As noites de quarta e quinta-feira (28/29) foram movimentadas em Arcos com a realização da 1ª Jornada Empresarial, realizada pela pela ACE (Associação Comercial e Empresarial) CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Arcos. O evento recebeu mil pessoas, entre empresários e colaboradores de Arcos e cidades da região.

No primeiro dia todos puderam acompanhar a palestra de Gildo Afonso, o brasileiro com esclerose múltipla que completou o Ironman, que é um grande desafio que acontece entre atletas de elite que percorrem grandes distâncias nadando, correndo e pedalando.

Gildo é um grande exemplo de superação, por não deixar se vencer pela doença ou pelo diagnóstico feito pelos médicos, e ousar a se desafiar e superar por meio do esporte. Hoje, Gildo Afonso leva uma palavra de esperança e ânimo por todo o Brasil, a todas as pessoas que sofrem com a doença ou com outras condições, e também para aquelas que são saudáveis, mas, acham que a vida é difícil demais.

A equipe do Portal Arcos esteve presente no evento e fez um bate-papo com Gildo Afonso. Acompanhe a baixo:

Reportagem – Como está sendo sua experiência aqui em Minas? Foi bem recebido pelos mineiros e pelos arcoenses?

Gildo Afonso – “Eu vim de São Paulo e eu gostei muito daqui de Arcos, da receptividade. Não sei se é esse jeito mineiro de acolher e de receber as pessoas, mas, desde o primeiro momento que eu comecei a projetar vir para cá, falando com as pessoas para reservar um hotel, as pessoas que me convidaram para estar aqui, foi tudo com muito carinho, parece que eu sou da família. Então estou muito feliz com a receptividade daqui, estou me sentindo em casa”.

Reportagem – Quando você iniciou sua jornada como palestrante?

Gildo Afonso – “Iniciei com as palestras profissionalmente depois do Ironman. Foi um convite de uma escola pública e eu nunca havia pensado em dar uma palestra, eu fui e amei. Depois desta palestra eu recebi o convite de uma grande indústria farmacêutica chamada Bayer, onde me convidaram para ir em uma convenção de vendas deles, o feedback foi muito bom e foi aí que eu decidi levar isso de forma profissional”.

Reportagem – Algum dia em sua vida você imaginou estar em um lugar como este, e como outros em que já esteve, contando a sua história?

Gildo Afonso – “Muitas vezes eu não acreditei nisso. Quando eu corri uma maratona eu nem falava para as pessoas que eu tinha o diagnóstico de esclerose múltipla, pois eu me sentia vulnerável, achava que as pessoas iriam me julgar e não iriam me aceitar. E olha o quanto isso mudou a partir do momento em que eu comecei a contar e hoje eu estou aqui com um público de mil pessoas contando esta história. Então aquilo que eu escondia, que eu tinha medo, no dia em que eu revelei isso começou a me levar para vários cantos do Brasil”.

Reportagem – Gildo, como é para você poder ser um exemplo de superação, principalmente para as pessoas que sofrem com a esclerose múltipla ou outras doenças?

Gildo Afonso – “Eu comecei fazendo isso para mim, para o Gildo, para me superar. Eu acreditava que era uma jornada só minha, até que um dia eu recebi o áudio de uma menina de 12 anos chamada Júlia, me dizendo que a minha história fazia a tudo valer a pena. Então eu vi que não era sobre mim, que quando eu estou empenhado em fazer o que deve ser feito eu impacto quem está ao meu redor. Eu tenho que fazer principalmente por mim, pelos meus e aquilo vai impactar as pessoas ao meu redor. Foram poucas pessoas que fizeram a diferença na minha vida e nós temos esse potencial, se não sou eu ou você que está precisando de ajuda, nós podemos ajudar alguém”.

Reportagem – Gildo, você concretizou o sonho de completar o Ironman. A partir de agora você tem uma nova meta?

Gildo Afonso - “Eu comecei uma nova meta, ainda dependo de uma série de patrocínios, que é ser a primeira pessoa do mundo com Esclerose Múltipla que chegou ao Everest. Esta não foi uma ideia minha, foi da Globo, pois eles disseram que me vêm como uma referência de superação no Brasil, mas, que se eu for ao Everest eu posso me tornar uma referência no mundo. Isto me encheu os olhos, porque algumas pessoas de outros países com este diagnóstico já fizeram o Ironman, tem um filme na Netflix de um espanhol que fez, chama-se ‘100 metros’, só que nenhum deles ainda tem o potencial de chegar no Evereste, pois eu ainda estou novo, tenho disposição e já cheguei até aqui. Ir ao Everest será uma grande oportunidade, mas, ainda dependo de muitos fatores, mas o que depender de mim e da minha dedicação, com certeza eu vou chegar lá".