• 16/05/2024
01 Março 2023 às 11h39
Fonte de Informação: Da Redação - Cecília Calixto

Dra. Ylmara Chicri fala sobre a importância do diagnóstico precoce do Alzheimer

Em entrevista ao Portal Arcos ela também falou sobre os sintomas, fatores de risco e sobre a importância do apoio familiar após o diagnóstico

Neste mês de Fevereiro são celebradas por várias instituições de saúde as campanhas ‘Fevereiro Roxo’ que trata sobre o Alzheimer, a Fibromialgia e o Lúpus e ‘Fevereiro Laranja’, em combate a Leucemia. Ambas as campanhas enfatizam a importância da conscientização da prevenção e do diagnóstico precoce.

Para trazer um enfoque para um dos temas, a reportagem do Portal Arcos conversou com a médica geriátrica Dra. Ylmara Chicri, que falou sobre o Alzheimer.

Na entrevista, Dra. Ylmara iniciou explicando sobre a campanha ‘Fevereiro Roxo’. “Nesta campanha, que reuni a Fibromialgia, o Alzheimer e o Lúpus, o que elas têm em comum? São doenças que são incuráveis, todas com tratamento que deve ser feito de forma precoce. O diagnóstico e o tratamento precoce dão uma qualidade de vida por mais tempo, para qualquer uma dessas doenças”, explicou.

Quanto ao Alzheimer, que é um tipo de demência, ela explicou que na campanha é realizada essa conscientização pois, o tratamento do Alzheimer feito de forma precoce pode retardar as mortes celulares.

“Se a gente diagnostica uma demência leve e entramos com a medicação, o que já foi perdido a gente não recupera, porém, a gente consegue amenizar os sintomas e até mesmo retardar. Então, uma evolução da doença sem o tratamento, que duraria uns cinco ou seis anos para passar do leve para o estado mais grave, com o tratamento passaria para 12 ou 15 anos”.

 

O número de pessoas com Alzheimer tem aumentado?

A reportagem do Portal Arcos perguntou para Dra. Ylmara se o número de pessoas com Alzheimer tem aumentado nos últimos anos. Em resposta, ela comentou que: “atualmente, de acordo com um levantamento realizado em 2022, existem no mundo 55 milhões de pessoas com a doença, e a estimativa é que em 2030 esse número chegue perto de 75 milhões de pessoas”, sendo um aumento muito grande para um período de apenas sete anos.

Ela explicou que, um dos fatores que contribuem com o aparente aumento da doença é a realização do diagnóstico, que não era tão frequente antigamente.

“Antes não se era dado o diagnóstico de Alzheimer, talvez nem era porque não existia a doença, mas, porque não tinha tanto diagnóstico. Antes as pessoas conheciam como caduquice”.

Porém, ela explicou que a caduquice (forma que era conhecida a demência antigamente) poderia tanto ser um Alzheimer quanto uma demência leve, que é a perda cognitiva na velhice, sendo casos leves de esquecimento que são normais na terceira idade. 

 

O Alzheimer pode ser hereditário?

Também perguntamos para Dra. Ylmara, qual a principal faixa etária que é acometida com a doença, e se o Alzheimer pode ser hereditário.

Dra. Ylmara Chicri explicou que, a partir dos 60 anos, 1% da população tem Alzheimer, com 65 anos 2% da tem Alzheimer e acima dos 85 anos chega a 15% da população.

“Então é uma doença que quanto mais velho, maiores as chances de ser acometido por ela. O centenário já vai ter bem mais chances, então quando mais anos de vida maior as chances de desencadear o Alzheimer”.

 

Principais sintomas do Alzheimer

Dra. Ylmara explicou que uns dos sintomas iniciais do Alzheimer e que muitas vezes não é percebido pelos familiares, é o isolamento social e a perda do interesse por atividades que eram frequentes.

“A pessoa começa a se isolar e muitas das vezes a gente nem percebe. Tem também a perda leve no interesse das coisas, se a pessoa gostava de ler e começa a deixar de ler, a pessoa que gosta de ir na igreja começa a deixar de ir na igreja. Então a pessoa começa a perder muitos interesses e começa a se isolar”.

