• 18/04/2024
29 Junho 2022 às 09h40
Fonte de Informação: Assessoria de Imprensa

Mineira é autora de pesquisa internacional que retrata impactos da Covid-19 nas mulheres

Ada Ferreira, já residiu em Arcos, é autora de uma pesquisa que ouviu milhares de mulheres e retratou o aumento das desigualdades sociais no período. Estudo pioneiro foi lançado neste mês em Roma

A esperança na América Latina tem um rosto feminino. As palavras do papa Francisco abrem um importante documento, lançado em todo o mundo, que retrata o Impacto da Covid-19 nas mulheres da América Latina e do Caribe. Para ser elaborado foram ouvidas mais de duas mil mulheres em 23 países da região. Uma das autoras é a brasileira Ada Ferreira. Nascida em Belo Horizonte, psicóloga e professora universitária, ela participa de movimentos sociais há mais de 30 anos. Ada é membro do Observatório Mundial das Mulheres e dividiu a autoria do documento com o argentino Patrício Caruso. A pesquisa que se transformou em uma publicação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) foi lançada em Roma no último dia 14 de junho e agora serve de apoio para melhoria nas políticas públicas e em projetos sociais de apoio ao público feminino. Moradoras de Arcos também responderam a pesquisa e contribuíram com o levantamento.

Para Ada Ferreira, a proposta surgiu com o intuito de abrir um processo de escuta e diálogo e retratar os desafios vividos pelas mulheres de diferentes classes sociais e denominações religiosas durante a pandemia da Covid-19. “Ao iniciar, percebemos que era necessário ampliar o que já havia sido publicado sobre o assunto, realizar entrevistas com especialistas e conseguir que o questionário elaborado por nós chegasse em localidades de acesso restrito, onde muitas vezes as mulheres são esquecidas. É um dado muito sério, uma vez que as desigualdades e a violência de gênero aumentaram nesse período além do agravamento da pobreza. Sabemos que as mulheres colaboram com o sustento familiar e em muitos casos representam a única fonte de renda no lar”, lembra Ada.

A professora explica que o empobrecimento significou um peso imenso na situação das mulheres, principalmente para camponesas, indígenas, migrantes e de regiões periféricas, devido às dificuldades colocadas para venderem produtos alimentícios e artesanais nos mercados ou nas ruas e também por causa dos obstáculos para acessar recursos necessários à produção, como água potável, insumos agrícolas e combustíveis para o transporte. Em relação às tarefas de casa a situação se agravou ainda mais. De acordo com o levantamento, devido ao maior número de membros da família em casa, as mulheres tiveram que assumir ainda mais atividades além de cuidar da saúde dos filhos, já que as redes de assistência foram interrompidas durante as ondas da Covid-19.  “Em geral, o trabalho remoto acrescentou sobrecarga na responsabilidade pelo cuidado e pelo trabalho doméstico. Somente alguns grupos de mulheres com educação de nível universitário ou pós-graduação disseram que o trabalho remoto as aproximou de seus maridos e filhos e lhes proporcionou mais tempo para a atividade física e o ócio”.

A idade das mulheres pesquisadas vai de 18 até 88 anos e do total, 84% vivem nas cidades, 29% manifestaram ter tido Covid-19 até a data da pesquisa. Ainda segundo os números, a maior carência vivida no período foi a falta de atendimento em saúde e acesso à alimentação. Para as que faltaram alimentos, a maior parte da ajuda veio de familiares e amigos.

 

Aumento da violência contra as mulheres: De acordo com explicações repassadas por Ada Ferreira, ao apurar os dados da pesquisa foi possível perceber uma série de relatos sobre a violência contra as mulheres. Um dos índices que chamam a atenção é o aumento do crime organizado e do tráfico de mulheres. “Quando houve fechamento de fronteiras, muitas precisaram usar meios informais para se mover, o que aumentou a exposição ao crime organizado e um alto impacto na comercialização de mulheres. O tráfico foi incrementado devido a falta de fiscalização dos governos, ausência das forças de segurança e novas estratégias por parte dos traficantes”. Além disso, a convivência familiar mais estreita foi uma das causas apontadas pelas entrevistadas para aumentar conflitos familiares e consequentemente o aumento da violência doméstica nos lares brasileiros.

 

Desafios e soluções:

Para Ada Ferreira, a violência contra as mulheres, crescente na pandemia, precisa ser encarada como um problema estrutural e que pode ser amenizado com a junção de esforços para criação em cada comunidade de redes de acompanhamento, escuta e proteção. “Acredito que é preciso investir na criação de propostas sociais em cada localidade que sirvam de abrigo e proteção para as mulheres, que ofereçam cuidados com a saúde mental, já que elas são chefes de família capazes de promover criatividade e luta em meio à crise. Começar agora a trabalhar desde a infância, pela igualdade de direitos entre homens e mulheres e propor políticas públicas que favoreçam o protagonismo feminino”, sugere Ada.

 

Sobre uma das autoras da pesquisa

Ada Ferreira, mineira de Belo Horizonte, psicóloga há 26 anos, professora universitária há 15, lecionou na PUC Arcos por quase 10 anos. Membro da Sociedade de São Vicente de Paulo desde março de 1990, sendo a primeira mulher a ocupar a presidência nacional da entidade no Brasil.  Integra ainda a Rede Internacional de Mulheres Líderes Católicas.

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