• 28/03/2024
23 Maio 2022 às 14h42

AS TRÊS REVELAÇÕES

Ao longo da história humana percebe-se a evolução das crenças, de um modo geral, quando há a personificação de entes, dito superiores, que são os responsáveis pela regência do Universo, da natureza e dos desígnios dos indivíduos.

 

Esse modo de caminhar e de pensar a divindade, também se vê presente na história da nossa cultura ocidental, tradicionalmente cristã e baseada em um Deus único.

 

Para compreender melhor as fases que marcam as importantes mudanças na religiosidade, o professor Allan Kardec, de forma didática, dividiu-as em três momentos, também denominadas de as três revelações.

 

A primeira revelação, ou, a primeira fase dessas mudanças, é atribuída a importância de Moisés que abriu os caminhos, lançou luz à uma ideia que passou, desde então, a ser universal, qual seja, a da existência de um Deus único.

 

Antes disso, a unicidade de Deus, a crença em um ente superior único e soberano, era restrita e difundida entre o grupo dos hebreus.

 

Atrelada à liderança de Moisés junto a seu povo, houve a necessidade de ser instituída as leis que regessem a convivência e o modo de vida em comum, nascendo, então, as leis mosaicas, próprias e peculiares ao modo de se pensar e relativas ao grau de amadurecimento social da época, razão pela qual muitas dessas regras foram consideradas, posteriormente, rígidas e até por vezes contraditórias as leis de Deus.

 

Também nasceram nesse momento as leis de Deus através dos 10 mandamentos, ditadas no monte Sinai. [i]

 

A segunda revelação veio com o Cristo, que declarou não ter vindo destruir as leis impostas anteriormente, mas, pelo contrário, havia vindo para dar-lhes o devido cumprimento. [ii]

 

Jesus personifica uma importante mudança na relação do homem com a divindade, rompendo com a barreira de um Deus impiedoso e tirano, trazendo-o para uma figura de amor e misericórdia para com os seus, razão pela qual, resume os 10 mandamentos outrora vigentes para somente 02: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” [iii]

 

Dessa forma, Jesus marcou toda a história da humanidade ao romper com parâmetros que visavam o culto e o exercício da religiosidade de maneira exteriorizada, tão somente, sem quaisquer comprometimentos com uma mudança íntima e de relação de amorosidade com o semelhante e consigo mesmo.

 

Diferentemente das primeiras revelações, a terceira não é personificada e traduz-se no espiritismo[iv], conjunto de ensinamentos dados pelos Espíritos, que são, nas palavras do codificador, “as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso inumerável de intermediários; é, de certa maneira, um ser coletivo.”[v]

 

O espiritismo veio à tona em uma época de desenvolvimento social (ano de 1.850) em que as pessoas já estavam mais aptas a compreender certas revelações, notadamente a relação entre o mundo corpóreo e o mundo incorpóreo, revelações e ensinamentos estes que Jesus ensinou por meio de parábolas e na forma de alegorias, visto o grau de amadurecimento das pessoas à época de sua passagem pela Terra. [vi]

 

Segundo Allan Kardec em ‘O evangelho segundo o espiritismo’:

O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. [vii]

 

Prossegue o professor Kardec ao afirmar que, assim como o Cristo afirmara não ter vindo destruir a lei, mas, antes, para cumpri-la, veio o Espiritismo para dizer que: “não veio destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” [viii]

 

Ocorre que ainda nos dias atuais a Doutrina Espírita é rotulada como sobrenatural, fantasiosa, mística, e, não como uma ciência, como ressaltara Allan Kardec na citação acima transcrita quando publicado ‘O evangelho segundo o espiritismo’ nos idos de 1.864, motivo pelo qual restam muitas barreiras a serem rompidas para a sua devida compreensão e absorção de todos os seus valiosos ensinamentos.

 

Abraço fraternal a todos!

 

Jordana Grazielle Nogueira Camargos – [email protected]

 

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[i] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 16ª ed. Boa Nova Editora, 2004. Cáp. 01. Págs. 36-37.

[ii] Bíblia Sagrada. São Mateus, 5:17 e 18.

[iii] Bíblia Sagrada. São Mateus, 22: 37-40.

[iv] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 16ª ed. Boa Nova Editora, 2004. Cáp. 01. Págs. 38-39.

[v] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 16ª ed. Boa Nova Editora, 2004. Cáp. 01. Pág. 39.

[vi] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 16ª ed. Boa Nova Editora, 2004. Cáp. 01. Págs. 38-39.

[vii] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 16ª ed. Boa Nova Editora, 2004. Cáp. 01. Pág. 38.

[viii] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 16ª ed. Boa Nova Editora, 2004. Cáp. 01. Pág. 39.

Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/caligrafia-hist%c3%b3ria-tinta-pluma-7188024/ Acesso em 22/05/2022.

Colunista
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