• 19/04/2024
18 Maio 2020 às 15h50
Atualizada em 27/05/2022 às 14h29
Fonte de Informação: Rodrigo Gini

Hora e vez do plano 'B': atividades prejudicadas pela pandemia abrem espaço para a criatividade

DJs Junio Assisi e Pedro Siman apostaram na paixão pela gastronomia e encontraram caminho para o período da pandemia

   Atividades fixas, capazes de garantir o sustento e alguma tranquilidade profissional e financeira diante das agruras da economia brasileira. De repente, a pandemia do novo coronavírus, que suspendeu atividades e tem obrigado a população a permanecer em casa, saindo apenas para o essencial. Quem não tem a possibilidade de simplesmente adotar o home office se viu diante de um desafio inesperado. Criatividade e capacidade de adaptação entraram em jogo para pelo menos ajudar com as despesas mensais no período mais crítico. O resultado pode se transformar numa fonte complementar de renda e ajudar a movimentar um mercado que sugere uma recuperação lenta.

 

    Caso dos DJs Pedro Siman e Junio Assisi. Conhecidos na agitada vida noturna de Belo Horizonte pelo talento para garantir o som de festas e eventos com a música, eles se viram diante de uma situação em que reuniões e aglomerações demorarão a acontecer. Como eles mesmo definiram, em vez de chorar, preferiram vender lenços. E apostaram no que já faziam de forma menos frequente para trocar as picapes pela chapa. De onde saem sanduíches artesanais e pratos de street food que seguem com mensagens positivas para levar um pouco de calor humano.

Expansão


   Além do cuidado na produção (Pedro é formado em gastronomia e a dupla já fazia alguns eventos e participava de feiras), eles resolveram mergulhar de cabeça e têm feito vários cursos para aprimorar o delivery e a presença nas redes sociais. Se no primeiro fim de semana os clientes foram principalmente amigos e conhecidos, o que seria oferecido de sexta a domingo passou a incluir também as quintas-feiras com o movimento. E já há planos para expansão.

 

   “O começo foi meio complicado, principalmente com as entregas, mas estamos estudando e procurando melhorar a cada dia. Nós procuramos fazer uma coisa de muita qualidade, muito fresca. Era algo que nossas namoradas incentivavam a seguir, muita gente curtia, e o plano B se tornou plano A. Vai saber quando a noite vai voltar, e como; o mercado deve se prostituir bastante. Eu estou substituindo uma paixão pela outra, então me sinto muito bem”, revela Pedro.

 

Reivenção em dose dupla: 
da confecção aos doces

 

   No caso da empresária Vivian Nogueira, a crise a levou a se reinventar duas vezes. Dona de uma confecção, ela viu o movimento cair com as pessoas em casa e sem a necessidade de renovar o guarda-roupa. A primeira ideia foi produzir máscaras de proteção com temas divertidos, numa tentativa de tornar mais leve o momento tenso. Em seguida veio a chance de transformar em negócio o que era um costume antigo: o de fazer doces para consumo próprio. Alguns ajustes na receita, testes até encontrar o ponto e o brownie de pote com recheio de Leite Ninho e chocolate fez tanto sucesso que se esgota a cada fornada.

 

   “Já tem gente me perguntando e pedindo pra fazer mesmo quando as coisas voltarem ao normal, quem sabe? Era daquelas coisas que a família dizia que podia fazer para vender, mas nunca tive tempo pra investir. De repente a situação trouxe essa possibilidade. Agora é só preparar e esgota”, diz Vivian, que admite estar trabalhando sem parar, na produção e nas entregas. A publicidade veio nas redes sociais e nos grupos de venda dos bairros próximos ao São Pedro, onde mora.

 

Capacidade de adaptação será decisiva para superar a crise

 

   Para a analista de marketing do Sebrae Marina Moura, a capacidade de adaptação às mudanças no cenário econômico será um diferencial importante para bem além da pandemia. Ela lembra que as crises costumam proporcionar oportunidades e identifica algumas áreas que devem se manter aquecidas quando da retomada da normalidade. “Ensino a distância; nutrição e saúde e mesmo o entretenimento remoto vão viver um pico e se manter nele por um bom tempo. Tudo que seja adaptável para algo mais digital, remoto, tende a sobreviver. E por um bom período, quanto mais personalizado for o atendimento, mais rápido os clientes se sentirão seguros para voltar ao ambiente físico. É momento de construir relacionamento com os clientes”.

 

   A especialista dá exemplos de quem conseguiu enxergar o que pede o mercado e se adaptar para seguir em atividade. “Temos casos de motoristas de van que, sem alunos, estão transportando funcionários de supermercados. Ou de academias de ginástica apostando nas aulas online. Eles entenderam as oportunidades atuais, mesmo que voltem depois para as atividades de origem”. Ela destaca que há estudos mostrando que um cenário mais próximo da normalidade econômica pode vir apenas em janeiro ou fevereiro de 2021. “Não é a hora de ganhar mais dinheiro, e sim sobreviver e se adaptar ao novo modelo de negócios. Quem conseguir vai sair na frente”.

 

   Marina chama atenção para o fato de que muitos formatos de negócio tradicionais podem desaparecer, dando lugar a novas oportunidades. “O empreendedor tem de ter desprendimento, entender que o negócio dele pode não ser mais necessário no mercado do futuro e remodelar sua atividade em busca de algo que tenha demanda”. Neste aspecto, ela acredita que a pandemia vai acelerar a inclusão digital das empresas. Um reflexo é o aumento da procura pela qualificação oferecida pelo Sebrae. “As pessoas estão muito sedentas para entender sobre marketing digital e gestão financeira.

Ajuste


   Adaptação também é a condição detectada pelo professor Mário Rodarte, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG. Ele alerta para os primeiros sinais de retração mostrados na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), que monitora o desempenho da atividade econômica. 

 

   “O que pode ter interação social as pessoas vão evitar por um bom tempo. Mas alguns setores podem se transformar. Um restaurante pode se concentrar no delivery, o que vai demandar mais transporte e estimular essa atividade. A readaptação não será imediata, levará um tempo, mas deve acontecer. Os pequenos negócios precisarão se ajustar às novas necessidades, saindo de uma demanda que agora não existe”. 
 

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