• 26/04/2024
23 Novembro 2021 às 18h16
Atualizada em 23/11/2021 às 18h17
Fonte de Informação: Redação - Cecília Calixto

Mais de 10% dos atendimentos urológicos em Arcos são casos de câncer de próstata

Em entrevista ao Portal Arcos, Dr. Arilson Júnior fala sobre a importância dos homens não negligenciarem a saúde e procurarem pelo atendimento urológico

Novembro é um mês dedicado, em todo Brasil, para falar sobre a conscientização da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Assunto este que ainda deve ser muito debatido, tendo em vista que muitos homens ainda enfrentam dificuldades para procurar pelo atendimento urológico.

Câncer de próstata é um assunto sério que não deve ser negligenciado. Segundo pesquisa do INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de próstata é o segundo mais comum nos homens e é a causa de morte de 28,6% deles. No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido à doença e o risco do homem ser diagnosticado ao longo da vida é de 16%.

Tendo em vista a importância de falar sobre o tema que ainda é um tabu para muitos homens, a reportagem do Portal Arcos entrevistou o médico Urologista Dr. Arilson de Souza Carvalho Júnior.

Dr. Arilson, trabalha prestando serviços urológico em Arcos há 15 anos e também presta atendimento em Belo Horizonte e em várias cidades da região. Em Arcos, ele atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Hospital Municipal São José, realizando atendimentos clínicos e pequenas cirurgias. Dr. Arilson atende em Arcos duas vezes por mês e faz em média 100 atendimentos no total.

No início da entrevista perguntamos ao Dr. Arilson qual a média de atendimentos ele faz de pessoas com câncer de próstata. Em resposta, ele disse que normalmente o número de homens diagnosticados com câncer de próstata representa mais de 10% dos atendimentos dele. No mesmo dia da entrevista, onde ele realizou a média de 50 atendimentos, ele disse que havia atendido 10 pacientes com a doença e três deles foram encaminhados para o primeiro tratamento.

 

Pandemia

Perguntamos também se os atendimentos urológicos diminuíram devido o medo das pessoas com relação à pandemia da Covid-19. Dr. Arilson comentou que o maior problema da pandemia não foi o medo do vírus em si, e sim o fato das pessoas terem se esquecido que existem outras doença além da Covid-19.

“O problema da pandemia é que ela deu a impressão de que não existiam outras doenças neste período. E eu posso te falar com segurança que as doenças neste período foram agravadas em sua maioria, pois o retardo do diagnóstico e a falta do tratamento contribuem para o desfecho desfavorável”, comentou.   

Ao se referir ao agravo das outras doenças ele também disse: “o ‘leite está derramando’ para as outras doenças. Estamos vendo câncer de próstata em estágio avançado e pessoas que pararam de tomar os remédios”.

 

“O maior problema acaba sendo a falta de tempo, o desleixo e a falta de preocupação. É a famosa síndrome do super-homem, pois os homens muitas vezes acham que nunca vão adoecer” – Arilson Júnior

Um antigo problema enfrentado pelos homens é a vergonha de ir ao Urologista e isso acaba influenciando no tempo para a realização do diagnóstico precoce da doença. Com isso, perguntamos para Dr. Arilson se ele observa que a vergonha ainda é uma dos fatores que impendem que homens procurem o atendimento médico urológico.

Em reposta ele disse que hoje em dia a vergonha já não é um fator predominante e sim a negligência e a falta de tempo da maioria das pessoas. “Existe o tabu sim, mas, hoje esse não é o maior problema. O maior problema acaba sendo a falta de tempo, o desleixo e a falta de preocupação. É a famosa síndrome do super-homem, pois os homens muitas vezes acham que nunca vão adoecer”.

Mas, ele comentou que por mais que a falta de preocupação por parte dos homens seja um problema, ela acaba contribuindo para o início de um diálogo de conscientização sobre o assunto, seja em um bar, em casa, na missa, na porta dos comércios ou na rua.

 

A importância do apoio familiar

Arilson disse que 80% das primeiras consultas dos homens são motivadas pela família. Por isso, é tão importante que a família fale sobre incentivando a procura do atendimento urológico. “Eles são motivados a virem pela família, pela esposa, filha ou uma parente mais próxima. Até porque, se for pra deixar pro homem vir ele vai sempre deixar pra amanhã. É importante cultivarmos na família a cultura do bem estar emocional, bem estar afetivo, familiar e religioso. E o lar só será completo, pleno belo e harmônico se houver a conjunção de mente e corpo”.

O médico comentou que não é possível ter uma família estruturada se o elo dessa família não tiver saúde. Então, uma família que se preocupa com o bem-estar de todos, certamente ela se preocupa em assegurar as medidas preventivas de pleno gozo da saúde.

