• 18/05/2024
04 Janeiro 2022 às 19h58
Atualizada em 04/01/2022 às 19h58
Fonte de Informação: da Redação Cecília Calixto

Moradores das áreas de risco falam sobre medo de inundação em Arcos

Em entrevista ao Portal Arcos, a Defesa Civil também falou sobre quais são as áreas de risco da cidade

“Eu perdi tudo que eu tinha, a água entrou pela frente e entrou pelo fundo. [...] Estragou muita coisa, perdemos muita coisa. Aqui em casa tem a marca da água até hoje, foi 1,80 m de altura de água. Quando eu sai a água já estava no meu pescoço e encheu muito rápido”. Esse é o relato de Maria de Fátima Beirigo Oliveira, que mora há 26 anos na rua dos Passos, próximo a Avenida Dr. João Vaz Sobrinho, trecho II.

Maria de Fátima foi uma das moradoras que presenciou a inundação que aconteceu em Arcos no início de 2020. A casa dela foi uma das várias a serem invadidas pela água que passa pelo canal da avenida. Neste ano, até o momento, Arcos tem conseguido passar pelas fortes chuvas dos últimos dias, porém, para os moradores que já vivenciaram um momento de medo, não tem sido fácil dormir tranquilo nesses últimos dias.  

“Ficamos sempre naquela preocupação, pois quando começa a chover vem todo mundo pra porta. Teve uma noite, há poucos dias, onde começou a chover muito de madrugada e eu, meus filhos e meu marido ficamos na porta olhando com medo da água vir. Já fiz até uma contenção aqui em casa para ver se ameniza. Eu não quero testá-la, mas, temos que andar prevenidos, pois, por mais que estamos aguardando uma ação da prefeitura, sabemos que tudo lá é muito lento”, comentou Maria de Fátima.

Maria de Fátima e sua família perderam muitas coisas: móveis, documentos pessoais e até os carros que estavam na oficina de seu filho foram danificados pela água. Agora, Maria de Fátima espera que o Governo Municipal possa tomar providências, para que não haja perigo da região ser inundada novamente. “Agora nós já até conversamos com o prefeito e ele fez uma reunião com as pessoas aqui da rua e ele prometeu fazer algumas melhorias aqui, mas, não sabemos quando, porque agora não há como fazer isso por causa das chuvas”.

 

“Todo ano passamos pela mesma preocupação. [...] E a gente não dorme mais direito quando chove muito. Levantamos as coisas dentro de casa, pois temos medo de inundar de novo” – Marta Ramos da Silva

Marta Ramos da Silva é outra moradora da região, que está lá há 20 anos, e que passou pelo mesmo momento de desespero durante a inundação em 2020. Em entrevista ao Portal Arcos ela comentou que com as atuais chuvas que têm afetado várias cidades de Minas Gerais, tem sido difícil dormir sem se preocupar com as chuvas também na cidade de Arcos. “Todo ano passamos pela mesma preocupação. Meu marido trabalha aqui em frente na oficina e lá enche de água e minha casa também já encheu de água. E a gente não dorme mais direito quando chove muito. Levantamos as coisas dentro de casa, pois temos medo de inundar de novo, todos os dias fazemos isso. E agora que está com muita chuva eu já fico apavorada”, comentou.

Ela relatou que na inundação de 2020 a água adentrou nas casas muito rápido, com isso, ela não conseguiu sair e teve que receber ajuda do Corpo de Bombeiros.

“Da última vez foi uma coisa horrorosa. A água veio muito rápido e eu consegui colocar só um pouco de coisa pra cima, pois, foi muito rápido e não deu tempo. Nós fomos para a casa do fundo, que é do meu filho, e ficamos lá, pois não dava nós sairmos. Depois teve que vir o Corpo de Bombeiros pra tirar a gente de lá”, relembrou.

Quanto as possíveis melhorias a serem feitas na região, para evitar os alagamentos e as inundações, Marta disse que espera uma ação da Prefeitura Municipal. “Nós não esperamos muita coisa não, porque é difícil de resolver o nosso problema. O prefeito disse que vai resolver, mas, pra esse ano não sei se vai dar. Mas, nós esperamos que ele tenha uma solução”.

 

O que já está sendo feito pela Prefeitura?

Para verificar esta situação, e atender ao pedido de ajuda dos moradores da região, o vereador Laerte Mateus (Letinho) esteve neste último domingo (02) no local, juntamente com o prefeito Claudenir José de Melo e com o secretário municipal de Obras, Daniel Mendonça.

Segundo o vereador Letinho eles olharam a situação do canal que passa pela ponte e também ouviram as sugestões dos moradores.

Letinho disse que ficou definido que eles irão realizar algumas intervenções no local para minimizar o risco de inundações.

“Ficou pré-determinado que a prefeitura irá abrir o canal do Rio Arcos, próximo a ponte, no local onde se encontram os dois canais, o da sanitária e o do Rio Arcos, eles iram abrir um pouco para poder minimizar o impacto do encontro das águas. E a partir da ponte pra baixo, eles irão abrir mais o canal e irão limpar o rio para assim minimizar o risco de inundações”, explicou.

