• 29/03/2024
28 Janeiro 2020 às 16h36
Atualizada em 05/05/2020 às 03h35

Ministério da Saúde investiga suspeita de coronavírus em BH; alerta sobe para 'perigo iminente'

TANG CHHIN SOTHY/AFP

   O primeiro caso suspeito de incidência do coronavírus no Brasil é investigado em Minas Gerais. Trata-se de uma mulher de 22 anos que esteve em Wuhan, na China, e foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul de Belo Horizonte na última sexta-feira (24). O Ministério da Saúde confirmou, nesta terça-feira (28), que o caso é investigado pela pasta.

 

    Com isso, muda-se o nível de ativação do Centro de Operações de Emergência (COE) que, até essa segunda (27), era classificado como "estado de alerta" e, nesta terça, passa para o nível de "perigo iminente". A pasta também recomenda que viagens à China sejam feitas apenas em casos de necessidade.

 

   A escala do COE é de três níveis, sendo o nível 1, de alerta, ativado em caso de observação e monitoramento de casos de novo vírus ou doença em outros países. Já o nível 2, de perigo eminente, ocorre quando há um caso suspeito de um novo vírus ou doença no Brasil e, o nível 3, de emergência na saúde pública, ocorre se o caso for confirmado. 

 

    O que muda entre os níveis 1 e 2, segundo o ministro da Saúde Henrique Mandetta , "é que precisamos estar extremamente atentos agora". O objetivo é identificar se já há a circulação do vírus no país. Ainda conforme o Ministério da Saúde, foram registrados 7 mil rumores sobre o coronavírus no Brasil e 127 casos foram avaliados. Destes, 10 foram notificados e somente um é tratado como suspeito, o da paciente de Minas Gerais.

 

    A Secretaria de Estado de Saúde informou que, a mulher de 22 anos, foi transferida para o Hospital Eduardo de Menezes na noite dessa segunda (27) para ser acompanhada. Ela apresentava sintomas respiratórios e febre baixa. "A paciente passa bem, já recebeu atendimento e todas as providências foram tomadas", disse o órgão.

 

    Em coletiva nesta terça, Mandetta ainda estima que até esta sexta-feira (31) o caso, que se encaixa nos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), esteja esclarecido.

 

    A paciente já teve uma amostra de sangue recolhida e alguns exames estão sendo realizados na Fundação Ezequiel Dias (Funed), como os de detecção de Infuenza A e B, Adenovírus, Bocavírus, metapneumovírus, parainfluenza 1, parainfluenza 2, parainfluenza 3 e vírus sincicial respiratório. Já o exame específico capaz de identificar o coronavírus será realizado na Fiocruz. 

 

    Na China, o número de mortes causadas pela nova variante do coronavírus chegou a 106 depois que autoridades da província de Hubei anunciaram  24 mortes na manhã desta terça-feira (28). Autoridades de saúde daquele país afirmam que mais de 4 mil pessoas foram infectadas.

 

A doença

 

    Os coronavírus (CoV) são uma grande família viral, conhecidos desde meados dos anos 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Mas crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas podem sofrer complicações ao ter contato com vírus, que podem evoluir para um quadro de síndrome respiratória.

 

    Em 2002, quando uma região da China vivenciou uma epidemia de coronavírus, mais de 8 mil pessoas foram infectadas e houve registro de cerca de 770 mortes, referentes a casos em que a doença evoluiu para uma síndrome respiratória grave.

 

   A questão no momento é para um novo tipo de vírus da família corona que foi identificado pelas autoridades chinesas, atingindo moradores da região de Wuhan, mas não se sabe ainda qual seria o animal que seria o reservatório (ou seja, onde o vírus se multiplica). Verificou-se que o novo vírus provocou problemas respiratórios de maior gravidade em idosos.  

 

    Como a transmissão se dá de maneira fácil (tosse, espirro, contato pessoal, como aperto de mão, contato com superfícies contaminadas), a da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) fez um alerta internacional, especialmente para os países asiáticos.

 

    Para monitorar uma possível chegada do vírus no Brasil, o Governo Federal brasileiro adotou diversas ações como: a notificação da área de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); a notificação da área de Vigilância Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); e a notificação às Secretarias de Saúde dos Estados e municípios.

 

Cuidados

 

    Os sintomas do coronavírus são muito parecidos com os da gripe: coriza, dor de garganta, febre, dificuldade para respirar, desconforto intestinal. O tratamento também é o mesmo dado a outras doenças virais transmitidas pelo ar, como reforço na hidratação, repouso e medicação para febre. O período de incubação desse vírus é de 14 dias.

 

    Para se prevenir contra o coronavírus, deve-se ter uma atenção redobrada em relação à higiene: lave bem as mãos, não compartilhe objetos de uso pessoal, mantenha os ambientes bem ventilados, evite contato com quem apresenta sintomas de doença respiratória. O Ministério da Saúde recomenda ainda evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

 

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