Por isso, Dra. Ylmara ressaltou que no tratamento, além dos medicamentos, é importante ter o apoio e acompanhamento familiar, tanto para observar os sintomas, quanto para ajudar o idoso em sua sociabilização e em todo processo que irá passar durante a evolução da doença.

“Então é muito importante a presença familiar nesses momentos, a pessoa idosa tem que receber esse apoio, pois ela passa a esquecer até de tomar os medicamentos, às vezes na fase moderada ou grave ele já não pode nem morar sozinho. É bom que ele tenha uma sociabilização, pois, no Alzheimer isso começa a se perder, pois ela vai deprimindo, vai se isolando, o que ele gostava muito de fazer ele começa a não querer fazer, fica muito repetitivo, te pergunta a mesma coisa várias vezes”, explicou.

Esses são sintomas que aparecem na fase inicial da doença e, por parecerem algo normal da pessoa idosa, é por isso que muitas vezes a família demora a perceber que pode ser um Alzheimer. Segundo ela, na maioria dos casos as famílias só procuram o médico quando percebem que o idoso começa a esquecer o nome dos filhos e de pessoas bem próximas, e quando começam a guardar objetos como chaves e carteiras em locais estranhos, como na geladeira. O preocupante é que esses sintomas surgem na fase moderada da doença.

“Muitas pessoas realmente procuram um médico de forma tardia. O idoso as vezes começa a se isolar e todo mundo acha que é normal, acha que ele não precisa sair, ou que não dá conta de sair, que é perigoso, que ele vai cair” – Dra. Ylmara Chicri

 

O Alzheimer é o novo Diabetes?

Também foi perguntado a ela sobre um assunto que tem sido muito comentado atualmente, de que o Alzheimer é o novo diabetes. Essa informação procede?

Em resposta, ela disse que: “o diabetes tem muito a ver, pois as pessoas que têm diabetes têm maior propensão de ter o Alzheimer, pois o açúcar é um dos principais causadores da morte dos neurônios”.

Segundo ela, o açúcar também contribui no surgimento da demência vascular: “pois, aumenta a predisposição de ter microinfartos lacunares no cérebro, tanto o açúcar quanto a gordura, e isso aumenta as chances de ter a demência”. Por isso é importante procurar ter desde cedo uma alimentação e do estilo de vida saudável.

 

“No idoso a partir dos 60 anos, a melhor atividade física é a que você mais gosta. Mas, se você puder escolher, que seja a musculação [...]” – Dra. Ylmara Chicri

Ao final da entrevista, Dra. Ylmara falou sobre os cuidados com a saúde para se evitar a doença ou retardar os sintomas. Entre estas atividades, uma das mais recomendadas é a musculação.

“No idoso a partir dos 60 anos, a melhor atividade física é a que você mais gosta, mas, se você puder escolher que seja a musculação. Claro que isso vai variar de acordo com a situação de cada idoso, mas, se você nunca teve uma fratura, o melhor é a musculação para ganhar massa muscular, principalmente nas pernas, na parte inferir, para você ter mobilidade, para você ser independente e não precisar tão cedo de um familiar”, explicou.

Ela explicou que, se a pessoa idosa não tem massa muscular ele vai depender de uma cadeira de rodas, pois não vai ter forças para andar, mas, se ele tem massa muscular ele conseguirá fazer as coisas em casa, conseguirá subir uma escada, ir à igreja e ao mercado, sendo uma pessoa mais independente. “A musculação não é para ficar com um físico bonito, mas, é para ficar independente mesmo, para prorrogar essa dependência do familiar. Quanto mais massa magra a gente tiver, mais independência a gente vai ter”.

Com isso, o ideal é que a pessoa comece a cuidar da saúde e a se exercitar o mais cedo possível.

“A gente começa a envelhecer aos 40 anos, devido a faze hormonal que começa a cair e, por isso, o nosso organismo começa a envelhecer. O ideal seria a gente ter uma vida saudável desde que nascesse, mas, principalmente após os 40 anos, quem não tem essa vida saudável já tem que buscar mudar e praticar uma atividade física”, ressaltou.

Outros exercícios importantes para serem feitos são aqueles que exercitam o cérebro, como exercícios para a memória, palavras cruzadas e leitura. Segundo Dra. Ylmara, essas atividades são excelentes para prorrogar os sintomas da fase leve da doença.

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