Por mais que a Covid-19 seja a doença mais falada e conscientizada atualmente, é importante não esquecer que ainda existem outras doenças que afetam toda a população e que também precisam de grande atenção.
Entre essas doenças está a AIDS, que é causada pelo vírus HIV e que, de ano em ano, ainda infeta muitas pessoas. Segundo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde – de acordo a última divulgação feita em 2020 – cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos da doença. A maior concentração de casos de Aids está entre os jovens, de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com mais de 492 mil registros.
59 pacientes com a doença, registradas no município
A AIDS, por mais que seja uma doença que ainda não tem cura ela tem tratamento e ele é fornecido de forma gratuita pelo SUS. Para falar sobre esse tratamento, a reportagem do Portal Arcos entrevistou a Secretária Municipal de Saúde Adalgisa Borges de Carvalho de Assis.
A secretária Adalgisa Borges iniciou a entrevista falando sobre o número de pessoas com a doença em Arcos. Segundo ela, há 59 pessoas com HIV cadastradas no SUS, porém, este número não representa 100% dos casos.
“Nós temos hoje cadastrados, 59 pacientes. Mas, isso não representa o número real, porque tem muitas pessoas que fazem acompanhamento pela rede particular”.
Segundo ela, neste ano foi registrado mais um novo caso da doença no município. Também ouve o registro de um óbito de uma pessoa com a doença, porém, segundo Adalgisa, o óbito não teve correlação com a doença, pois, o paciente morreu por outras causas.
Atendimentos em Divinópolis
Adalgisa explicou que em Arcos não há médicos especializados em infectologia para prestar esses atendimentos – tendo em vista, principalmente, o baixo número de pessoas com a doença na cidade –, devido a isso, os pacientes de Arcos são atendidos na cidade de Divinópolis, no Centro de Referência.
“Arcos é um município pequeno e ainda assim, eu acho que nós temos muitas especialidades. Mas, no momento, nós não temos um infectologista atuando. Como a cidade de Divinópolis é perto, os nossos pacientes são encaminhados para lá”.
Segundo ela, os medicamentos para o tratamento também são enviados da cidade de Divinópolis. “De lá já vem a medicação pra eles também. Tem o kit de medicação, que nós chamamos de coquetel. Esses medicamentos já são disponibilizados também por meio desse Centro de Referência. As pessoas não têm que ir lá pra buscar não. Elas vão para passar pela consulta e já trazem o medicamento e nos outros meses, se a pessoa necessitar de mais medicamentos, a própria secretaria de saúde de Arcos busca esse medicamento todo mês”, explicou.
Teste Rápido
Quando existe a suspeita da doença, é possível fazer um teste rápido para o diagnóstico. Este teste também é fornecido pelo SUS.
Segundo Adalgisa, em caso de suspeita a pessoa deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), o Hospital Municipal São José ou a Santa Casa para passar pelo médico que fará a solicitação para ela fazer o teste rápido.
“Aí é feito um teste rápido na UBS, no Hospital São José ou na Santa Casa e depois é encaminhado o material para a confirmação do diagnóstico. Assim que é confirmado o diagnóstico é feita uma notificação para a pessoa. Em seguida, é feito um agendamento da consulta no Centro de Referência em Divinópolis e ela começa a fazer todo o acompanhamento lá”.
Adalgisa comentou que a UBS também disponibiliza um psicólogo para as pessoas diagnosticadas ou que estejam em tratamento da doença, e que necessitem desse serviço.
Segundo Adalgisa, todos esses atendimentos e tratamentos que são fornecidos pelo SUS, a Secretaria Municipal de Saúde de Arcos consegue disponibilizar para a população do município.
“A gente ficou praticamente um ano e meio falando em pandemia, mas, agora é hora de falarmos de novo das outras doenças [...]” – Adalgisa Borges.
Neste mês de Dezembro acontece em todo o Brasil a campanha Dezembro Vermelho, que tem o intuito de tratar sobre a prevenção da AIDS. Com isso, o Ministério da Saúde juntamente com as Secretarias estaduais e municipais de Saúde de todo o país se mobilizam para falar sobre o assunto.
