Já abordamos aqui na nossa coluna espírita alguns temas que nos trazem a ideia da reencarnação, notadamente quando falamos dos princípios básicos da Doutrina Espírita, como, a imortalidade da alma e a pluralidade das existências, e, até mesmo quando inauguramos esta coluna ao lançar luz com o tema “o que é o espiritismo?”.

De fato, pode-se dizer que a reencarnação é uma das bandeiras pela qual as pessoas, de um modo geral, mais reconhecem e identificam a Doutrina dos Espíritos, em que pese o fato da noção da reentrada no corpo físico ser difundida desde os tempos remotos da humanidade por outras crenças, tais como, o hinduísmo e o budismo.

Em relação às crenças referenciadas, importa ressaltar uma importante distinção em relação ao espiritismo; este último traz o ideário da reencarnação atrelado à crença cristã.

Em sua introdução ao ‘Evangelho Segundo o Espiritismo’[i], Allan Kardec nos traz a filosofia de Sócrates e de Platão como precursora dos ensinamentos cristãos, e, dentre estes, os renomados filósofos já destacavam existir no homem uma noção, mesmo que vaga, da existência de outro mundo ao qual aspira, sendo este o mundo espiritual para o qual todos retornaremos e de onde todos nós, homens reencarnados, saímos.[ii]

Mas como podemos compreender a reencarnação, como seria possível a um indivíduo viver novamente após a morte do seu corpo físico, da sua matéria, propriamente dita?

A esse respeito, Allan Kardec nos ensina que deve-se utilizar da razão para a devida compreensão do tema.

Prossegue o codificador ao ensinar que os judeus tinham uma vaga noção sobre o tema, alcunhando-o, todavia, como ressurreição; em contrapartida, acreditavam que o ser desencarnado poderia reviver no mesmo corpo outrora sem vida, o que demonstra ser impossível pela ciência.

A Doutrina Espírita, por outro lado, nos esclarece que a reencarnação somente será possível em um novo corpo físico, que será preparado e propício, inclusive, às experiências e vivências peculiares pelas quais àquele Espírito – dentro de toda a sua individualidade - necessita passar, vivenciar para evoluir e alçar voos rumo a perfeição relativa, estando, assim, cada vez mais próximo do nosso Criador, objetivo de todos os reencarnados.

Ao falarem sobre a necessidade da reencarnação, os Espíritos nos dizem que ela:

é necessária para que estes possam cumprir, com a ajuda de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confiou; ela é necessária a eles mesmos porque a atividade que são obrigados a desempenhar ajuda o desenvolvimento da sua inteligência. Deus sendo soberanamente justo deve considerar igualmente a todos os seus filhos; é por isso que dá a todos um mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de agir; todo privilégio seria uma preferência, e toda preferência uma injustiça. [iii]

Da leitura da transcrição acima, podemos extrair algumas lições de suma importância: a primeira é que a experiência na carne auxilia-nos no desenvolvimento da nossa inteligência, vez que, fomos criados todos simples e ignorantes[iv]; a segunda, é que Deus nos oferece a todos, os mesmos instrumentos, nos propicia todas as condições pelas quais a experiência material fará com que alavanquemos a nossa condição atual, cumprindo-se, assim, o objetivo reencarnatório.

Muita paz a todos!

Jordana Grazielle Nogueira Camargos – [email protected]

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