• 02/05/2024
11 Fevereiro 2022 às 12h47
Atualizada em 27/05/2022 às 16h05
Fonte de Informação: da Redação Cecília Calixto

Professores da rede municipal de Arcos reivindicam o reajuste do piso salarial

Por enquanto, Governo Municipal não fará o reajuste e fará apenas o aumento inflacionários de 10,16%

No dia 04 de fevereiro o Governo Federal oficializou o aumento do piso salarial de professores da rede pública de educação básica, de R$ 2.886 para R$ 3.845. O reajuste é de 33,24%. A medida se aplica a profissionais vinculados às redes municipal, estadual e federal que lecionam no ensino infantil, fundamental ou médio e tenham carga horária de 40 horas semanais.

Algumas cidades pelo Brasil e em Minas Gerais já começaram a aderir ao novo piso salarial. Porém, em Arcos ainda não foi apresentado nenhum projeto por parte do executivo, para o reajuste e o pagamento do piso salarial. Devido a isso, os professores da rede municipal de Arcos têm se manifestado nas redes sociais, solicitando este aumento.

Para falar sobre esta situação dos professores arcoenses, conversamos com a professora da rede municipal Juliana Freitas.

 

[...]Da mesma forma que cobramos do ex-prefeito a necessidade de um concurso público, hoje estamos aqui cobrando da atual administração o cumprimento do piso salarial, que está previsto em Lei” – Juliana Freitas

Em entrevista ao Portal Arcos, Juliana Freitas comentou que existe um grupo com quase 200 professores, que estão se apoiando para solicitar o pagamento do piso salarial.

Ela ressaltou que a solicitação dos professores não é por questões políticas e sim, porque é um direito que eles têm garantido. “Gostaria de deixar claro que as nossas reinvindicações não têm nenhum envolvimento político. E da mesma forma que no mandato passado cobramos do ex-prefeito a necessidade de um concurso público, hoje estamos aqui cobrando da atual administração o cumprimento do piso salarial, que está previsto em Lei”.

Juliana comentou que os professores da rede municipal estão reivindicando o pagamento do piso salarial, pois, além de ser um direito, durante a pandemia os professores tiveram que se readaptar e gastar recursos próprios para dar aula em casa e atender todos os alunos.

“Durante o período pandêmico não houve nenhum aumento salarial e, durante esses dois anos, a gente teve que se adaptar e se reinventar enquanto professores. Tivemos que adaptar as nossas casas, tivemos que comprar quadros, louças, computadores, notebooks e celulares mais potentes, além de diversos materiais que foram custeados exclusivamente pelos próprios professores, sem o auxílio da prefeitura. Foram gastos nesses dois anos aquilo que não estava planejado, mas, para atender nossas crianças com excelência e não deixar nenhuma delas sem acesso as aulas”.

Com isso, ela comentou que, depois de ser aprovado o aumento do piso salarial pelo Governo Federal, nada mais justo o cumprimento desse valor. “Enquanto professores esperávamos que a prefeitura e o prefeito cumprissem a lei, sem que nós precisássemos fazer alguma reinvindicação. Isso era o que esperávamos, mas, infelizmente não aconteceu”, comentou.

Juliana Freitas comentou que todos os professores da rede municipal estão recebendo apoio da vereadora Kátia Mateus e do presidente da Câmara, Ronaldo Ribeiro. Segundo ela, os vereadores já enviaram ofícios e já conversaram na prefeitura, mas, a resposta que eles receberam não foi favorável ao pedido dos professores.

“Kátia Mateus como vereadora, procurou a prefeitura e conversou com o secretário de fazenda. E ele disse que não vai pagar o piso salarial, por enquanto, porque vai seguir o conselho da Confederação Nacional dos Município, que vai dar apenas o aumento anual que é destinado a todos os funcionários públicos, mas este aumento do piso salarial, por enquanto, ele não vai pagar. Essa foi a resposta que ele deu pra ela. Com isso, segundo a vereadora, houve uma recusa por parte da prefeitura”.

 

Reajuste proporcional as horas trabalhadas

Juliana explicou que, o reajuste de 33,24% deve ser aplicado na carga horária de 40 horas trabalhada. Em Arcos, a carga horária é de 30 horas semanais, com isso, os professores querem que o reajuste seja feito de forma proporcional as horas de trabalho. “Nós sabemos que não teremos os 33%, mas, queremos o reajuste baseado nas 30 horas semanais de trabalho”.

Ela também comentou que, em entrevista, o Presidente Jair Bolsonaro disse que o aumento que foi dado, todos os municípios do Brasil têm condições de pagar. Ela também ressaltou um fala feita pelo advogado especialista em direito educacional, Jorge Santana: “[Ele] disse que o piso salarial nacional do magistério é um direito constitucional. O professor da educação básica tem o direito de receber o valor do piso determinado por lei”.

 

“O piso veio para valorizar o magistério, esse é o valor mínimo a ser cumprido pelo município, ou seja, a prefeitura não pode pagar menos que isso” – Juliana Freitas

Juliana comentou que os professores também estão indignados, pois algumas cidades da região, como Formiga, já aderiram ao aumento do piso dos professores, e Arcos até o momento não fez nada.

“Todos os municípios têm condições de pagar este valor e todo mundo sabe que a arrecadação do nosso município é muito grande, é uma das maiores da região. E o Prefeito de Formiga, já confirmou em nota o pagamento do reajuste com o retroativo, então porque só a nossa cidade não vai pagar? Não é possível que nosso salário vai ficar defasado perante a região toda. Então, a nossa reinvindicação é essa”.

