• 16/05/2024
24 Março 2023 às 22h27
Fonte de Informação: Da Redação - Cecília Calixto

Conheça Thiago Henrique, uma das poucas pessoas com Síndrome de Down inseridas no mercado de trabalho em Arcos

Em entrevista ao Portal Arcos, Thiago e sua família falaram sobre sua trajetória na formação escolar e no mercado de trabalho

“Ele é um cristalzinho! Por onde ele passa todo mundo adora ele. Não teria como ser diferente”, essa foi a frase utilizada por Nicole ao descrever seu irmão Thiago Henrique Lima para a reportagem do Portal Arcos.

Thiago, também conhecido pelos mais próximos como ‘Guinho”, é uma pessoa com Síndrome de Down. Ele é natural de Formiga, tem 36 anos, é filho de Maria Jerônimo Lima e Manuel Lima, e é um entre 14 irmãos: Bercholina, Baltazar, Ângela, Manoel (in memoriam), Rinaldo (in memoriam), Sinval, Vicilma, Valquíria, Carlos, Vânia, Mirele, Pollyana, Nicole.

Thiago tem ensino médio completo e é uma das poucas pessoas com Síndrome de Down que está inserido no mercado de trabalho em Arcos. Então para comemorar o ‘Dia Internacional da Pessoa com Síndrome de Down’ e falar sobre a inclusão delas no mercado de trabalho, a reportagem do Portal Arcos conversou com ele e seus familiares.

 

Quem é o Thiago?

Thiago é uma pessoa que gosta de cantar, dançar e de tirar fotos e selfies para postar nas redes sociais. Ele trabalha e vai a academia duas vezes na semana. Gosta de ir a shows, eventos especiais, na casa dos irmãos, para a roça, mas também gosta de ficar em casa cantando e dançando.

Segundo Nicole, irmã de Thiago, para a família ele é a pessoa mais querida e afetuosa. Ele é o orgulho de todos. “É o irmão mais especial de cada um de nós. Ele é o que nos dá força sempre e em qualquer situação. Nunca falta um abraço, um carinho, uma palavra de afeto. Ele é nosso maior orgulho e a menina dos olhos da minha mãe. É quem transformou a vida dela (e de todos nós) desde a gestação”. Também acrescentou dizendo que como irmão ele é o melhor de todos, o mais companheiro, o mais amigo e que ele os ensina o tempo todo.

Ela nos contou que quando Thiago nasceu, sua mãe dedicou 24h do seu tempo para ele, pois ele não tinha firmeza no corpo e na época ainda não existia a APAE. Devido a isso, ela teve que aprender sozinha como cuidar dele. “Ela o ensinou a andar, falar, comer. Fazia exercícios com ele e estimulava a fala. Ela conta que quando ele nasceu o médico disse que ele não andaria, não comeria sozinho, seria totalmente dependente. Então ela conversou com Deus e disse: ‘o Senhor me deu esse filho especial, então me ajude a cuidar dele da melhor forma possível para que ele seja independente, porque eu sei que não vou viver pra sempre’. Vendo tudo o que ele é capaz de fazer, tudo que construiu ao redor e todo o amor e respeito que ele carrega em si, não dá para negar que Ele ouviu o que ela pediu”.

 

Processo de aprendizado e estudos

Na infância Thiago chegou a ir para a APAE, onde ele aprendeu tudo que era possível e ofertado pela instituição, porém, chegou um momento em que Thiago demonstrou interesse de ir para escola para poder aprender a ler e escrever.

Quando Thiago ficou adolescente ele foi estudar na Escola Estadual Vila Boa Vista, onde ele completou o ensino médio.

“Lá ele tinha ajuda especial. Tia Matilde foi um anjo com ele. Foi acolhido também pelos colegas que tinham muita paciência nos momentos em que ele não tinha paciência. Ivone, que na época era diretora, também foi muito atenciosa”, disse Nicole.

Nicole comentou que seus colegas de sala não só acolheram como também ajudaram ele nos trabalhos, provas, em tudo que era possível: “eles foram colegas por anos e eles de fato foram cruciais para que ele conseguisse se formar”. Inclusive uma se suas colegas de sala era a sua própria sobrinha, Agnes.

