Prefeito vai falar que está dando aumento de 10%, que está comprando caminhão, que está dando cesta verde, está dando uniforme, mas, não com este dinheiro, porque o dinheiro do Fundeb ele tem um destino certo. [...] o Fundeb é previsto para pagar o nosso salário – professora Líria Custódio.

A professora Líria Custódio, que trabalha na área da educação há 36 anos, explicou que este aumento no piso salarial feito pelo Governo Federal é apenas o pagamento dos dois últimos anos em que a classe ficou sem aumento.

“Na pandemia o presidente Bolsonaro instituiu que todo funcionário público ficaria dois anos sem aumento e o nosso piso também ficou paralisado por dois anos. E agora ele está apenas pagando a diferença desses dois anos com o piso salarial. O Governo não está fazendo um favor, ele está pagando as perdas desses dois últimos anos. O Governo Federal não aumentou o piso porque é bonzinho e sim porque é algo necessário a se fazer”, explicou.

Ela também comentou sobre o fato de que o pagamento do piso salarial dos professores não irá afetar os demais funcionários públicos, pois ele é pago com os recursos do Fundeb.

“O Prefeito vai falar que está dando aumento de 10%, que está comprando caminhão, que está dando cesta verde, está dando uniforme para os alunos, mas, não com este dinheiro, porque o dinheiro do Fundeb ele tem um destino certo para ele, cada verba da prefeitura tem um destino certo previsto em lei e o Fundeb é previsto para pagar o nosso salário. Por isso, que o aumento das outras categorias não tem nada haver com o nosso”.

A professora Líria Custódio também aproveitou para falar sobre o rateio do Fundeb, que não foi pago no final de 2021. Segundo ela, esse era um recurso que deveria ter sobrado, tendo em vista que nos dois últimos anos de pandemia as escolas ficaram sem aulas presenciais, o que, provavelmente, deve ter gerado algumas economias.

“Uma coisa que eu não entendi foi que nos últimos dois anos nós não fomos para as escolas, tivemos aulas online e a prefeitura economizou com eletricidade, com gás para fazer merenda, economizou com material de limpeza, não contratou pessoal, não pôde dar aumento para os profissionais. E mesmo assim, não sobrou dinheiro para fazer o rateio do Fundeb? Dizem que gastaram mais do que o Fundeb e isso é muito estranho. Pois, no ano em que estamos indo a escola provavelmente deve-se gastar mais. Para se ter uma ideia, cada semana a escola municipal Julieta deve gastar uma média de três botijões de gás, e como não tivemos aula também não teve esses gastos. Então, porque será que não sobrou dinheiro do Fundeb para fazer o rateio pra gente no ano passado? Esse é outro assunto que merece discussão”, comentou.

 

“Não queremos estar nesse extremo de paralisação, mas, fomos obrigadas devido a essa falta de resposta do prefeito em nos ouvir” – professora Jane Santos.

A professora Jane Márcia Inês Santos, que atua na área da educação há 27 anos, comentou que os professores não queriam fazer essa paralisação, mas, foi necessário devido não terem recebido nenhum retorno oficial do Governo Municipal.

“Para nós é uma situação muito complicada e muito difícil, porque nós chegamos ao extremo. Não queremos estar nesse extremo de paralisação, mas, fomos obrigadas devido a essa falta de resposta do prefeito em nos ouvir, em escutar os nossos anseios. Então nós tivemos que chegar a este extremo”.

Ela também comentou sobre o apoio que elas têm recebido dos pais de alunos.

“Estamos recebendo muito apoio. Nós já esperávamos um pouco de apoio, mas, não tão unânime quanto está sendo, graças a Deus. Inclusive alguns pais já até me enviaram mensagens hoje pedindo para que eu enviasse foto e vídeos da paralisação para eles postarem. Então, isso para nós é muito importante. E eles sabem que nós não queremos estar aqui e sim queremos estar com os nossos alunos na sala e isso para nós é de extrema importância”.

 

“Diante disso tudo nós nos sentimos altamente desvalorizadas, desprezadas e, principalmente, sem respeito. O prefeito não nos deu um retorno oficial e apenas ficou se esclarecendo nas redes sociais” – professora Edna Soares Pereira

A professora Edna Soares Pereira, que trabalha há 31 anos como professora e que faz parte da comissão, comentou sobre a falta de um retorno oficial, por parte do Governo Municipal.

“Foram muitas tentativas. Começou pela Câmara Municipal, onde vereadores enviaram ofícios e não foram respondidos até hoje, sindicato também enviou inúmeros ofícios e não houve resposta. A professora e vereadora Kátia Mateus foi até a prefeitura e conversou com o secretário de fazenda, conversou com o prefeito, mas, oficialmente ele não deu nenhum retorno. Nós começamos a manifestação nas redes sociais e nada de retorno. Então ele recebeu um ofício do sindicato comunicando sobre a carreata e que nós iríamos para a porta da Prefeitura, então ele sabia e ele não apareceu. Depois, foi enviado ofício de que nós esperaríamos o posicionamento dele até a última sexta-feira (18) e não obtivemos resposta”.

Com isso, Edna comentou que os professores estão se sentido desvalorizados e desrespeitados.

“Diante disso tudo nós nos sentimos altamente desvalorizadas, desprezadas e, principalmente, sem respeito. O prefeito não nos deu um retorno oficial e apenas ficou se esclarecendo nas redes sociais. Então, ficamos indignadas com o posicionamento do prefeito, muito tristes, pois, além de prefeito ele também é um professor, então ele sabe que tudo que passa pela prefeitura tem que ser por ofício. Então ele falou nas redes sociais, mas, em momento algum ele enviou um ofício abrindo para o diálogo, chamando e convidando a comissão para uma reunião oficialmente”, comentou.

Ao final, ela ressaltou que a paralisação só irá terminar quando o Governo Municipal fizer um acordo oficial com a classe. “A paralisação só terá término diante de um ofício para uma reunião e depois que houver a reunião com a comissão de negociação e ele nos der o que é direito nosso, aí sim nós iremos voltar para a sala de aula com o mesmo entusiasmo, com o mesmo carinho com os alunos e com a mesma dedicação. Enquanto não houver um posicionamento oficial, enquanto ele não enviar um projeto para a Câmara Municipal para ser aprovado, nós não retornaremos. Quanto mais rápido ele negociar com a gente mais rápido iremos voltar para a sala”, finalizou.

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