Imagens: Rafaela Moura Estúdio

Foi realizado na última quinta-feira (21), na Câmara Municipal de Arcos, o ‘1º Chá da Vida’ da Associação Doutorzinhos do Riso. O evento que contou com a presença de 56 mulheres, falou sobre o mês Outubro Rosa – em conscientização ao diagnóstico precoce do câncer de mama.

Estavam presentes no evento: Miriam Aparecida Castro, que é a fundadora e presidente da associação; Kássia de Souza, que é assistente social voluntária da associação; todos os demais integrantes da associação e outras convidadas, incluindo algumas mulheres que tiveram câncer de mama, e que contaram um pouco da sua história de vida para inspirar todos os presentes.

A presidente da associação, Miriam Castro, contou em entrevista ao Portal Arcos, que os momentos enfrentados por ela com o câncer de sua mãe Dona Maria Antônia da Silva (in memorian), foi o que a motivou a criar a associação Doutorzinhos do Riso.

“Eu fundei a Associação em 2017, enquanto eu acompanhava a minha mãe em um tratamento de câncer. Durante esse processo eu vi esta necessidade de esconder minha dor e transformar ela em amor. Então, por isso que o projeto tem esta frase: Onde a dor dá lugar ao amor”.

Miriam comentou que esse processo ao qual ela viveu, também foi o que a motivou a realizar o 1º Chá da Vida, com o intuito de compartilhar experiências e conscientizar as mulheres nos cuidados em prevenção a doença. “Eu vi a necessidade de trazer esse chá devido ao que eu passei com a minha mãe. Tem quatro meses que eu perdi minha mãe por causa de um câncer. Então, eu vi a necessidade de nós divulgarmos”.

“Vimos essa necessidade de estar juntando e pegando experiências e vivências de quem já passou por essa doença, até porque não é fácil nem pra quem está doente e nem pra quem está perto convivendo, pois, acaba que reflete em todo mundo. Então aqui tivemos a oportunidade de estar escutando essas mulheres que tiveram o câncer de mama. Nós pudemos absorver delas essas experiências e isso nos ajudará a trabalhar em nossa vida como lidar com uma situação dessas, comentou”.

Eu levei todo o meu processo com o câncer na fé – Aparecida Garcia Vidal

O Chá da Vida contou com o depoimento de quatro mulheres que passaram ou estão passando pelo processo do câncer de mama: Aparecida Garcia Vida (Cidinha da Tikriti), Maria Giselda Silva Moreira, Anna Lúcia Duarte Silva e Andréia Aparecida dos Santos. Nos depoimentos elas contaram um pouco de sua história com a doença, e dos períodos bons e ruins que foram vividos durante o processo.

Aparecida Garcia Vidal comentou durante seu depoimento que já faz seis anos que ela descobriu o câncer de mama. Segundo ela, no início foi um processo difícil e de muita aceitação, porém, a sua fé foi um dos principais fatores que a ajudou a vencer a doença.

“Eu levei todo o meu processo com o câncer na fé. Fiz oito quimioterapias, 30 radioterapias, e sempre falando que aquele remédio era o Sangue de Jesus que corria nas minhas veias, pois a minha fé é muito grande”.

Aparecida Vidal contou que todo esse processo fez com que ela se amasse e se cuidasse ainda mais. Hoje, ela já não tem mais a doença, mas, continua o tratamento. Também busca ter uma vida saudável.

“Depois desta segunda chance, eu sempre cuidei de mais de mim. Já tem seis anos que eu dei o câncer e depois disso eu nunca gripei. A partir das 18h estou com a casa fechada e tomando os meus chás. Temos que cuidar, a alimentação é muito importante, comer e tomar coisas naturais. Hoje, eu faço meus exames e não dá nada”, comentou.

“Se policiem, porque 90 dias antes de descobrir o câncer eu tinha feito a mamografia e não havia acusado que eu estava com câncer [...]” – Anna Lúcia Duarte Silva

Ana Lúcia Duarte, de 49 anos, também foi uma das mulheres a dar seu depoimento. Ela mora na cidade de Iguatama e é uma mulher que a vida toda trabalhou como carreteira, viajando para várias regiões do Brasil e, que mesmo ao descobrir o câncer, continuou trabalhando. “Eu fui carreteira há muitos anos, amo a minha profissão, mas, hoje eu tive que deixar a profissão porque eu tenho um pai, uma mãe e uma neta. Eu fiz o tratamento todinho trabalhando, eu não me afastei”.

Em seu depoimento, Ana Lúcia alertou todas as mulheres sobre a importância da realização de exames periódicos e, principalmente, do autoexame de mama (exame toque), pois, ela descobriu seu câncer de mama – por meio do autoexame – ao voltar de uma viagem. Segundo ela, o nódulo apareceu 90 dias depois de ela ter feito uma mamografia que não acusou nada.

“Se policiem, porque 90 dias antes de descobrir o câncer eu tinha feito a mamografia e não havia acusado que eu tinha câncer. Então, é uma coisa assustadora, porque a minha mamografia não mostrou o câncer e eu fui descobrir depois de 90 dias”.

Dona Carismélia

Após os depoimentos, o evento contou com uma apresentação de Stand Up Comedy, da Dona Carismélia, uma idosa de 77 anos, muito engraçada e cheia de história pra contar. A personagem é interpretada por Cali Silva, que é empreendedora e mora na cidade de Lagoa da Prata.

Foi ao som de muitas gargalhadas que a personagem levou reflexões sobre o cuidado que se deve ter com o próprio corpo, para evitar doenças graves como o câncer de mama.  

Segundo Cali Silva, a personagem Dona Carismélia foi criada em 2013, para atender uma demanda dos grupos de idosos da Assistência Social de Lagoa da Prata, logo depois que assumiu como secretária de Assistência Social. “Acabei percebendo que tinha dom pra coisa e isso me alegrava muito, como se renovasse as minhas energias”, comentou.

Com o tempo a personagem foi falando de vários outros temas, pois ela percebeu que suas palavras tocavam de forma cômica a vida de muitas pessoas.