• 27/04/2024
15 Novembro 2022 às 10h29

Onde é a casa de Deus??

A simplicidade da mente infantil, costuma ser instigada de maneira constante por essa indagação corriqueira. Na impossibilidade de um raciocínio mais amplo, a criança ajusta-se facilmente à ideia de que o Criador Supremo, habita uma morada de nuvens, num ponto do cosmo, que costumamos chamar de “céu”. Porém, nos dias aflitivos pelos quais passamos na atualidade, não é raro encontrar companheiros, que muito embora já tenham deixado distantes os dias da infância, preferem ainda conservar a noção de uma crença institucionalizada, um modelo de fé, em que Deus perde o atributo essencial da onipresença, e permanece circunscrito a espaços físicos pré-determinados.

 

As mais capacitadas mentes, discutem nas cortes soberanas da nação, se as casas de Deus devem cerrar ou não suas portas. Fiéis de todas as crenças, nem sempre de maneira polida, reivindicam o direito aos altares, cultos e rituais de sua preferência, mas, no coração vazio de todos os homens, a pergunta inocente constrange os limites da lei e desafia o sentido da fé a um só tempo. Onde é a casa de Deus?

 

Temos observado alguns companheiros, espíritas e de outras congregações, lamentando em tom de protesto, a impossibilidade momentânea da realização dos encontros habituais, comuns a todo grupo religioso (conforme registrado durante a pandemia). Alegam muitos desses, que ao serem impedidos de visitarem as igrejas, os templos, as casas espíritas, perderiam por assim dizer a oportunidade preciosa de um contato mais direto com o amor infinito de Deus.

 

Jesus, o Mestre de todos nós, percorreu os toscos caminhos da Galileia de seu tempo, em comunhão integral com o Pai, onde estivesse. A natureza era o seu templo. Orou nos montes. Pregou em barcos. E em tudo e todos, sentia pulsar latente a presença de Deus. 

 

Sem a intenção de causar nenhum desconforto aos que ainda guardam simpatia com os rituais, ou aceitam a condição de sagrado atribuído a alguns lugares, gostaríamos de propor outra indagação que julgamos importante nesse contexto: Se Deus é o supremo criador do universo, se nos referimos a Ele como portador de todo poder, por quais meios seria possível contê-Lo, guardá-Lo de alguma forma, enclausurando-O de tal modo que pudéssemos desfrutar de sua presença em dias e horários pré-estabelecidos??

 

No prefácio do livro Caminho, Verdade e Vida, o autor espiritual nos faz a seguinte ponderação, que julgamos bastante pertinente diante das dúvidas que nos tem turvado a alma nesses tempos de inquietação:         

 

O Cristo não estabelece linhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consagrados ao serviço divino. (1)

 

Não há, portanto, razão alguma para que a alma comprometida com a própria renovação, guiada pela bússola precisa do evangelho de Jesus, se perturbe com os obstáculos meramente formais com os quais estamos lidando no presente momento. “Nada pode nos afastar do amor de Deus.” (2)

 

Dizem que quando uma porta se fecha em nossos caminhos no mundo, os mecanismos divinos determinam que outras sejam abertas a nossa frente. Se temporariamente, a sabedoria suprema que organiza a marcha dos que estagiam na Terra, nos impõe o distanciamento dos altares e tribunas, onde prestávamos nossa pequena cota de serviço ao bem, novas tarefas nos aguardam nos templos das ruas, nas famílias devastadas pelo luto, nas casas alcançadas pela miséria.

 

Deus está em toda parte. Está em tudo e em todos, o tempo todo. Daí, vem a afirmação comovente do apóstolo Paulo “...em Deus vivemos, e nos movemos, e existimos”. (3)

 

Aos cristãos desses dias de incertezas, cabe a firmeza da fé, acima das convenções e dificuldades passageiras.

 

Para que a pergunta inicial não fique totalmente sem resposta, nos permitamos um pequeno exercício filosófico: Deus não mora no céu, tão pouco vive na Terra. Se Ele pudesse ser definido simplesmente como o amor supremo que a todos envolve e a tudo permeia, poderíamos dizer que Deus não tem casa, não habita; nós e tudo, é que habitamos Nele.  

                                                                                                                                     

Abraços fraternos!

 Joel Bazílio

([email protected])

 

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Aos sábados: Evangelização infantil e Escola de pais às 09:30hs; às 17h Campanha do Quilo e às 18:30hs Mocidade espírita.

 

Referências:

  1. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 1948. Prefácio.
  2. ROMANOS, 8:38
  3. ATOS, 17:28

Fonte da imagem: Disponível em https://pixabay.com  Acesso em 14/11/2022.

 

 

 

 

Colunista
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