 

Mercado de Trabalho

“Eu gosto muito de trabalhar aqui. Eu sou embalador” – Thiago Henrique

Thiago sempre quis estudar e trabalhar, pois sua família sempre estimulou seu desenvolvimento individual. Nicole nos contou que o primeiro emprego de Thiago foi quando ele ainda estava estudando, por meio de uma indicação da diretora da escola. Ele começou a trabalhar em uma fábrica de costura, depois de um tempo foi para outra fábrica e em seguida começou a trabalhar na Rede de Supermercados ABC.

“Aqui eu vou fazer nove anos em abril. Eu tinha 27 anos, aí eu estudava na Vila. Eu comecei a trabalhar na Fábrica de costura. Depois enviou meu currículo pra cá e eu comecei a trabalhar aqui. Eu gosto muito de trabalhar aqui. Eu sou embalador”, disse Thiago a reportagem do Portal Arcos.

Perguntamos para ele se sua mãe concordou com que ele começasse a trabalhar, e com muito carinho ele respondeu: “Ela concordou sim. Ela foi sempre uma boa mãe pra mim”.

Thiago nos contou que ele começa a trabalhar as 07:30h e vai até às 19:30h, e de lá vai direto para a academia.  

 

“[...] Não é porque a pessoa talvez vai ter uma dificuldade de estar desenvolvendo uma função que nós não devemos abrir uma porta para ela estar trabalhando, e infelizmente muitas empresas pensam assim” – Geovanna Maria Dias de Souza

A reportagem do Portal Arcos também conversou com a analista de RH do Hipermercado ABC em Arcos, Geovanna Maria Dias de Souza, que falou sobre como funciona o processo de contratação de pessoas com deficiência na empresa.

Segundo ela, por lei as empresas quando chegam a um certo número de colaboradores elas têm uma cota a ser cumprida para a contratação de pessoas com deficiência. Além, de toda a responsabilidade social que a empresa precisa ter.

A empresa atualmente conta com sete pessoas com deficiência, entre elas Thiago é o único com Síndrome de Down. Além do salário que é igual aos demais funcionários, eles também têm acesso a plano de saúde, plano odontológico, seguro de vida e cartão alimentação.

Geovanna comentou que é muito importante que todas as empresas, independentemente da quantidade de colaboradores, deem oportunidade para as pessoas com deficiência.

“A gente tem que ter mais contato todos os dias com pessoas com Síndrome de Down e com outras deficiências, pois elas têm o coração muito puro. Não é porque a pessoa talvez vai ter uma dificuldade de estar desenvolvendo uma função que nós não devemos abrir uma porta para ela estar trabalhando, e infelizmente muitas empresas pensam assim”.  

 

“O Thiago é aquela pessoa muito doce, que gosta de dançar vez ou outra, é muito amoroso, gosta de abraçar, gosta de falar eu te amo” - Geovanna Maria Dias de Souza

Ao falar sobre Thiago em seu local de trabalho, a analista de RH o descreveu como uma pessoa carinhosa e muito querida pelos colegas da empresa.

“O Thiago é aquela pessoa muito doce, que gosta de dançar vez ou outra, é muito amoroso, gosta de abraçar, gosta de falar eu te amo, gosta de chamar a gente de um jeito carinhoso e gosta de brincar. Ele trabalha, termina o serviço e vai para a academia e a gente sempre incentiva ele a fazer essas coisas pois, é bom para o organismo dele. Ele tem os horários certos para ele comer, então a gente sempre libera ele nos horários certos e os colaboradores estão sempre à disposição”.

Ao final da entrevista a irmã de Thiago, Nicole, ressaltou que ele sempre teve uma boa experiência nos locais em que trabalhou e que o desejo de sua família é que mais pessoas com deficiência tenham a mesma oportunidade.

“A empresa dá toda a assistência que ele precisa, trata das dificuldades com toda paciência e mantem contato com a gente o tempo todo para qualquer coisa que aconteça. E o que nossa família espera é que todos os jovens com Síndrome de Down, autistas, PCD, seja essa deficiência visível ou invisível (como ostomia, colostomia e etc.), tenham oportunidade como ele teve; conquistem a independência que ele conseguiu conquistar. Trabalho e educação são necessidades básicas e todo mundo merece e precisa disso para manter uma qualidade de vida no mínimo decente. E uma deficiência é só parte de uma pessoa, não se pode definir alguém por isso”.

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