• 29/03/2024
21 Novembro 2019 às 16h55
Atualizada em 03/05/2020 às 23h52

Como vai a nossa cultura?

Em tempos de relativismo absoluto, um conceito tão amplo como o termo “cultura “, obviamente não iria passar batido ante à patrulha relativista. Quando tratamos da parte de “cultura" que diz respeito à arte então, a confusão ultrapassa todos os limites.

 

Afinal, como é possível a coexistência pacífica de conceitos como “alta-cultura”, “cultura pop", “cultura de massa"? Existe uma cultura melhor do que a outra? O que é arte e o que não é? Existe arte boa e arte ruim? Em tempos de polarização política aflorada, é possível responder essas perguntas sem que o debate descambe para o tradicional Fla-Flu político? Eu digo que sim, desde que haja coerência no debate.

 

É onipresente nas redes sociais a expressão “cultura não é só o que você gosta”...é algo muito bonito no papel, mas é muito complicado e cruel na prática, querer privar determinados setores da sociedade de terem acesso a artes reconhecidamente belas e edificantes, sob o pretexto de que tais artes não refletem o cotidiano e a realidade dessas pessoas. E o papo de “inclusão”? Afinal a tal “inserção cultural” só funciona de forma reversa? Só funciona quando o “Funk Carioca" sai do seu habitat natural para ser deglutido a força por pessoas que não têm a menor noção do contexto em que ele é gerado?

 

Chegamos num ponto onde a evolução artística se estagnou tanto quanto o pensamento em geral. A partir do momento em que, sob o pretexto de “inclusão”, não é mais necessário aprender a cantar e tocar um instrumento para se fazer música, essa arte (como tantas outras vítimas do processo relativista) está fadada à um processo irreversível de involução.

 

Os escravos negros do passado, que converteram seus sofrimentos em arte e nos brindaram com maravilhas como o Jazz, o Blues e o Samba, chorariam se soubessem o que estão fazendo com a primeira arte em nome de uma pretensa “justiça social”.

 

Senhores portadores desse discurso que diz que “tudo é arte", “tudo é bom", sejam coerentes e solidários com as pessoas que vocês querem privar de conhecer Beethoven, Da Vinci, Michelangelo, Beatles, etc... joguem fora suas coleções de Standards do Jazz , Rock clássico, MPB e comecem a escutar Anita, MC sei lá o quê e afins. O dia em que isso acontecer, talvez esse debate evolua.

Colunista
Gabriel Melo

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