“Segundo o que foi combinado, eles também irão fazer um corte no meio da avenida sanitária para que a água que estiver descendo da parte de cima [ruas de cima] ela não fique parada em baixo, no local onde estão as casas. Então ela irá cair diretamente no canal do Rio Arcos.  

 

Pontos de deslizamentos, alagamentos e inundações em Arcos

Nós entramos em contato com a Defesa Civil em Arcos, para saber como está a situação da cidade com relação as fortes chuvas dos últimos dias. Conversamos com Antônio Airton de Sousa, que é coordenador da Defesa Civil no município.

Ele explicou que eles já fizeram levantamentos dos locais que já vêm há algum tempo dando problemas durante os períodos de chuva, em Arcos. Com isso, foi verificada uma área sujeita a deslizamento de solo, 15 áreas sujeitas a alagamentos e 9 áreas sujeitas a inundações.

Quanto ao deslizamento de solo ele disse que a área de preocupação é a região do Niterói. “A área sujeita a deslizamento é a região do Niterói, Novo Cruzeiro e Esperança, próximo a ponte”.

Entre os pontos de alagamentos ele citou: a Trincheira, que normalmente inunda e gera riscos no trânsito; a travessia próxima ao Pulo do Gato, pois tem bueiros que quando entopem dão problemas na rodovia e no trânsito; a BR-354 próxima ao bairro Esplanada, que também tem bueiros que o município sempre tem que dar manutenção; e Avenida Dr. João Vaz Sobrinho, trecho I e II, que normalmente são as áreas mais afetadas da cidade”.

As áreas mais sujeitas a inundações são: Avenida Dr. Moacir Dias de Carvalho; Avenida Dr. João Vaz Sobrinho, trecho I e II; e a Rua Progresso e Rua dos Passos.

Segundo Antônio Airton, esses são os principais pontos que a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiro e a Prefeitura devem sempre ficar de olho.

 

“É importante destacar que a função da defesa civil é se preocupar com o ser humano. É diferente do município, pois não é a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros que irá apresentar soluções e melhorias nessas áreas de risco” – Antônio Airton

O coordenador da Defesa Civil comentou que o trabalho da Defesa Civil é se preocupar com as pessoas, identificar as áreas de riscos e informar a população a aos órgãos responsáveis. Já a responsabilidade de fazer melhorias e ações para resolver o problema das áreas de risco é dever da Prefeitura Municipal.

“É importante destacar que a função da defesa civil é se preocupar com o ser humano, pois ela é civil. É diferente do município, pois não é a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros que irá apresentar soluções e melhorias nessas áreas de risco. Então, a preocupação do município ela é diferente desses dois órgãos, porque ela que tem que fazer a reparação dos danos, tanto antes (para evitar) quanto após ocorrer algum incidente”, explicou.

“Referente ao período chuvoso em que nós estamos agora, a Defesa Civil faz o que sempre tem feito. Nós monitoramos os pontos, pois existem pontos sujeitos a deslizamentos, alagamentos e inundações. Então, assim que muda de governo a Defesa Civil informa quais são os pontos da cidade que devem ser monitorados pelo município. Então a Defesa Civil se preocupa com esta questão de estar comunicando ao município aquilo que na verdade ele já sabe. Mas, sempre temos que ficar de cima para ver se não há nenhum desastre ou eventos referentes as chuvas”.  

 

Orientações para o período de chuva

Ao final da entrevista, Antônio Airton deu algumas orientações sobre os cuidados que a população tem que ter neste período de chuva.

“Gostaria de estar orientando a população, que durante este período chuvoso de evitarem de jogar lixo nas vias ou nos quintais das casas, pois pode entupir o ralinho da própria casa, pode ficar entupido com uma sacolinha plástica e isso fará com que acumule água dentro da casa, devido a insuficiência de passagem de água. E não jogar lixo na rua, por causa dos bueiros, para que a água consiga passar pela grade do bueiro com 100% do seu volume”.

Ele também falou sobre a importância de as pessoas ficarem abrigadas durante o período da chuva, para evitar possíveis acidentes. “Também é bom lembrar as pessoas que quando chove muito elas têm que ficar atentas, pois se tiver algum bueiro de esgoto destampado e tiver chovendo muito, não é bom circular com veículos neste momento, pois, se tiver algum buraco o carro pode cair e a pessoa pode machucar. Então, durante esses períodos de chuvas fortes é bom evitar de ficar saindo”.

“Quando também tem ventos fortes, pois, telhados e caixas d’água podem voar. Tomar cuidado também com fiação de postes, pois pode ocorrer choque elétrico. Então deve ser evitado ficar circulando nesses horários de insegurança, principalmente, durante a noite”, finalizou.

Lúcia Modesto Lopes, que é diretora técnica da Defesa Civil, também reforçou a importância das pessoas tomarem cuidado e buscarem preservar a própria vida durante momentos de risco. “A Defesa Civil está trabalhando muito em cima da alto preservação. Então, se a pessoa viu que existe o risco do desabamento de algum imóvel, principalmente, os que estão na beira do rio, de não ficarem em casa e dormirem na casa de um parente. Isso é algo que tem sido trabalhado em todo o Estado, mas, que vale aqui pra Arcos também, para todas essas áreas que foram mencionadas”.  

 

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