A estrutura pela qual se fundamenta e que serve de base ao Espiritismo são a Religião, a Filosofia e a Ciência, sendo estas consideradas o Tríplice Aspecto da Doutrina.

Três linhas de pensamento que num primeiro momento podem se mostrar totalmente divergentes e que em muitos momentos da história estiveram em direto confronto. Porém, através de um elaborado método de trabalho desenvolvido por Allan Kardec, foi possível que se construísse esta integração desses aspectos, e, assim, formar uma Doutrina que possibilita ao homem pelas vias da razão e do coração se libertar dos dogmas e imposições.

Em uma frase de Allan Kardec que está grafada em todas as contra capas do livro ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’, ele cita que a “fé inabalável só é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”[i], talvez ela por si só já nos dê um reflexo do trabalho que foi a Codificação da Doutrina. Vale expressar que Kardec, como um homem de ciência que era, no processo de construção doutrinário do espiritismo adotou o método intuitivo-racionalista pestalozziano, levando em consideração a observação e as análises experimentais.

Se observarmos o aspecto Religião, Kardec fala no ‘O Livro dos Espíritos’ na conclusão 5 que “o Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras (...)”[ii], ou em outra colocação, publicada na Revista Espírita de 1.861, novembro, p. 495, onde ele cita que “(...) o mais belo lado do Espiritismo é o lado moral. É por suas consequências morais que triunfará, pois aí está a sua força, pois aí é invulnerável.”[iii]  E, não deixando brechas de entendimento quanto ao conceito de moral e já integrando o aspecto Filosófico, recorro a Revista Espírita de 1.862, maio, p. 174-175, onde Kardec fala “(...) Ainda uma vez [o Espiritismo], é uma filosofia que repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e, na moral do Cristo (...)”[iv].

O aspecto Filosófico da Doutrina nos suscita em questionar e indagar as questões da vida, do cotidiano, de tudo e do todo que nos cerca, e buscar soluções para se viver de forma plena e que de fato nos consolide o estado de felicidade.

O aspecto Científico faz com que nos coloquemos como responsáveis pela nossa integração com Deus, nos levando a abandonar a fé cega e não raciocinada, pois de fato não existem distâncias entre nós e o nosso Criador.

Concluindo, Emmanuel no ‘O Consolador’ nas definições p. 13-14, nos elucida sobre estes aspectos da Doutrina da seguinte forma “(...) A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a Doutrina será sempre um campo de nobres investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.”[v]

Que o Mestre Jesus nos ilumine hoje e sempre!!!

Ivaldo Alves da Silva Junior

Centro Espírita Bezerra de Menezes

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