Em Arcos não é diferente. Segundo Adalgisa, em todas as UBS do município estão sendo realizadas campanhas de conscientização e prevenção da doença.
Adalgisa comentou que, durante os últimos anos se falou muito da pandemia da Covid-19 e agora é necessário falar também das outras doenças. “A gente ficou praticamente um ano e meio falando em pandemia, mas, agora é hora de falarmos de novo das outras doenças. O dia 1º de dezembro é o dia mundial de Combate a AIDS e no Brasil, desde 2017, foi instituído o dezembro vermelho onde nós passamos o mês todo falando sobre o assunto. E é preciso nós voltarmos a falar sobre isto, é preciso mobilizar a população, principalmente a população jovem, seja homem ou mulher”, comentou.
Segundo a secretária, é necessário que as pessoas entendam que a AIDS é uma doença que infecta qualquer pessoa, seja ela de qualquer orientação sexual e de qualquer idade. Ela comentou, que entre os grupos com a doença, o público jovem é o que tem mais se arriscado. “Nós vemos que os jovens adultos têm arriscado mais neste sentido, então temos que falar sobre isso para que os jovens tomem mais cuidado, pois, eles podem estar contraindo a doença. É uma doença que ainda não temos cura, temos apenas o controle”.
Preservativos gratuitos
De acordo com informações da Fundação Fiocruz, uma das formas de prevenção contra a AIDS é o uso de preservativo durante as relações sexuais.
O preservativo é algo que também é fornecido de forma gratuita pelo SUS, e pode ser adquirido em qualquer UBS. “Em uma relação sexual as pessoas têm que estar usando o preservativo, em todas as relações[...]. E todas as UBS fornecem gratuitamente preservativo masculino. É só a pessoa ir lá procurar e pegar, pois ele é uma das formas de prevenção”, comentou Adalgisa.
“Agora que estamos começando a chegar ao pós-pandemia, nós vemos que tem uma demanda grande para os outros serviços” Adalgisa Borges
Ao final da entrevista, Adalgisa aproveitou para falar sobre outras questões da Secretaria de Saúde. Umas delas é com relação à grande demanda pela procura de outros atendimentos médicos, após a redução de casos da Covid-19. Segundo ela, antes, todos os esforços estavam voltados ao combate do Coronavírus, agora que os casos da doença diminuíram, a secretaria tem se empenhado em atender a população nos outros serviços que estavam, de certa forma, paralisados.
“Agora que estamos começando a chegar ao pós-pandemia, nós vemos que tem uma demanda grande para os outros serviços. Demanda grande para cirurgias, demanda grande para os atendimentos nas especialidades como oftalmologia e ginecologia. Pois, tudo ficou parado, se uma pessoa estava com a unha encravada, ela ficou com essa unha assim por um ano e meio”.
“Então agora nós estamos com este aumento de atendimento nas especialidades, porque as pessoas querem e precisam deste atendimento e elas têm direito. Porém, agora precisamos fazer todo um planejamento para poder atender a população e é necessário que a população tenha um pouco de paciência”, comentou.
Prevenção a Covid-19
Adalgisa também aproveitou para falar sobre as medidas de prevenção contra a Covid-19. Segundo ela, a população de Arcos ainda tem colaborado fazendo o uso da máscara facial nas vias públicas e locais fechados, porém, também já tem muitas pessoas que estão deixando de usar a máscara. “Ainda estamos em um momento de usar máscara, principalmente em locais fechados e tem a questão do distanciamento, que deve ser mantido”.
Ela ressaltou que ainda é importante que a população continue aplicando as medidas de segurança, principalmente agora, que vem chegando as festas e confraternizações de fim de ano.
“Agora em dezembro estão vindo as festas de final de ano e nós devemos sempre pensar que nós estamos correndo risco de sermos infectados pela doença. Então, se tiver alguém que ainda não se vacinou, que procure se vacinar”, finalizou.