Ela também ressaltou que, o piso salarial é um valor mínimo que deve ser aplicado para o pagamento de uma categoria. “O piso veio para valorizar o magistério e esse é o valor mínimo a ser cumprido pelo município, ou seja, a prefeitura não pode pagar menos que isso. Se ela quiser pagar mais que o piso ela pode, mas, o piso é o mínimo que o município deve pagar. A prefeitura que não pagar o piso ela não estará de acordo com a lei”.

Juliana comentou que, os professores iniciaram essa manifestação agora nas redes sociais, pois, o fechamento da folha de pagamento da Prefeitura acontece todo dia 15, com isso, essa seria a data certa para a prefeitura fazer o pagamento dos profissionais com o reajuste e o retroativo referente ao mês de janeiro.

 

Apoio do Legislativo

“Infelizmente houve recusa. Assim como meus colegas, eu estive na prefeitura várias vezes conversando com o prefeito e conversando com o secretário de fazenda” – Vereadora Kátia Mateus

A vereadora Kátia Mateus, que também é professora da rede municipal de ensino em Arcos, tem apoiado os professores nas reinvindicações. Ao Portal Arcos ela informou que, chegou a conversar com o secretário municipal de fazenda sobre a questão, porém a resposta que teve foi de recusa.

“Infelizmente houve recusa. Assim como meus colegas, eu estive na prefeitura várias vezes conversando com o prefeito e conversando com o secretário de fazenda. E no último dia que eu conversei com ele, por telefone – pois a prefeitura estava fechada – eu perguntei como que ficaria a situação do piso dos professores e ele disse o seguinte: ‘nós vamos seguir a orientação da Confederação Nacional dos Municípios, vamos pagar os 10,16%’. Essa foi a resposta que eu tive. Então isso foi uma recusa”.

A vereadora Kátia explicou que, esta reivindicação que os professores estão fazendo não irá afetar no pagamento dos outros funcionários públicos, pois, o pagamento dos outros funcionários vem de uma fonte diferente e a dos professores é feita por meio do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).  

Ela também explicou que, o valor que é repassado pelo Fundeb deve ser gasto com os profissionais da educação, e caso o valor não seja suficiente ele deve ser complementado com recursos da própria União.

“O Fundeb é enviado por aluno e nós temos mais de 3 mil alunos na rede municipal de Arcos. E ele tem que ser gasto no mínimo 70% com o profissional, mas pode ser gasto 80, 90 ou até 100%, se for preciso. No ano passado foi gasto 80%, então ficou 20% que poderiam ser gastos caso fosse preciso. E a lei fala que, mesmo se 100% do recurso do Fundeb não der, quem vai complementar este valor é a União”, explicou.

 

“Então quero pedir ao executivo: respeite os professores e reconheça o que é de direito nosso” – Vereadora Kátia Mateus

Ao final a vereadora Kátia Mateus comentou que os professores já estão há cinco anos sem ter reajuste no piso salarial, então, este novo aumento é mais que merecido.

“O piso nacional veio na constituição como uma forma de valorizar o profissional. Então, não é gastar dinheiro de mais não, é valorizar, é reconhecer. O profissional do magistério hoje, recebe muito abaixo do que outro profissional com o mesmo grau de formação [...]. Então, o que estamos pedindo é dignidade e respeito com os professores. Já tem uns cinco anos que não tem reajuste no piso salarial, nós só tínhamos o reajuste inflacionário. E agora que nós conquistamos o piso, tendo em vista que o salário está defasado há muitos anos, eles não querem fazer o reajuste”.

Ela também comentou que a cidade de Formiga já entrou com o Projeto de Lei, classificado como urgente, para fazer o reajuste de piso salarial dos profissionais da educação. “São várias cidades que já estão na nossa frente. E nós estamos em uma cidade que fala de desenvolvimento, mas nós estamos é atrasados”.  

“Então quero pedir ao executivo: respeite os professores e reconheça o que é de direito nosso. Eu estou junto dos professores neste movimento e quero dizer que juntos somos mais fortes”, finalizou.

 

Prefeitura seguirá recomendações da Confederação Nacional dos Municípios – a reportagem do Portal Arcos também entrou em contato com o secretário municipal de Fazenda, Cleomar Silva, para também saber sobre o posicionamento do Governo Municipal, quanto ao assunto.

Em resposta, ele confirmou a fala da vereadora Kátia Mateus, de que o Governo Municipal irá seguir as recomendações da Confederação Nacional dos Municípios.

“Realmente o Município vai seguir as recomendações da Confederação Nacional dos Municípios. A decisão "política" do Presidente da República em conceder a revisão do Piso do Magistério, pegou os governos de surpresa, pois, na maioria dos municípios não foi previsto essa despesa no orçamento. A administração tem um grande respeito a classe dos professores e vamos trabalhar para resolver essa situação. Outro fato agravante é que não podemos exceder o limite de gastos com pessoal imposto pela Lei da Responsabilidade Fiscal”.

 

VEJA TAMBÉM

Homenagem às Mães

10h19 02 Maio 2024
REPRESENTANTES DO CONSEP SE REÚNEM COM DELEGADA DA POLÍCIA CIVIL DE ARCOS

A proposta da Criação de um centro especializado para atendimento às mulheres foi o tema principal do encontro.

13h19 28 Abril 2024