Então, assim como acontece as conversas e campanhas de conscientização em prevenções ao câncer de mama e ao câncer de próstata, também devem ser feitas campanhas de prevenções cardíacas, estímulos às atividades físicas e melhorada a questão da obesidade – não para estética, mas, devido a deterioração da saúde.   

Quando se deve procurar atendimento urológico

Sobre quando iniciar a procura pelo atendimento urológico, Arilson disse que a idade recomendada é a partir dos 45 anos e que é necessário ter uma periodicidade anual. “Nós fazemos uma regrinha para esta periodicidade, que é sempre associar o mês de aniversário ao mês que o homem tem que voltar para fazer os exames preventivos”, explicou. E quando acontece o retorno ao médico, além do exame de toque, também são feitos vários outros exames para observar as funções renais, hormonais, tireóide, glicemia, colesterol e abordagens dobre a vida sexual.

Esta periodicidade anual é importante para que, caso a pessoa tenha câncer, ela seja diagnosticada o mais cedo possível, pois 90% dos pacientes com câncer de próstata em estágio inicial têm chances de cura completa. Arilson também ressaltou que a periodicidade das consultas se tornam ainda mais importantes, pois o câncer de próstata não apresenta sintomas.

“A maioria dos pacientes são assintomáticos, o câncer de próstata no início não dá sinal, então é por isso que insistimos com as consultas. 20% dos pacientes que têm câncer de próstata têm o PSA normal, então quer dizer que só fazer o exame de sangue não adianta para descobrir a doença. Então você tem que atrelar o exame de sangue ao exame físico que é o exame de toque, aí você contribui sobremaneira para que o cidadão ali na frente tenha a sua saúde preservada”.

Também acrescentou dizendo: “a nossa função em fazer essa detecção precoce é de darmos a oportunidade do cidadão de ter o maior arsenal possível de chances em favor dele, de forma que, quem pode operar opera e quem não puder não opera, e tem outros tratamentos. Então o nosso objetivo é falar: ‘Rapaz, vem logo e faça seu diagnóstico, pois você tem 90% de chances de cura’”.

 

Fatores que contribuem para o surgimento da doença

Dr. Arilson falou sobre os fatores que podem contribuir para o surgimento do câncer de próstata. Segundo ele, existem componentes genéticos e também de raça que contribuem com o surgimento da doença – pois, homens da raça negra têm maior probabilidade de ter o câncer de próstata – porém, a questão da alimentação tem influenciado muito. Ele explicou que, uma alimentação rica em gordura animal contribui para o aparecimento da doença.

Para ilustrar essa questão da alimentação, Dr. Arilson citou uma pesquisa: “Um estudo feito no Japão mostrou que os asiáticos têm a menor incidência de câncer de próstata. Mas, o que eles têm de diferente da gente além da cultura? Os hábitos alimentares. Eles consomem pouca gordura animal e muita carne branca. E quando uma colônia japonesa migrou para os Estados Unidos eles adquiriram os nossos hábitos americanos de alimentação, e com isso a incidência de câncer de próstata na colônia se igualou a incidência do americano nativo. Então, quando os hábitos deles foram alterados pela cultura ocidental, a doença se igualou. Então, a gente é o que come”.

 

“Procure o seu profissional de saúde, procure a rede de saúde [...]. Pois, a gente só pode transformar a vida de quem está apto a nos deixar entrar” – Arilson Júnior

Ao final da entrevista, Dr. Arilson ressaltou a importância das pessoas procurarem a rede pública de saúde, que está disponível de forma gratuita pra todos.

“Procure o seu profissional de saúde, procure a rede de saúde: o agente de saúde, o posto de saúde, o hospital do SUS. Pois, a gente só pode transformar a vida de quem está apto a nos deixar entrar e nós torcemos para que aquela pessoa que não conhecemos venha aqui. Mas, só podemos transformar a vida de quem realmente está com o coração aberto para que a gente possa contribuir pra isso. Então, a prevenção é o melhor caminho e a aceitação é um caminho inevitável”.

Arilson também comentou que os serviços de urologia que são oferecidos em Arcos, não são oferecidos em muitas outras cidades, com isso, ter esse atendimento de forma gratuita é uma grande oportunidade para o povo arcoense. Ele comentou que para solicitar o atendimento urológico, é necessário ir ao posto de saúde, ser encaminhado para a Fumusa que, em seguida, irá agendar a consulta com ele no Hospital Municipal São José.  

Dr. Arilson quis finalizar a entrevista convidando os homens para procurarem o atendimento urológico que é muito importante para a saúde do homem e para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Ele disse que se sente muito honrado em realizar este trabalho, pois assim, ele pode ajudar na qualidade de vida de muitas pessoas.

“A minha obrigação aqui é de alertar o cidadão, para que ele tenha a iniciativa de vir buscar a oportunidade do seu bem estar. Eu estou aqui para atender a demanda e para tentar realmente fazer a diferença na vida das pessoas”

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